ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO FITOQUÍMICA DOS EXTRATOS OBTIDOS DO TALO E DAS FOLHAS DO SALSÃO (Apium graveolens L.)
AUTORES: Santos, A. (UTFPR- CAMPUS TOLEDO) ; Martendal, J.M.P. (UTFPR- CAMPUS TOLEDO) ; Lobo, V.S. (UTFPR- CAMPUS TOLEDO)
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo a caracterização e comparação fitoquímica dos
grupos de ativos
naturais presentes no talo e nas folhas do salsão e a obtenção do rendimento dos
extratos. Foram obtidos extratos dos talos e das folhas do salsão separadamente
pelo método de maceração em álcool 80% e a caracterização fitoquímica foi
realizada de acordo com a metodologia descrita por BARBOSA (2004). Dos seis
grupos
de ativos naturais investigados, três apresentaram resultado positivo:
flavonoides, ácidos orgânicos e taninos condensados e o extrato foliar foi o
que
apresentou maior rendimento.
PALAVRAS CHAVES: salsão; análise fitoquimica; Apium graveolens L.
INTRODUÇÃO: O emprego de produtos naturais com propriedades terapêuticas acontece desde a
antiguidade, e foi por um bom tempo a principal fonte de medicamentos (RATES,
2001). Atualmente os produtos naturais são responsáveis por aproximadamente 40%
de todos os medicamentos prescritos (YUNES; CALIXTO, 2001).
O interesse em terapia alternativa e produtos naturais vêm aumentando, devido à
ineficiência de fármacos sintéticos para algumas doenças, alto custo de
tratamento farmacológico, efeitos colaterais, dificuldade da indústria
farmacêutica em sintetizar novos medicamentos, entre muitos outros motivos
(RATES, 2001).
As plantas são fontes importantes de produtos naturais com ativos biológicos,
muitos dos quais são usados na síntese de medicamentos (WALL; WANI, 1996).
O aipo (Apium graveolens L.), conhecido também como salsão, de origem europeia,
é uma planta da família Apiaceae, com ciclo bienal. Possui formato semelhante à
salsa, mas com tamanho superior. Toda a planta é consumida, as raízes, no
preparo de caldos e sopas, os talos são usados em saladas e sucos, e suas
folhas, como condimento, também é muito usado na medicina popular. Alguns
estudos realizados mostram que o aipo é rico em sais minerais: sódio, ferro e
potássio; vitaminas: A, complexo B, C (WOLSKI; DYDUCH; NAJDA, 2002).
O objetivo deste trabalho foi investigar e comparar o perfil fitoquímico dos
extratos hidroalcoólicos obtidos do talo e das folhas do salsão. Os grupos de
ativos naturais pesquisados foram: alcaloides, flavonoides, ácidos orgânicos,
taninos condensados e hidrolisaveis e antraquinonas. Também se calculou o
rendimento.
MATERIAL E MÉTODOS: O salsão foi obtido na feira do produtor rural no município de Cascavel- PR,
durante o mês de novembro.
Os talos e as folhas da planta fresca foram submetidos à extração por maceração
separadamente, utilizando 40g de material vegetal em 100 mL de etanol 80% por 24
horas. Os extratos obtidos foram filtrados em papel filtro e concentrados em
rotaevaporador a 60ºC e, posteriormente levados à estufa 60ºC para secagem total
do solvente. Após a obtenção dos extratos secos foi possível determinar o
rendimento.
A análise fitoquímica foi realizada de acordo com a metodologia descrita por
BARBOSA (2004). Foram pesquisados alcaloides, flavonoides, ácidos orgânicos,
taninos hidrolisáveis e condensados e antraquinonas.
Para análise de taninos foi empregado a solução de cloreto férrico a 1%,
formação de precipitado de tonalidade azul indica a presença de taninos
hidrolisáveis, verde, taninos condensados.
Para ácidos orgânicos, foi utilizado o reativo de Pascová, o resultado positivo
é indicado pela descoloração do reagente quando adicionado à solução aquosa do
extrato.
Para o teste de alcaloides foram utilizados os reativos de Dragendorff e Mayer,
sendo resultado positivo quando ocorre formação de precipitado vermelho tijolo e
precipitado branco respectivamente.
Para o teste de flavonoides foi realizado a reação de Shinoda, desenvolvimento
de cor parda a vermelha indica reação positiva.Para as antraquinonas, foram
dissolvidos alguns miligramas do extrato seco em 5 mL de tolueno e,
posteriormente, adicionado 2 mL de solução de hidróxido de amônio á 10%,
desenvolvimento de coloração rósea, vermelha ou violeta na fase aquosa, indica
resultado positivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após a obtenção dos extratos secos foram calculados os rendimentos. Os
rendimentos
foram de 0,80% e 0,61% para os extratos obtidos das folhas e do talo
respectivamente.
Para o teste de taninos, ocorreu formação de precipitado de coloração verde
escuro indicando a presença de taninos condensados, onde para o extrato obtido
das folhas apresentou coloração mais intensa do que para o extrato obtido do
talo. Para o teste de identificação de alcalóides não houve formação de
precipitado para ambos os extratos, sendo resultado negativo. Para a análise de
antraquinonas, o resultado também foi negativo, pois a fase aquosa permaneceu
incolor. Para ácidos orgânicos o resultado foi positivo para ambos os extratos,
onde, o extrato foliar apresentou resultado com maior intensidade. Para os
flavonoides, o resultado foi positivo para ambos os extratos, com resultado mais
intenso para o extrato foliar.
Os resultados obtidos na prospecção fitoquímica estão apresentados na Tabela 1.
De acordo com alguns estudos, os principais responsáveis pela atividade
antioxidante dos vegetais são os compostos fenólicos (NIKI et al., 2005), sendo
assim pode-se afirmar que o salsão é fonte de antioxidantes uma vez que
apresentou resultado positivo para três grupos fenólicos: ácidos orgânicos,
flavonoides e taninos condensados que desempenham papel importante na atividade
antioxidante.
Tabela 1. Resultado da caracterização fitoquímica dos extratos obtidos
CONCLUSÕES: Com a caracterização fitoquímica foi possível identificar importantes grupos de
ativos naturais presentes no salsão, como ácidos orgânicos, flavonoides e taninos
condensados que atuam como antioxidantes, também foi possível observar, através
da intensidade das reações, que há diferença no teor de componentes de acordo com
cada parte da planta.
AGRADECIMENTOS: A UTFPR Campus Toledo e À Fundação Araucária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARBOSA, Wagner Luis R. 2004. Manual para análise fitoquímica e cromatografia de extratos vegetais. Revista cientifica da Universidade federal do Pará, v. 4.
NIKI, E.; YOSHIDA, Y.; SAITO, Y.; NOGUCHI, N. 2005. Lipid peroxidation: Mechanisms, inhibition, and biological effects. Biochemical and Biophysical Research Communications, Califórnia, n. 1, 338:668-676.
RATES, S. M. K. 2001. Plants as source of drugs. Toxicon, 39:603–613.
WALL, M.; WANI, M. 1996. Camptothecin and taxol: from discovery to clinic. Journal of Ethnopharmacology, 51:239-254.
WOLSKI, T.; DYDUCH, J.; NAJDA, A. 2002. Evaluation of content and composition of phenolic acids and tannins in leaf dry matter of two celery cultivars (Apium graveolens L. Var. Dulce mill. Pers.). Journal of Polish Agricultural universities, v. 5.
YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. 2001. Plantas Medicinais: sob a ótica da Química Medicinal Moderna. Chapecó: Argos editora Universitária.