ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: TESTE DE EFICIÊNCIA DO EXTRATO AQUOSO DA BANANEIRA, CONTENDO TANINOS, PARA REMOÇÃO DE METAIS DE SOLUÇÕES EM COMPARAÇÃO COM OUTROS MÉTODOS.

AUTORES: Santos, G.C. (UECE) ; Felix, J.E.M. (UFC) ; Vasconcellos, L.C.G. (UFC)

RESUMO: Este trabalho consiste em testar a eficiência do extrato aquoso da bananeira, contendo taninos, em remover metais de efluentes, tendo como teste prévio uma amostra de uma solução padrão do primeiro e do terceiro grupo de cátions da química analitica, para posterioremente ser utilizado uma amostra de um corpo hidrico real. Para se comparar a eficiencia de retirar metais da solução foi realizado adições, nas mesmas condições do extrato aquoso, de carbonato de cálcio e da silica mesoporosa-16 nas amostra e feitas as seguintes analises: ICP-EOS, dureza, DQO, pH, cor e turbidez. Os resultados apresentaram valores, como DQO, pH, cor e turbidez com niveis abaixo dos recomendados pela CONAMA-450

PALAVRAS CHAVES: Extrato da bananeira; taninos da bananeira; teste de eficiencia

INTRODUÇÃO: Este trabalho consiste em testar a eficiência do extrato aquoso da bananeira, contendo taninos, em remover metais de efluentes, em comparação com o carbonato de cálcio e com a silica mesoporosa SBA-16. Estudos revelaram que a planta contém 5-hidroxitriptamina (de propriedades vasoconstritivas e inseticidas), ácido caprílico (de ação fungicida e pesticida), canferol (de propriedades antibacterianas), açúcares, ácido gálico, serotonina e compostos com ação anti-hiperglicemiante, todos com ação quelante e/ou adsorvente de metais(HELDT, 1997). O pseudocolmo e as folhas contém compostos polifenólicos (metabólitos secundários da planta, que possuem ação quelante em metais), entre eles taninos, leucodelfinidina e leucocianidina, além de mucilagens, dopamina, noradrenalina, desoxixantimidina, nitrato de potássio e de magnésio, elevada quantidade de matéria mineral, aminofenóis (com ação vasoconstritora), fibras, carboidratos, clorofila, cálcio, fósforo, α-tocoferol, ácido ascórbico, 3-caroteno, niacina e sílica (SCALBERT, 1991). O seu extrato aquoso apresentará todos os compostos solúveis citados, mas apresentará em maior quantidades (73%) o ácido gálico, o ácido caprílico, o canferol e compostos polifenólicos, que são os compostos de interesse desse trabalho, que se encontram em maior quantidade nas folhas da planta (CALDEIRA, 1998). Este extrato aquoso é adicionado uma amostra de metais e a solução resultante é levada a analise de metais para verificar sua eficiência em remoção de metais, podendo assim gerar um método complementar, alternativo e barato de limpeza de efluentes.

MATERIAL E MÉTODOS: Da parte a bananeira colhida, nesse caso as folhas, foram macerados 10 g em 50 mL de água e deixado em repouso por 1 dia para a total saturação da solução (FIGURA 1a). A solução obtida da amostra da bananeira pela pressão da maceração contêm principalmente taninos e flavonoides, também estão presentes celulose, clorofila, açucares dentre outros compostos em sua maioria insolúvel (CALDEIRA, 2011). Ao adicionar água a amostra macerada das folhas obtem-se um extrato aquoso de taninos hidrolisados, com algumas impurezas. As folhas da bananeira foram colhidas dos domínios da UECE, pertencentes ao bairro Itapery, Fortaleza-CE, às 7 horas da manhã no período de inverno (entre 21 de junho e 21 setembro) de 2011. O extrato aquoso das folhas da bananeira é adicionado a amostra de metais padrão do 1º e do 3º grupo de cations da química analitica. para verificar a eficiência de sua ação quelante de metais pesados e sua contribuição no pH, DQO, Dureza, turbidez e cor da solução (Figura 1b). Em torno de 0,5 mL do extrato foi adicionado a solução, o precipitado e o sobrenadante são separados e o sobrenadante é levado aos seguintes testes analíticos: pH (PHB-500), ICP-EOS(OPTIMA 2000DV – Perkin Elmer), DQO (U2000 - HITACHI), Dureza total, turbidez (2100P - HACH) e cor (DM-cor Minolta CR300 - Tokyo). Em uma outra aliquota de 10 mL da amostra de metais foram adicionados CaCO3 e Silica SBA-16 e feitos os mesmo teste, para um estudo comparativo. De uma amostra do açude Santo Anastácio, pertencente a UFC, foram seguidos os mesmo métodos e analises para teste em um corpo hidrico real.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foi adotado a nomenclatura de M para a amostra de metais, MC para a adição de CaCO3, MT para a adição dos taninos (polímeros de ácido gálico, C6H2(OH)3COOH) , MS para a adição de sílica SBA-16 (SiO2) e MCS para a adição do CaCO3 e sílica SBA-16. Cada adição feita em M teve eficiência na remoção de metais (Gráfico 1) e na redução de parâmetros adotados pela CONAMA-450 (Tabela 1). Todas as adições feitas (MC, MT, MCS e MS) para verificar a retirada de metais da solução M apresentaram eficiência entre 40% e 65%(Gráfico 1), sendo que as adições também contribuíam na mudança dos parâmetros do sistema (Tabela 1), como por exemplo. A adição de CaCO3 (MC), aumentou o pH em M de 5,9 para 9,1, enquanto que a adição do tanino (MT) diminiu o pH em M de 5,9 para 5,4. Todas as adições contribuíram para a redução da DQO (Tabela 1), indicativo da remoção de compostos oxidáveis da amostra, nesse caso, metais. A sílica (MS) apresentou melhoras em todos os parâmetros(Gráfico 1), salvo a turbidez que aumentou em 20 % (Tabela 1) comparado com M, consequência de terem moléculas de sílica em suspensão. De um modo geral todos os compostos adicionados retiraram os metais da solução (Tabela 1), alguns mais do que outros, como por exemplo a adição de cálcio MC, retirou mais Ni2+ da solução do que a adição do tanino (MT). Da mesma forma o tanino retirou mais eficientemente o Zn2+ e o Pb2+ da solução do que a adição de CaCO3 (MC). A sílica (MS) não se mostrou eficiente na retirada de Al3+ nem de Zn2+, possivelmente devido ao tamanho de seus cátions, diferente do ferro que foi quase que completamente retirado da solução pela sílica (Gráfico 1). O uso conjunto do cálcio e sílica (MCS) se mostrou mais eficiente do que as adições isoladas, salvo a exceção do Fe+2.

Figura 1

(a): esquema de preparo do extrato aquoso da bananeira. (b): esquema de adição do extrato na amostra de metais.

Tabela 1 ; Gráfico 1

Resultados das adições feita na amostra de metais e os parametros adotados pela CONAMA-450.

CONCLUSÕES: A adição do extrato aquoso da bananeira, se tornou tão eficiente quanto os demais compostos já usados para remoção de metais. Para o Zn2+ e o Pb+2 a adição de tanino se mostrou mais eficiente do que as outras adições, assim como a dureza que diminui mais em comparação aos outros compostos testados. Os taninos da bananeira, provem de uma fonte mais barata, tornando assim uma opção viável para o uso em tratamentos de efluentes. Estudos futuros podem ser feitos para se ter a otimização da adição de taninos sem que se atinja concentrações em que o tanino passe a ser o poluente.

AGRADECIMENTOS: Ao meu orientador pelo apoio e auxílio de sempre.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CALDEIRA, M. V. W.; WENDLING, I.; PENCHEL, R. M.; GONÇALVES, E. de O.; KRATZ, D.; TRAZZI, P. A. Principais tipos e componentes de substratos para produção de mudas de espécies florestais. Contexto e perspectivas da área florestal no Brasil. Alegre: Suprema, p. 51-100, 2011.
HELDT, H.; Plant Biochemistry and Molecular Biology, University Press: Oxford, 1997.
JARDIM, W.F.; MOZETO, A.A.; UMBUZEIRO, G.A.; Métodos de Coleta, Análises Físico-Químicas e Ensaios Biológicos e Ecotoxicológicos de Sedimentos de Água Doce. Cubo editora. 224 páginas, 2006.
JARDIM, W.F.; SODRÉ, F.F.; Desempenho analítico de laboratórios prestadores de serviço na determinação de metais em águas. Quim. Nova, v. 32, p. 1083-1088, 2009.
SCALBERT, A.; Phytochemistry, v 30, p 3875, 1991.