ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: SEGURANÇA QUÍMICA EM LABORATÓRIOS DE ESCOLAS TÉCNICAS DO RIO DE JANEIRO: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

AUTORES: Brito, A.S. (IFRJ) ; Almeida, M.C.H. (IFRJ) ; Fonseca, S.M. (IFRJ) ; Messeder, J.C. (IFRJ)

RESUMO: O objetivo da pesquisa foi avaliar a perspectiva da segurança química em laboratórios de ensino, tendo como amostragem escolas técnicas do Rio de Janeiro, para verificar o nível de conhecimento de professores e alunos a respeito do tema e a preocupação para o cumprimento das principais normas de segurança. Alunas do curso de Licenciatura em Química do IFRJ realizaram uma investigação inicial junto a professores que ministram aulas em laboratório e a alunos dos cursos técnicos em Química. Embora haja consciência sobre segurança na formação dos técnicos, o tema ainda não é tratado com a devida importância. Os resultados indicam a necessidade de maior preocupação por parte das autoridades escolares, no que diz respeito à responsabilidade em fiscalizar e orientar todos às normas de segurança.

PALAVRAS CHAVES: segurança química; aulas em laboratórios; cursos técnicos

INTRODUÇÃO: As atividades laboratoriais se evidenciam de grande importância na formação dos profissionais de química, já que em tais atividades o aluno tem oportunidade de articular conhecimentos teóricos e práticos, construir um pensamento químico, reelaborar conceitos e desenvolver metodologias de cunho científico. Por outro lado, os laboratórios são lugares que apresentam alto potencial de acidentes, pela especificidade do trabalho que pressupõe a presença de diversas substâncias letais, podendo também gerar sérios problemas sócios ambientais (SILVA, 2007). Medidas de segurança podem ser tomadas a fim de controlar e minimizar esses tipos de riscos que se encontram não só em laboratórios industriais, mas nos de ensino (MACHADO, 2008). Os problemas com a segurança química podem ser relacionados normalmente com as causas mais comuns: engenharia, limitações das infra-estruturas existentes nos laboratórios; proteção individual e coletiva, falta de equipamentos disponíveis e a prática laboratorial, relacionada com os procedimentos operacionais. Para este último, pode-se destacar como causa principal a formação de professores, que talvez seja o maior desafio das inúmeras deficiências do ensino atual. Há pelo menos um local onde a formação deve ser objeto de contínua reflexão e melhoria, em outras palavras, ser investigada: a universidade (HARRES, 2005). Esta pesquisa teve por objetivo principal avaliar a perspectiva da segurança química em laboratórios de ensino, tendo como amostragem as escolas técnicas do Rio de Janeiro. Pretendeu-se verificar o nível de domínio sobre o conhecimento de professores e alunos a respeito do tema, a preocupação para o cumprimento das principais normas de segurança por parte das instituições visitadas e apresentar os principais problemas encontrados.

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa teve como base uma investigação orientada pelos padrões da pesquisa qualitativa (LÜDKE E ANDRÉ, 1986). Enveredamos pela análise qualitativa uma vez que esta se adapta melhor ao tipo de investigação realizada visto que, possuíamos uma amostra reduzida e, portanto, não se molda a freqüências suficientemente elevadas para que os cálculos de uma análise frequencial fossem possíveis. A utilização de laboratórios escolares exige cuidados especiais por diversos aspectos que, entre os quais, salientamos: inadequação do ambiente, grande número de alunos em sala, inexperiência e agitação típicas dos adolescentes (MACHADO, 2008). Neste trabalho foram desenvolvidos dois tipos de pesquisa: primeiramente a pesquisa teórica, onde foram apresentados conceitos envolvendo informações e normas sobre segurança química abordando em laboratórios, posteriormente a pesquisa de campo realizada por meio de visitas direcionadas especificamente as escolas que oferecem o curso de técnico em Química no estado do Rio de Janeiro. Nessa etapa da pesquisa, alunas do curso de licenciatura em Química do IFRJ utilizaram questionários específicos destinados aos professores que ministram aulas experimentais em laboratório e aos alunos do último período do curso técnico de Química. Foram visitadas três instituições de ensino técnico-médio num período de 20 dias, sendo 1 instituição privada e 2 instituições públicas e para cada instituição foi realizada uma análise criteriosa dos laboratórios onde eram realizadas as aulas experimentais. Através de análise quantitativa dos questionários destinados aos alunos (36 no total) obtivemos 53% dos alunos provenientes de escola públicas e 47% de escolas particulares.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com o questionário aplicado, 100% dos alunos possuem disciplinas em seu curso que tratam especificamente de segurança química, onde se exige todo o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI's básicos nas aulas experimentais. Quanto à questão do treinamento de primeiros socorros serem passado aos alunos durante seu curso técnico, apenas uma instituição havia dado o conteúdo, contabilizando somente 19% dos alunos. Com relação à avaliação dos alunos na questão dos professores estarem preparados para lidar com acidentes durante as aulas experimentais, 75% acreditam nesta afirmativa. 89% dos alunos acreditam ter obtidos conhecimentos suficientes sobre segurança química durante sua formação técnica. De acordo com 72% dos alunos, ao fim das aulas experimentais são seguidas as normas de tratamento de resíduos, separando-os em frascos rotulados destinados a empresas que realizam o tratamento específico desse material. Com relação à formação dos professores para conteúdos específicos de segurança química, apenas 17% possuem algum tipo de conhecimento obtido em cursos de qualificação. O restante mencionou que tais conhecimentos provinham apenas das suas disciplinas experimentais na graduação. Com relação aos EPI's: o jaleco é o mais exigido pelos professores (100% das respostas), porém os demais, como óculos de segurança (75%) e calçados adequados (50%) não são exigidos rigorosamente pelo professor como forma de segurança efetiva dos alunos dentro dos laboratórios. A questão do treinamento de primeiros socorros também foi colocada aos professores, e 83% alegaram possuir treinamento em primeiros socorros com certificação. Já o restante, acredita que o assunto não foi sido muito abordado durante a formação e que era preciso rever a importância do mesmo.

CONCLUSÕES: Observou-se que a consciência sobre segurança está presente na formação dos técnicos em química. Porém, o tema ainda não é tratado com o caráter devido. Apesar dos resultados serem reflexo de uma pequena amostragem das instituições do Rio de Janeiro, acredita-se que em outras instituições do estado e do país os mesmos problemas sejam observados. É importante que as instituições de ensino técnico e de cursos superiores na área de Química, elaborem comissões de segurança de laboratórios de ensino, afim de que as mesmas se responsabilizem em fiscalizar e orientar todos às normas de segurança.

AGRADECIMENTOS: Às instituições que participaram do projeto pelo espaço cedido, e a todos os professores e estudantes pela contribuição em responder aos questionários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: HARRES, J.B.S.; PIZZATO, M.; HENZ, T.; FONSECA, M.C.; PREDEBON, F.; SEBASTIANY, A.P. (Org.) Laboratórios de Ensino: inovação curricular na formação de professores de ciências. São Paulo: ESETec Editores Associados. 2005.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU. 1986.
MACHADO, P.F.L.; MÓL, G. S. Experimentando Química com Segurança. Revista Química Nova na Escola, n. 27, Fevereiro 2008.
SILVA, R. M. G.; FURTADO. S. T. F.; SILVA. C. V. Biossegurança no laboratório de química: Um estudo de caso. Revista Biológica, São Paulo, v. 6, p. 23-30, jan/jun. 2008.