ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM E O RENDIMENTO ACADÊMICO DOS ESTUDANTES DE QUIMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
AUTORES: Sena, D.N. (DETAL -UFC) ; Amaral, A.E.G. (DETAL -UFC) ; Silva, A.M.M. (DETAL -UFC) ; Almeida, M.M.B. (DQAFQ-UFC) ; Lopes, M.F.G. (DQAFQ-UFC)
RESUMO: O presente trabalho visa estudar as relações entre os níveis de autonomia na
aprendizagem e o rendimento acadêmico dos estudantes de Química e Engenharia de
Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC). Os dados foram colhidos e
analisados através de estatística simples, usando uma amostra aleatória
estratificada de 145 alunos de Engenharia de Alimentos e 120 alunos de Química-
Bacharelado. Concluiu-se que, de modo geral, os educandos estão mais dedicados a
desenvolver sua própria autonomia no processo de aprendizagem, priorizando uma
atitude independente e investigativa, não dependendo inteiramente do professor
para adquirir seus conhecimentos, mas tendo este como um ponto de apoio.
PALAVRAS CHAVES: Autonomia na aprendizagem; estudo extraclasse; grupos de estudo
INTRODUÇÃO: As pesquisas na área de educação química concentram-se no processo de ensino-
aprendizagem, estando envolvida com interações de pessoas (alunos e professores)
e com a dinâmica do conhecimento nas aulas de Química (SCHNETZLER e ARAGÃO,
1995) (SCHNETZLER, 2004). É preocupação do educador que o educando aprenda e se
desenvolva individual e coletivamente. Buscando-se a definição de autonomia que
significa “capacidade de governar a si mesmo” (HOUAISS, 2004), nota-se que um
indivíduo autônomo é capaz de administrar seus compromissos e, neste caso, sua
aprendizagem. A autonomia finda com o paradigma das respostas prontas, dos
métodos tradicionais e da postura passiva dos alunos. Paulo Freire (1996) aborda
o conceito de autonomia como a capacidade do aprendiz para transformar o que lhe
foi ensinado, construir e reconstruir seu próprio aprendizado. Segundo Freire,
o ponto crucial da prática docente é o bom senso, pois fará com que o professor
respeite a autonomia, a dignidade e a identidade do educando. O autor diz ainda
que o educador deve instigar a curiosidade do discente, fazendo dela uma
ferramenta em favor da construção do conhecimento. A partir da perspectiva
colocada por Preti (2005), não existe separação entre o ser autônomo e o ser que
trabalha em conjunto, colaborativamente. Neste sentido, o aluno precisa
desenvolver atitudes que promovam a inter-aprendizagem e a pesquisa, estando
disposto e motivado a empreender ações que viabilizem seu acesso ao
conhecimento, sendo o professor o intermediário desse amadurecimento e da
construção dessa autonomia (LIMA, 2010). Em vista do exposto, o presente
trabalho busca estudar a relação entre o nível de autonomia e o rendimento
acadêmico dos estudantes de Química e Engenharia de Alimentos da Universidade
Federal do Ceará.
MATERIAL E MÉTODOS: A população para esse estudo foi composta por estudantes dos cursos de Química-
Bacharelado e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC),
utilizando amostra aleatória estratificada, constituída de 292 alunos da UFC,
onde 145 foram do curso de Engenharia de Alimentos e 120 do curso de Química,
tendo a pesquisa uma margem de erro de 5% e uma confiança de 95%. Inicialmente,
a pesquisa foi realizada mediante observações através de acompanhamento mais
efetivo desses educandos por parte do professor e dos monitores, objetivando
verificar o grau de autonomia e o espírito de colaboração entre os alunos a ser
investigados. Depois de algumas aulas foi aplicado um questionário a esses
alunos, abordando temas tais como: como voçê avalia a importância do estudo
extraclasse? Qual a contribuição do estudo extraclasse para o desenvolvimento da
sua aprendizagem? Como o estudo em grupo/individual/somente em casa afeta seu
rendimento acadêmico? Quantas horas semanais dedica ao estudo individual/grupo
extraclasse? Quantas reprovações tem em seu histórico escolar? A coleta de dados
foi realizada através da aplicação desse questionário por três universitárias
previamente treinadas. Os estudantes foram abordados em sala de aula e, os que
aceitaram, responderam ao formulário. Após a aplicação do questionário,
estudaram-se as respostas, elaboraram-se gráficos a fim de compreender melhor o
que ocorreu com a relação ao grau de autonomia da aprendizagem desses educandos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com os dados obtidos na pesquisa, verificou-se que, segundo 54,9% dos
estudantes entrevistados, o estudo extraclasse em grupo é considerado
importante, 36,3% o julgam muito importante e apenas 8,8% dizem que o estudo
extraclasse em grupo é pouco importante. Quanto à importância do estudo
extraclasse, seja ele em grupo ou individual, para o desenvolvimento da
autonomia do estudante, 63% dizem que este contribui muito, 32,5% dizem que sua
contribuição é razoável e somente 4,5% dizem que não há contribuição. Quando os
alunos foram questionados sobre a participação em grupos de estudo extraclasse,
observaram-se diferentes características entre os cursos: entre os alunos de
Engenharia de Alimentos, 68,5% participam de algum grupo de estudo, e
curiosamente 41,7% desses dizem que, mesmo não participando de um grupo de
estudo, obtém rendimento mais satisfatório quando estudam em grupo. Já entre os
alunos de Química, apenas 30% participam de algum grupo de estudo. Nos alunos de
Engenharia de Alimentos 55,3% disseram que obtém rendimento acadêmico mais
satisfatório quando estudam em grupo, 39,5% quando estudam individualmente e
5,3% quando estudam somente em sala de aula. Entre os alunos de Química 50%
dizem que obtém rendimento acadêmico mais satisfatório quando estudam em grupo e
47,5% quando estudam individualmente, e apenas 10% afirmam obter rendimento
acadêmico mais satisfatório quando estudam apenas em sala de aula.
Gráfico 1: Comparativo das horas dedicadas ao estudo extra classe indi
Percentual de alunos que dedicam uma determinada
carga horária ao estudo individual separados de
acordo com o número de reprovações.
Gráfico 2: Comparativo das horas dedicadas ao estudo extra classe em g
Percentual de alunos que dedicam uma determinada
carga horária ao estudo em grupo separados de acordo
com o número de reprovações.
CONCLUSÕES: Concluímos que para estudantes entrevistados, o estudo extraclasse é importante ou
muito importante e que de forma geral, quanto mais horas dedicada e principalmente
quando realizado em grupo, melhor a fixação dos conhecimentos adquiridos.
Evidências mostraram que a própria aplicação dos instrumentos de auto avaliação é
capaz de deflagrar no estudante o processo de motivação para re orientar e
aperfeiçoar comportamento de aprendiz autônomo. Assim, autonomia apresenta-se como
um requisito primordial na aprendizagem, priorizando uma atitude independente e
investigativa por parte dos educandos.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, 146p.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004, p.78.
LIMA, J.M.; SILVA, C.V.A.P.; PAIVA, C.M. Autonomia em Educação a Distancia: relatos da prática de tutoria na disciplina Fundamentos Psicológicos da Educação em dois cursos de licenciatura da UFPB virtual. In: 16° CIAED Congresso Internacional ABED de Educação a Distância, 2010 Foz do Iguaçu. Anais do 16° CIAED Congresso Internacional ABED de Educação a Distância, Foz do Iguaçu, 2010.
PRETI, O. Autonomia do Aprendiz na Educação a Distância: significados e dimensões. Cuiabá: UFMT/NEAD, 2005.
SCHNETZLER, R. P. 2004. Pesquisa no ensino de Química e a importância da Química Nova na Escola. Química Nova na Escola, 20: 49-53.
SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R. M. R. 1995. Importância, sentido e contribuições de pesquisas para o ensino de química. Química Nova na Escola, 1: 27-31.