ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE SÃO MATEUS/ES A RESPEITO DOS RESÍDUOS GERADOS NAS AULAS EXPERIMENTAIS DE QUÍMICA.

AUTORES: Xavier Baliza, P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Furlan Mendes, A.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Dantas da Silva, T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO) ; Moraes de Oliveira, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO)

RESUMO: Através de questionários aplicados aos professores e alunos de uma escola pública de São Mateus/ES, procurou-se obter informações sobre as condições do laboratório de Química e do tratamento dos resíduos gerados ao final das aulas práticas. Esta pesquisa mostrou que as aulas são realizadas esporadicamente e na grande maioria de forma demonstrativa. Os professores afirmaram que fazem com os alunos uma reflexão durante as aulas sobre o tratamento dos resíduos gerados. No entanto, os resíduos gerados são descartados na maioria das vezes na pia. A reflexão em sala de aula sobre as consequências que os resíduos causam ao meio ambiente despertou nos alunos uma maior conscientização, pois todos os entrevistados responderam que acham importante tratar os resíduos antes do descarte.

PALAVRAS CHAVES: Aulas experimentais; Resíduos químicos; Meio ambiente

INTRODUÇÃO: No estudo de ciências, tem-se buscado atribuir um papel à experimentação, inserindo-a no contexto do aluno de maneira que ele possa vivenciar uma teoria anteriormente estudada. A experimentação no ensino de Química tem sido defendida por diversos autores, pois constitui um recurso pedagógico importante que pode auxiliar na construção de conceitos (FERREIRA, 2010). O ensino de química deve desenvolver nos alunos a capacidade de compreender os fenômenos químicos presente em seu dia-a-dia. Assim, a realização de experimentos ajuda a aproximar a química vista na sala de aula ao cotidiano dos alunos, tornando as aulas mais dinâmicas. As atividades experimentais em Química, em sua grande maioria, implicam no uso de produtos químicos. Esses produtos precisam ser armazenados nas escolas antes do uso e, após as atividades experimentais, há sempre a geração de resíduos. Tanto a armazenagem de produtos como a gestão dos resíduos químicos demandam condições que, na maioria das vezes, não são atendidas nessas instituições de ensino (da SILVA, 2008). Boas experiências podem ser realizadas pelos alunos, mas há que se considerar sempre a segurança dos envolvidos e as implicações ambientais dessas atividades. Neste trabalho, realizou-se um levantamento das condições de segurança e da forma como é feito o descarte dos resíduos produzidos durante as aulas de experimentais de Química de uma escola pública do município de São Mateus/ES. Além disso, a opinião dos alunos sobre o descarte e o tratamento dos resíduos gerados nas aulas experimentais foi obtida através da aplicação de questionários.

MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa foi realizada através da aplicação de um questionário para 55 alunos de uma escola pública do município de São Mateus/ES, que possui laboratório de Química para a realização de aulas práticas. Dos alunos que responderam ao questionário 8 se encontram no 1º ano, 30 no 2º ano e 17 no 3º ano do ensino médio. As perguntas contidas no questionário abordavam desde a frequência com que as aulas práticas eram realizadas até a maneira como os resíduos gerados eram tratados ou descartados ao final dos experimentos. Além disso, uma visita ao laboratório de Química em dia e horário pré-agendado com a direção da escola, foi realizada pelos alunos de Licenciatura em Química participantes no projeto. Nesta visita entrevistaram-se dois professores que ministram a disciplina de Química na escola e também foram verificadas as condições do laboratório. Foram analisados aspectos importantes relativos a instalações físicas do espaço, disponibilidade, funcionamento e utilização dos equipamentos de segurança, bem como condições de armazenagem dos produtos químicos no laboratório.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na visita realizada, constatou-se que as condições de segurança do laboratório de Química da escola é deficiente. O mesmo não possui saída de emergência, capela de exaustão e nenhum outro equipamento de segurança. Também se observou a inexistência de equipamentos básicos de proteção individual. Os reagentes são armazenados em armários de madeira, mas sem a adoção do critério de compatibilidade, considerado um fator importante para minimizar os riscos intrínsecos dos produtos químicos (GIMENEZ, 2006). Além dos problemas de segurança foi constatado ser prática comum o ato mecânico de descartar os resíduos químicos, produzidos durante as aulas práticas, na pia ou no lixo comum. Esta prática é contraditória, pois os professores afirmaram que durante as aulas a questão do descarte dos resíduos e dos perigos ambientais dos produtos químicos na natureza é abordada. No entanto, os professores e a direção da escola relatam que há uma preocupação de se fazer um correto descarte desses resíduos e que um projeto em parceria com a universidade está em fase inicial para se realizar a implementação de um programa de gestão de resíduos. Na pesquisa realizada com os alunos, os mesmos relataram que gostariam que as aulas experimentais fossem realizadas em um número maior de vezes, pois, segundo eles, as aulas práticas ajudam na compreensão do conteúdo teórico estudado em sala de aula. Todos os alunos entrevistados responderam que é importante tratar os resíduos gerados nas aulas antes de descartá-los, pois segundo a opinião de alguns deles: “Prejudica e polui o meio ambiente, atmosfera”, “pode causar danos a saúde humana por causa dos elementos químicos corrosivos”.

CONCLUSÕES: Embora os resíduos gerados nas aulas experimentais sejam descartados sem nenhum controle na pia ou no lixo, a direção e os professores de Química da escola possuem uma preocupação com relação ao tratamento e o correto descarte desses resíduos. Apesar de atualmente os resíduos não serem apropriadamente descartados, a discussão e reflexão sobre os problemas ambientais e a importância do tratamento é realizado nas aulas práticas com os alunos. Isto fez com que os alunos se preocupassem com a disposição final dos resíduos para, segundo eles, não afetar o meio ambiente.

AGRADECIMENTOS: À PROEX/UFES e a E.E.E.F.M. Santo Antônio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R.; de OLIVEIRA, R. C., Ensino experimental de Química: uma abordagem investigativa contextualizada, Química Nova na Escola, v. 32, n. 2, 2010, p. 101-106.
DA SILVA, R. R.; MACHADO, P. F. L. Experimentação no ensino médio de química: a necessária busca da consciência ético-ambiental no uso e descarte de produtos químicos – um estudo de caso, Ciência & Educação, v. 14, n. 2, 2008, p. 233-249.
GIMENEZ, S. M. N. et al. Diagnóstico das condições de laboratórios, execução de atividades práticas e resíduos químicos produzidos nas escolas de ensino médio de Londrina-PR, Química Nova na Escola, n. 23 (maio), 2006, p. 32-36.