ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: Quais as principais dificuldades apontadas por professores do ensino fundamental e médio de Jequié em se trabalhar sob a ótica interdisciplinar?
AUTORES: Migues, V.H. (UESB) ; Santos, S.B. (UESB)
RESUMO: Embora os educadores saibam da importância de se trabalhar determinado conteúdo
interdisciplinarmente, ainda falta conhecimento para o seu desenvolvimento,
principalmente durante a formação como profissional; além da carência de material
didático, à dificuldade de relacionamento com outras áreas do conhecimento, e a
falta de tempo hábil. Nesse sentido, há necessidade de maior discussão referente à
interdisciplinaridade, desde a graduação até a escola, permitindo aos alunos dos
cursos de graduação estabelecer interações e conexões para mais tarde, ao se
tornarem educadores possam ser capazes de transmitir o conhecimento específico de
sua área de conhecimento não de forma isolada, mas, sobretudo, interagindo com as
outras disciplinas.
PALAVRAS CHAVES: Interdisciplinaridade; Dificuldades; Educação
INTRODUÇÃO: A interdisciplinaridade é uma discussão emergente no meio educacional,
freqüentemente, apontada como incapaz de atender às demandas por um ensino
contextualizado. Embora esse enfoque não seja recente, as discussões sobre o
tema ocorrem desde 1970 (FAZENDA, 2002), e apenas agora têm encontrado terreno
fértil para se propagar, em virtude de estarem presentes nos parâmetros
oficiais, que norteiam a prática educacional, e no discurso de professores,
coordenadores e administradores do ensino (AUGUSTO et al., 2004).
A prática interdisciplinar permite ao aluno relacionar diversas áreas do
conhecimento tornando ao mesmo tempo uma aprendizagem significativa. Além de
permitir uma visão diferenciada do mundo, uma vez que resulta em uma nova
postura dos alunos diante da realidade. Dessa forma, propusemo-nos a pesquisar
como os professores da área de Ciências da Natureza (Química e Ciências),
concebem a prática de aulas interdisciplinares em sala de aula. Bem como a
dificuldade de realização de tais aulas, além da relação destas aulas com os
discentes. Além disso, a pesquisa se interessou em saber qual a opinião dos
discentes do nono ano deste colégio sobre a utilização de aulas
interdisciplinares na tentativa de entender a real situação de aprendizado e a
contribuição para as relações interpessoais, confrontando e/ou corroborando com
diversos autores.
MATERIAL E MÉTODOS: Para o estudo do tema proposto, foi realizada uma pesquisa descritiva, que
segundo Gil (1994) e Santos (1999), expõe as características de determinada
população. A escolha da pesquisa com abordagem qualitativa e quantitativa esteve
ligada ao fato de a mesma ter o ambiente natural como sua fonte de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento (LÜDKE & ANDRÉ, 1986).
Foram aplicados questionário e entrevistas abertas. Segundo Lüdke e André (1986)
a grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a
captação direta e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer
tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Além de ser uma das
melhores ferramentas metodológicas de pesquisa qualitativa (Morimoto, 2002).
As questões da entrevista tiveram o objetivo de diagnostificar, junto aos
docentes, quais as dificuldades para a implantação da idéia de se agir
interdisciplinarmente. Verificar se os docentes receberam ou recebem alguma
orientação especializada ou mantêm-se informado (a) sobre o trabalho
interdisciplinar. Se os docentes já trabalham ou vivenciam as atividades
interdisciplinares e quais são os resultados positivos e/ou negativos
observados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através da pesquisa foi possível verificar que 100% dos docentes acreditam ser
de suma importância trabalhar os conteúdos disciplinares de forma
interdisciplinar. Porém, 60% dos entrevistados dizem que a falta de orientação
durante a graduação é a principal dificuldade para a implantação na sala de aula
desta prática pedagógica. Além disso, 10% dizem que a falta de material didático
reflete tal dificuldade e 20% a dificuldade do trabalho em equipe com outras
áreas (Fig. 1).
Segundo Marinho (2004) é nas universidades que encontramos a maior dificuldade
da implantação da prática interdisciplinar, isto devido, a sua organização
estrutural e dogmatizada, ainda presente em muitos educadores.
Grande parte dos entrevistados indica a falta de tempo, como um obstáculo à
prática interdisciplinar. Mas é irrelevante, visto que dispõem de Atividades de
Coordenação (ACs), que deveriam ser utilizadas para esse fim. Contudo, apontam
um possível motivo para muitos professores e professoras reclamarem da falta de
tempo para a realização dessas atividades: os ACs são, muitas vezes, mal
utilizadas ou utilizadas para outro propósito.
Diante das dificuldades apontadas pelos docentes, 78% dos entrevistados dizem
que adquiriram conhecimento sobre interdisciplinaridade na internet e 15% com
colegas de trabalho (Fig. 2).
Dessa forma, há necessidade de maior discussão referente à
interdisciplinaridade, desde a graduação até a escola para um melhor engajamento
dos docentes a esta nova prática pedagógica. Nesse sentido, é importante que os
alunos dos cursos de graduação aprendam a estabelecer interações, para mais
tarde, ao se tornarem educadores possam ser capazes de transmitir o conhecimento
específico de sua área de conhecimento não de forma isolada, mas, interagindo
com outras disciplinas.
Figura 1
Relato dos professores sobre a dificuldade do
trabalho interdisciplinar
Figura 2
: Locais no qual os docentes adquiriram conhecimento
sobre a proposta interdisciplinar.
CONCLUSÕES: Os resultados obtidos refletem que a interdisciplinaridade permite o enfoque mais
amplo do conhecimento. Além de favorecer as relações interpessoais e possibilitar
a troca em diversas abordagens, permitindo a criação de novas formas de pensar o
mundo, através da ligação dos conteúdos estudados pelos alunos como cotidiano dos
mesmos. Em contrapartida, há necessidade imediata de maior integração entre
indivíduo/indivíduo, além de reformulação curricular da universidade na formação
de novos professores com caráter interdisciplinar.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos aos professores participantes desta pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AUGUSTO, T. G. S.; CALDEIRA, A. M. A.; CALUZI, J. J. & NARDI, R. Interdisciplinaridade: concepções de professores da área ciências da natureza em formação em serviço. Ciência & Educação, v. 10, n. 2, p. 277-289, 2004
FAZENDA, I. C. A. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologias. 5ª edição. São Paulo: Edições Loyola. 2002.
GIL, A. C. Administração de Recursos Humanos: um enfoque profissional. São Paulo: Atlas; 1994.
LUDKE, M & ANDRE, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativa. São Paulo: EPU, 1986.
MARINHO, A. M. S. A Educação Ambiental e o desafio da interdisciplinaridade. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2004.
MORIMOTO, I. A. A Árvore da propriedade rural: Educação, Legislação e Política Ambiental, na proteção e implementação do elemento arbóreo da região de Piracicaba/ SP. São Paulo. Dissertação de Mestrado. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2002.
SANTOS A. R. Metodologia Científica: A Construção do Conhecimento. 1 ed. Rio de Janeiro: De Paulo Editora; 1999.