ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DAS PLANTAS MEDICINAIS NA PRODUÇÃO DE FÁRMACOS

AUTORES: Vieira, P.R. (UFPI) ; Araujo, M.R.S. (UFPI)

RESUMO: Utilizadas com finalidade terapêutica há milênios, as plantas medicinais têm se tornado cada vez mais importante e, com base nesse pressuposto, realizou-se um levantamento bibliográfico e uma entrevista com alunos de uma turma do segundo ano do ensino médio para a coleta de informações que serviram de fundamentação para a elaboração deste trabalho. O objetivo é destacar o potencial brasileiro na produção de fármacos a partir de plantas medicinais. Através da análise das respostas dos alunos foi possível constatar a enorme importância das plantas na vida da população em geral, todavia, verificou-se também uma imensa falta de conhecimento por parte das pessoas que as utilizam, a considerar que na maioria das vezes a utilização das mesmas se dá de forma inadequada e pouco criteriosa, respaldada apenas pelo conhecimento empírico obtido de gerações anteriores.

PALAVRAS CHAVES: Plantas Medicinais; Produção de Fármacos; Princípio Ativo

INTRODUÇÃO: As plantas vêm sendo utilizadas para curar doenças desde tempos imemoriais, esse hábito foi adquirido pelo o ser humano através de observação de outros animais que faziam uso desses vegetais quando doentes, e com o passar do tempo também passou a repetir tal procedimento. Com a evolução, o próprio homem tornou-se capaz de repassar esse conhecimento a seus descendentes e assim inicia a tradição no uso das plantas medicinais (SILVA et al., 2009). Essa tradição e a enorme biodiversidade nacional fazem do Brasil um país com alto potencial para se destacar na produção de fitomedicamentos também chamados de fitoterápicos. Esses medicamentos são de acordo com a OMS substâncias ativas encontradas na planta ou em parte dela, e que são comercializadas na forma de extratos padronizados. Apesar de não terem seu princípio ativo (substância que tem o efeito terapêutico) isolado, os fitoterápicos apresentam uma importante ação farmacológica o que contribuiu para que o uso desses medicamentos se alastrasse para a maioria dos países (CALIXTO, 2003). Mesmo o Brasil possuindo a maior base científica das Américas (com exceção dos EUA), e apesar de nossos cientistas publicarem nas melhores revistas internacionais ainda há um caminho enorme a se percorrer no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento dos compostos bioativos, uma vez que, os custos são altos, o tempo de desenvolvimento é longo e principalmente a vontade política que é sempre muito pouca. Isso faz com que apenas as multinacionais acabem desenvolvendo novos medicamentos (FERREIRA, 1998, p. 24-31). O objetivo deste trabalho não é apenas analisar o conhecimento que a comunidade possui sobre o uso das plantas medicinais, mas também contribuir para o esclarecimento da população a cerca do enorme potencial brasileiro no que se refere à produção de fármacos a partir de plantas.

MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho foi desenvolvido através de aplicação de um questionário acerca da opinião dos alunos do ensino médio da escola Professor Ubiraci Carvalho localizada em São João da Serra – PI sobre a temática Produção de Fitofármacos, onde participaram da investigação 23 alunos da referida série, sendo 10 homens e 13 mulheres. Na abordagem, os alunos responderam questões quanto à importância do histórico do uso das plantas medicinais na produção de fármacos; fatores que contribuem para a sua utilização e para que o Brasil ainda não tenha alcançado destaque na área; etapas na produção de medicamentos; formas de utilização e concretização do uso das plantas medicinais com finalidade terapêutica; e combate a degradação da flora brasileira. Antes da aplicação do questionário foi ministrada uma palestra com o objetivo de expor informações básicas a respeito do uso e aplicação das plantas medicinais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para os alunos o que mais contribui para o atrofiamento da indústria farmacêutica brasileira é a falta de investimentos do governo, mas também existem outros agravantes, como por exemplo, a falta de tradição em pesquisa e desenvolvimento. Levando-se em consideração o local onde vivem aproximadamente 48 % respondeu que o fator que mais contribui para o uso das plantas medicinais é a tradição histórica como fonte de medicamentos, enquanto que 30 % afirmaram ser o alto custo dos medicamentos industrializados e apenas 22 % informou ser à acessibilidade das mesmas. Já os motivos pelos quais a população utiliza as plantas medicinais, prevaleceram às ideias de que a eficácia e o baixo custo são os fatores que mais contribuíram tanto para inserção como para permanência desse recurso terapêutico. Com relação à forma de utilização, 96% apontaram o uso na forma de chás e apenas 4% na forma de extratos vegetais. Embora aproximadamente 70% dos alunos tenham concordado que usar as plantas de forma indiscriminada traz prejuízos à saúde, ainda há um número significativo de quem ainda imagina que elas podem ser usadas de forma aleatória sem representar nenhum risco à saúde. A Tabela 1 mostra as alternativas que os alunos apontaram para que a população deixe de usar as plantas de forma inadequada. Na tentativa de diminuir tais problemas, os órgãos regulamentadores estão cada dia mais exigente quanto à segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos. A Figura 1 ilustra as etapas de produção de medicamentos que os alunos disseram ser mais relevante. Sobre a forma mais eficiente para combater a degradação da flora Brasileira, 57 % respondeu evitar o desmatamento, 30% proteger a flora e 13% punições mais severas para os infratores. Sobre a importância da palestra que antecedeu o questionário, 95,6% afirmou que foi muito interessante e que contribuiu bastante para o aprendizado do tema.

Tabela 1

Alternativas para minimizar o uso inadequado das plantas medicinais

Figura 1

Ponto de vista dos alunos sobre qual a etapa mais delicada na produção de um fitomedicamento

CONCLUSÕES: Ficou evidente que as plantas medicinais têm uma importância crucial na vida da população, em especial na vida daquelas com reduzido poder aquisitivo, que encontram nessa terapia a única forma para curar suas doenças. Foi possível verificar também que a aplicação do questionário foi além da simples obtenção de dados, uma vez que propiciou o despertar da curiosidade dos mesmos sobre o assunto, que apesar de está tão presente no seu dia a dia ainda é muito carente de informação.

AGRADECIMENTOS: A escola Professor Ubiraci Carvalho e ao curso EAD- Química (CEAD/UFPI) pelo apoio na pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CALIXTO, J. B. Biodiversidade como fonte de medicamentos. Ciência e Cultura, v. 55, n. 3, p. 37-39, 2003.

FERREIRA, S. H. Medicamentos a partir de plantas medicinais no Brasil. Academia brasileira de ciências, 1998.

SILVA, R. P.; ALMEIDA, A. K. P.; ROCHA, F. A. G. Os riscos em potencial do uso indiscriminado de plantas medicinais. Rio Grande do Norte, 2009.