ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: Uso integrado de mapas conceituais e multicontextos de ensino como potencializadores da aprendizagem significativa do conceito de ligação covalente
AUTORES: Trindade, J.O. (IFSMG/EEPSAM) ; Hartwig, D.R. (UFSCAR)
RESUMO: Na tentativa de encontrar recursos para minimizar as dificuldades, bem como despertar o interesse dos aprendizes em relação à aprendizagem de conceitos abstratos da Química, dentre eles o de Ligação Covalente, buscou-se ensinar tal conteúdo por meio de contextos diversificados. Como forma de avaliação da aprendizagem utilizou-se a confecção de mapas conceituais, após o período instrucional.
PALAVRAS CHAVES: Mapas conceituais; Multicontextos de Ensino; Ligação Covalente
INTRODUÇÃO: Muito se discute sobre a falta de motivação dos alunos para o estudo da Química, por ser uma Ciência que lida com conceitos, quase na sua totalidade, do campo abstrato, longe da percepção dos órgãos do sentido. Um estudo sobre o grau de interesse dos aprendizes após um período instrucional, foi organizado. Ministraram-se aulas sobre o tema Ligação Covalente, por meio de contextos diversificados, pois de acordo com Ausubel quando um mesmo conceito é exposto a uma grande variedade de “contextos específicos diferentes e formas ilustrativas é mais eficiente para a generalização do que uma experiência intensiva com algumas poucas ilustrações” (AUSUBEL et al., 1980, p. 167). Assim, motivados pela exposição a uma ampla variedade de materiais, os aprendizes estariam predispostos a construírem significados ancorados no mundo submicroscópico e representacional da matéria.
MATERIAL E MÉTODOS: Um minicurso foi organizado em que se utilizaram diversos recursos: material instrucional, vídeos, animações, modelos de nuvens eletrônicas com bexigas, tetraedro de papelão, modelos concretos de plástico e exposição de moléculas em 3D (realidade virtual). Durante o período instrucional conceitos foram expostos e discutidos: compartilhamento de elétrons, octeto, moléculas, ligações simples e múltiplas, geometria, polaridade e tipos de fórmulas. Utilizaram-se as seguintes moléculas para o estudo: H2, O2, N2, H2O, CO2, H2S, NH3, CH4, HF, HCl e BF3. Um dos pontos altos do trabalho, que por sua vez despertou grande interesse de toda a comunidade escolar, foi a apresentação das moléculas tridimensionais, vistas por meio do princípio da estereoscopia, ou seja, a reprodução de imagens bidimensionais, em três dimensões. Neste trabalho utilizou-se o sistema anaglífico para a visualização das moléculas virtuais (CORREIA, 2010; RAPOSO et al., 2004). Durante o período instrucional os aprendizes também foram familiarizados na elaboração de mapas conceituais (MCs), obedecendo-se as diretrizes de NOVAK e GOWIN (1999). A avaliação ocorreu mediante a elaboração de um mapa conceitual de referência (MR), o qual foi comparado com os mapas construídos pelos alunos e, estes foram pontuados de acordo com uma tabela de dez categorias. A avaliação ainda contou com um questionário, o qual procurou aferir o grau de satisfação dos alunos frente à metodologia. Quanto ao material instrucional escrito, esse foi elaborado por meio do referencial de Ausubel, de modo a propiciar a organização hierárquica dos conceitos, fornecendo-se assim suporte aos estudantes para a construção dos MCs. Tal pesquisa foi realizada em uma das turmas de 1ª série do Ensino Médio da Escola Estadual Professor Salatiel de Almeida em Muzambinho, sul de Minas Gerais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados revelaram que 63% dos alunos ficaram com notas dentro da média considerada satisfatória, ou seja, 50% do total de pontos permitidos. As maiores dificuldades estiveram ligadas à construção de proposições corretas. Tal limitação pode ser explicada pela necessidade de formação de hábito de estudo pelos estudantes, os quais deixaram explícito no questionário que apenas 5% deles cultivam esse hábito periodicamente. No entanto, pode-se observar o desenvolvimento, a elaboração e a diferenciação dos conceitos em decorrência das sucessivas interações com o material de ensino.
CONCLUSÕES: O ensino por meio de contextos diversificados foi maciçamente aprovado pelos alunos (95%), uma vez que foge à rotina do quadro e giz das salas de aula: “sensação de poder pegar e sentir as moléculas, moléculas saem da tela, realismo”. Já a metodologia de mapeamento conceitual encontrou resistência, devido ao fato de os alunos estarem habituados a uma avaliação tradicional, do tipo memorística; portanto, sentem-se mais seguros ao abrigo deste modelo didático. Contudo, vários alunos teceram elogios à metodologia: “serve como um lembrete”, “ajuda a fixar melhor a matéria na cabeça através de palavras-chaves”, “pude separar a matéria em poucas palavras facilitando para eu compreender”.
AGRADECIMENTOS: A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais e ao Instituto Federal do Sul de Minas Gerais - campus Muzambinho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AUSUBEL, D.P.; NOVAK, J.D.; HANESIAN, H. Psicologia Educacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. 625p.
CORREIA, Joana de Araújo. Estereoscopia Digital no Ensino da Química. Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Disponível em:
<http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/joana/prototipo/index.htm>. Acesso em: 15 jan. 2010.
NOVAK, Joseph D.; GOWIN, D. Bob. Aprender a Aprender. 2. ed. Lisboa: Plátano, 1999. 212p.
RAPOSO, Alberto B. et al. Visão Estereoscópica, Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Colaboração. Grupo de Tecnologias em Computação Gráfica – TECGRAF. 2004. Disponível em: < http://www.tecgraf.puc-rio.br/>. Acesso em: 22 out. 2010.