ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: O ENSINO DE QUÍMICA ORGÂNICA E O COMBATE AS DROGAS

AUTORES: Souza, C.A.G. (FGF) ; Guerra, M.H.F.S. (UECE)

RESUMO: O ensino da química orgânica será valorizado se puder ser empregado para a discussão de atitudes perante as drogas que permeiam a sociedade atual e são uma ameaça à sobrevivência dos adolescentes. Este trabalho tem como finalidade disponibilizar informação, quanto aos efeitos do uso de drogas lícitas e drogas ilícitas, para a prevenção do uso e o abuso de tais substâncias psicoativas aos alunos do Ensino Médio.O projeto realizou-se em duas etapas.A primeira nas pesquisa e a segunda na construção de uma revista.A estratégia de introduzir a temática das drogas na química teve os resultados esperados: Verificou-se que os alunos geralmente se mostram interessados quando o objeto de estudo é algo presente em seu cotidiano.Desta forma pode-se acreditar na ideia que o ensino de química na escola.

PALAVRAS CHAVES: drogas; ensino; prevenção

INTRODUÇÃO: A dependência química compromete a qualidade de vida daquele que usa a droga, também afetando de forma indireta, familiares que acompanham a rotina do uso de drogas, conforme estudos que relacionam o alcoolismo dos pais ao comportamento dos filhos (ZANOTI-JERONYMO & CARVALHO, 2005; SHER, 1997).A problemática também afeta a sociedade, ficando claro, em estatísticas e em estudos que correlacionam o uso de álcool com a criminalidade (DUARTE e CARLINI-COTRIM,2000)e o uso de álcool com acidentes de trânsito (ABDETRAN, 1997). Para prevenir o consumo de drogas, é preciso levar em conta diversos fatores, como: conduta individual, natureza da substância, além do fato de se constituir uma questão social e ocorrer em um dado contexto(Silva & Medina ,2005).Também é preciso considerar o contexto sócio-cultural, para as metas do programa de prevenção serem adequadas à realidade do padrão de consumo da população visada( Sher ,2007).Nesse sentido, o ensino da química orgânica será valorizado se puder ser empregado para a discussão de atitudes perante as drogas que permeiam a sociedade atual e são uma ameaça à sobrevivência dos adolescentes. Ao ensinar os conhecimentos científicos a escola deve propiciar uma formação mais ampla onde prepondere “a construção da consciência crítica e autocrítica, dentro da perspectiva da formação do sujeito.”(DEMO,2004 p.99).Esta é uma posição que tem sido adotada por vários educadores químicos brasileiros(Santos;Schnetzler,2003). Este trabalho tem como finalidade disponibilizar informação, quanto aos efeitos, em diversos âmbitos(orgânico, familiar, acadêmico, profissional e social) do uso de drogas lícitas (álcool, cigarro, inalantes) e drogas ilícitas(maconha, cocaína, crack), para a prevenção do uso e o abuso de tais substâncias psicoativas aos alunos.

MATERIAL E MÉTODOS: O projeto foi desenvolvido em quatros do terceiro ano do Ensino Médio (Informática, Finanças, Produção de Moda e Enfermagem) da Escola Estadual de Educação Profissional Professor Onélio Porto no município de Fortaleza-CE. As turmas eram formadas, em média, por 33 alunos, numa faixa etária entre 16 a 19 anos. Por ser um colégio localizado na periferia da cidade, os alunos têm origem semelhante, assim como o nível econômico-social em que vivem. O período de execução da experiência de ensino foi de um mês ou oito aulas. O projeto realizou-se em duas etapas. Na primeira, o trabalho foi conduzido por turma e composto pelas seguintes ações: a) pesquisa dos estudantes sobre drogas; b) exposição acerca da química de substâncias psicotrópicas; c) discussão, pelos estudantes, acerca das drogas. Por tanto, cada turma foi dividida em equipes de quatro alunos. Na segunda etapa, realizou-se a produção coletiva de uma revista tratando do tema, pelas quatro turmas envolvidas no projeto e divulgada na escola por meio de exposição para as outras séries do Ensino Médio da Escola, que no total são quatro turmas do 1º ano (Informática, Finanças, Produção de Moda e Enfermagem) e duas turmas do 2º ano (Informática e Produção de Moda).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A estratégia de introduzir a temática das drogas na química teve os resultados esperados: Verificou-se que os alunos geralmente se mostram interessados quando o objeto de estudo é algo presente em seu cotidiano. Contudo, tal interesse e reconhecimento não significam domínio sobre conceitos e informações que integram o fenômeno sob estudo. A proximidade dos alunos com o tema enriqueceu o debate que, em alguns momentos, se transformou em um grande palco para os depoimentos de experiências próprias ou de terceiros, sobre o uso de substâncias psicotrópicas. Os alunos demonstraram conhecimento detalhado acerca dos riscos toxicológicos envolvidos no uso da cocaína, maconha, álcool, fumo, crack, heroína e de outras drogas, passando informações as demais turmas da escola a um saber que drogas são nocivas à saúde, fizeram uma relação com a disciplina estudada em sala, identificando as funções orgânicas existentes em cada droga . Tal conhecimento é um indicador que esses jovens entenderem como agem as substâncias psicotrópicas no organismo humano, sejam elas consumidas de forma isolada ou combinada, mostrando que a aquisição do conhecimento científico é de suma importância , para que os sujeitos possam elaborar seu conhecimento do cotidiano e assim exercerem melhor a sua cidadania. Esses registros comprovam que os estudantes valorizaram a discussão das questões sociais e de saúde, em termos gerais. Esse resultado pode ser considerado como altamente positivo, por entender-se que o aspecto social não deve ser desvinculado do conhecimento químico. Educar para a cidadania implica no estudo da química das drogas, mas também, no estudo dos aspectos éticos, morais econômicos e ambientais que permeiam a temática do uso de substâncias psicotrópicas (Santos; Schnetzler,1997).

CONCLUSÕES: Por tanto pode-se acreditar na ideia que o ensino de química na escola fortalece cada vez mais sua função social que busca por uma sociedade cada vez mais democrática, formada por sujeitos reflexivos, produtores de conhecimento e capazes de transformarem a si próprio e a sociedade em que estão inseridos.E que as atividades escolares de ensino são acontecimentos em evolução que exigem que os participantes continuamente reinterpretem, restabeleçam, redefinam, modifiquem e suspendam expectativas, ações, significados e temas na dupla vertente, social e acadêmica”(Coll, 2003, pg.13).

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem aos alunos da EEEP Professor Onélio Porto pela participação direta dos resultados desse trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: COLL, César. Psicologia da Aprendizagem no Ensino Médio. São Paulo: Artmed, 2003.
DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. 13 ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
DUARTE, P. C. A. V.; CARLINI-COTRIM, B. Álcool e violência: estudo dos processos de homicídios julgados nos Tribunais de Júri de Curitiba, PR, entre 1995 e 1998. Jornal Brasileiro de Dependências Químicas, v.1, n.1, p.17-25, 2000.
SANTOS, Wildson; SCHNETZLER, Roseli P. Educação em Química: compromisso com a cidadania. Ijuí - RS: Ed. Unijuí, 1997.
SHER, K. J. Psychological characteristics of children of alcoholics. Alcohol Health & Research World, v. 21, n.3, 247-254, 1997
SILVA, F. A., SILVA, E. S.; MEdINA, J. Uso de drogas psicoativas: teorias e métodos para multiplicador prevencionista. Rio Grande: CENPRE, 2005.
ZANOTI-JERONYMO, d. V.; CARVALHO, A. M. P. Self-concept, academic performance and behavioral evaluation of the children of alcoholic parents. Revista Brasileira de Psiquiatria, v.27, n.3, p.233-236, 2005.