ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: Proposta de práticas para Química Inorgânica
AUTORES: Silva, A.M. (IFRJ) ; Faillace, J.G. (IFRJ) ; Freitas, L.V. (IFRJ)
RESUMO: Este trabalho apresenta uma proposta de práticas para serem trabalhadas na
disciplina de Química Inorgânica, onde os temas (a) estrutura dos sólidos, (b)
estrutura molecular e ligação e (c) ácidos e bases são abordados. Buscou-se com as
experimentações apresentadas - preparação de cristais, preparação de liga, entre
outros - incentivar uma postura investigativa, crítica e criativa por parte dos
alunos e dos próprios professores, onde novas propostas podem e devem ser
pesquisadas dentro dos itens já propostos. Observamos grande interesse dos alunos
no decorrer do semestre, onde houve certa flexibilidade para eles alterarem o
percurso da prática, tentando-se não se seguir o esquema de "receita de bolo".
PALAVRAS CHAVES: química inorgânica; laboratório; práticas
INTRODUÇÃO: A elaboração e/ou seleção de roteiros experimentais adequados para as aulas
práticas de química que incentivem uma postura investigativa, crítica e criativa
consiste sempre em um desafio para os docentes. Com o objetivo de propor
experimentações que trabalhassem nesse sentido iniciou-se, em 2005, a construção
de uma apostila para as aulas experimentais para a disciplina Química Inorgânica I
do curso de Licenciatura em Química do IFRJ, campus Nilópolis. Recentemente os
roteiros foram revistos e acrescentadas algumas propostas para tratamento ou
inertização dos resíduos gerados em cada aula prática.
MATERIAL E MÉTODOS: Considerando o conteúdo do programa da disciplina Química Inorgânica I do IFRJ,
foi elaborada uma apostila de prática contendo as seguintes experimentações,
onde boa parte do conteúdo teórico proposto na disciplina é abordado:
Tema: Estrutura dos Sólidos
Roteiros:
1)Preparação e crescimento de alguns cristais – (a) Obtenção de cristais de
tiossulfato de sódio, (b) Crescimento de cristais em soluções supersaturadas
(GIESBRECHT, 1982; MATEUS, 2001) , (c) Crescimento de alguns cristais em gel de
silicato (SUIB, 1985).
2)Formação de silicatos de metais de transição - “jardim de silicato”. (MATEUS,
2001; SEARA DA CIÊNCIA, 2008).
3)Formação de sólidos iônicos – ciclo de Born-Haber – (a) Reação do enxofre com
o sódio, (b) Reação do iodo com o alumínio (FARIAS, 2004; MATTOS, 1988).
4)Preparação de uma liga (SUMMERLIN, 1985; SHRIVER & ATKINS, 2003).
Tema: Estrutura molecular e ligação covalente
Roteiros:
1)Preparação de um polímero inorgânico – Silicone (FARIAS, 2004).
2)Enxofre ortorrômbico e enxofre plástico – (a) Enxofre ortorrômbico, (b)
Enxofre plástico, (c) Reação do enxofre com o cálcio ou o ferro (FARIAS, 2004;
MATTOS, 1988).
3) Obtenção e estudo dos gases O2, H2, N2, NH3 e Cl2 – (a) O2 a partir do
peróxido de hidrogênio e do Mn02, (b) Obtenção do gás hidrogênio (H2), (c)
Obtenção de nitrogênio (N2), (d) Obtenção de amônia (NH3), (e) Obtenção do cloro
(Cl2), (f) Eletrólise da água, (g) Eletrólise da solução de NaCl (MARCHIORI,
1991; MATTOS, 1988).
Tema: Ácidos e Bases
Roteiro:
1) Ácidos e bases – (a) Hidrólise promovida por diversos sais, (b) Reação ácido-
base (deslocamento/substituição), (c) Hidrólise do vidro, (d) Alumínio e
anfoterismo (MARCHIORI, 1991) (MATTOS, 1988; SILVA, 1989).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao desenvolver os roteiros de prática e elaborar os relatórios, os alunos eram
incentivados a fazer propostas de modificação das práticas assim como testar os
procedimentos com outros reagentes. Alguns relatos são apresentados:
Na prática, por exemplo, do crescimento de cristais em soluções supersaturadas,
o roteiro trazia três propostas de sais para serem utilizados: alúmen,
ferricianeto de potássio e acetato de cobre. Era indicado aos grupos que
escolhessem um ou dois desses sais. Muitos alunos propunham e preparavam,
também, o procedimento com sais diferentes como o ferrocianeto, o cloreto de
cobalto ou algum outro que tivessem interesse em investigar. Ainda no
crescimento de cristais em gel de silicato, por sugestão dos alunos, foi
incluída a observação em lupa dos cristais obtidos.
Na formação de sólidos iônicos, era proposto aos alunos que preparassem uma
introdução para o roteiro da prática na confecção do relatório (havia apenas os
procedimentos) assim como modificações e/ou acréscimos no roteiro apresentado.
Sugeria-se também a utilização de dados experimentais de site para pesquisa
(CHEMISTRY EDUCATION, 2008).
Na prática de preparação de uma liga, além de materiais de cobre (placa, fio,
moeda) outros foram testados pelos alunos, por escolha deles, para avaliação da
possível formação de ligas.
Na prática sobre as formas alotrópicas do enxofre, o tema incentivou um aluno,
ao cursar a disciplina optativa de Química Inorgânica Descritiva, um projeto
individual onde realizou na instituição onde estagiava, análise por difração de
raios-X do material obtido nos procedimentos realizados.
Na prática de ácidos e bases, apesar de uma grande quantidade de sais a ser
testada com relação à hidrólise, outros sais poderiam ser utilizados, de acordo
com a escolha dos grupos.
CONCLUSÕES: A proposta de roteiros de prática contendo uma certa flexibilidade, onde os alunos
podem alterar ou acrescentar alguns itens, motiva a capacidade de investigação dos
alunos onde eles têm a possibilidade de elaborar problemas e buscar as suas
respostas. Nem sempre, porém, foi viável a sua aplicação pois uma menor rigidez
nos roteiros impede uma organização prévia dos laboratórios e nem sempre é
possível, para um grupo grande de alunos, atender às alterações ou acréscimos
sugeridos. Outro ponto a destacar é a necessidade de uma carga horária destinada
às aulas experimentais compatível com a proposta considerando que passa a ser
necessário mais tempo para que o aluno possa construir e reconstruir os
procedimentos, de acordo com as escolhas que realize.
AGRADECIMENTOS: IFRJ, Campus Nilópolis
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHEMISTRY EDUCATION. Born Haber Cicles. Disponível em: <http://chemistry2.csudh.edu/lecture_help/bornhaber.html>. Acesso em 15 fev 2008.
FARIAS, R. F. Práticas de Química Inorgânica. Campinas, SP: Editora Átomo, 2004.
GIESBRECHT, E. Experiências de Química, técnicas e conceitos básicos. PEQ-Projetos de Ensino de Química.São Paulo: Editora Moderna, 1982.
MARCHIORI, R. Apostila de Química Inorgânica II Experimental. UFRJ, 1991.
MATEUS, A. L. Química na Cabeça. Belo Horizonte, UFMG, 2001.
MATTOS, M. F. Apostila de Química Inorgânica Experimental. UERJ, 1988.
SEARA DA CIÊNCIA. Crescendo Cristais. Disponível em: <http://www.seara.ufc.br/sugestoes/fisica/espec1.htm>. Acesso em 15 fev 2008.
SHRIVER, D. F. & ATKINS, P. W. Química Inorgânica. 3ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.
SILVA, J. C. G. Experiências de Química Inorgânica. Apostila. UFF-IQ, 1989.
SUIB, S. L. Journal of Chemical Education, 62, 81, 1985.
SUMMERLIN, L. R. “Chemical Demonstration”. American Chemical Society, p.104, 1985.