ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: A UTILIZAÇÃO DA INTERDISCIPLINARIDADE NO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA DO IFMA - CAMPUS MONTE CASTELO
AUTORES: Ferreira de Brito, A.C. (IFMA) ; Batista Almeida, A.C. (IFMA) ; Silva, N.C. (IFMA) ; Rabelo Bezerra, I.A. (IFMA) ; Moizinho Oliveira, M. (IFMA)
RESUMO: A interdisciplinaridade é responsável por um movimento que redimensiona a teoria das ciências, revisando os hábitos de pesquisa e se constitui num meio de defesa para caminhos novos na área educacional. Este artigo tem como objetivo investigar como a interdisciplinaridade se manifesta na concepção e nas aulas práticas do curso de Licenciatura em Química do IFMA – Campus Monte Castelo. Foram elaborados dois questionários, um direcionado aos docentes e outro aos discentes.Das respostas dos entrevistados,emergiram as seguintes categorias: obstáculos para o exercício da interdisciplinaridade, características interdisciplinares na prática docente e visão dos professores sobre interdisciplinaridade. Neste trabalho notaram-se as grandes contradições que ocorrem no meio educacional.
PALAVRAS CHAVES: interdisciplinaridade; educação; ensino
INTRODUÇÃO: O tema interdisciplinaridade atualmente tem ganhado destaque nos campos científico e educacional. A interdisciplinaridade surgiu ao longo do século XX, para tentar responder aos problemas que o excesso dessa fragmentação gerou na educação e na pesquisa, no mundo Ocidental.Educadores ressaltam a importância da interdisciplinaridade no ensino de ciências, pois a prática pedagógica tradicional, como regra geral, concentrou-se nos conhecimentos reduzidos aos livros-textos para a escola, sempre defasados em relação à pesquisa.A interação dos professores de ensino superior, em especial dos professores de Química, com a interdisciplinaridade constitui-se em um aspecto importante para o desenvolvimento de uma prática pedagógica voltada para a compreensão do assunto em discussão.A aula prática é uma maneira eficiente de ensinar e melhorar o entendimento dos conteúdos de química, facilitando a aprendizagem. Os experimentos facilitam a compreensão da natureza da ciência e dos seus conceitos, auxiliam no desenvolvimento de atitudes científicas e no diagnóstico de concepções não científicas. Além disso, contribuem para despertar o interesse pela ciência.Neste enfoque, é necessário motivar os alunos a participarem das aulas práticas, tornando-as mais dinâmicas, proporcionando o desenvolvimento dos conteúdos, segundo os seus anseios e de uma forma mais significativa.Nesta perspectiva, as contextualizações dos conteúdos são de extrema importância, como fator motivacional e para a construção do conhecimento de uma forma holística.
Diante de tal questão, este artigo teve como principal objetivo investigar como a interdisciplinaridade se manifesta na concepção e nas aulas práticas do curso de Licenciatura em Química do IFMA - Campus Monte Castelo.
MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho integra uma pesquisa qualitativa desenvolvida no Instituto Federal do Maranhão – Campus Monte Castelo que abrange questões relacionadas à inserção de práticas interdisciplinares no curso de Licenciatura em Química. A investigação envolveu 5 (cinco) professores e 10 (dez) alunos do curso em estudo.
A coleta dos dados foi feita através de questionários, dando-se ênfase ao tema “aulas práticas de laboratório envolvendo interdisciplinaridade”. Discutir esse tema é importante devido à necessidade de relacionar, intertextualizar e perceber o elo entre as diferentes disciplinas, diferentes áreas do conhecimento. Contudo, foram elaborados dois roteiros contendo 5 (cinco) questões cada, estas tinham como fundamentos, investigar professores e alunos de forma que pudessem analisá-los quanto aos métodos de ensino das aulas práticas e a atuação dentro da interdisciplinaridade.
Os questionários foram do tipo aberto, ou seja, onde as respostas poderiam ser livres. Isso facilitou uma coleta mais discriminada do conteúdo abordado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Categoria professor:Ao se tratar do uso de métodos interdisciplinares, houve uma grande defasagem quanto às respostas dos professores, pois muitos nem se quer conseguem perceber o envolvimento da interdisciplinaridade no simples desenvolvimento de uma aula prática. Esse contexto mostra evidências de uma prática tradicional de ensino, a qual parece ser pautada apenas na transmissão dos conhecimentos científicos, principalmente quando se trata de aulas laboratoriais. É possível perceber que alguns professores ainda são dependentes dos livros didáticos e seguem uma sequência convencional de conteúdos por período, sem a preocupação com as inter-relações possíveis com questões mais amplas.Quanto aos métodos de avaliação, apenas 20% (vinte por cento) dos professores afirmaram o envolvimento da interdisciplinaridade.
Categoria aluno:Quando questionados a respeito da percepção da preocupação dos docentes quanto à utilização de métodos interdisciplinares, 97% dos alunos se mostraram insatisfeitos quanto a essa questão. Um dos alunos respondeu o seguinte: “Não, eles apenas nos dão o roteiro da prática, nós seguimos a “receita”, sem ocorrer nenhuma discussão mediante o assunto referente à aula. Apenas um professor no Instituto tem essa preocupação”.Notou-se conforme os relatos, que a maioria dos alunos não consegue perceber a preocupação dos professores em trabalhar a interdisciplinaridade, já em contrapartida, 3% (três por cento) dos discentes vêem em partes esse interesse entre os docentes, porém relatam que o propósito existe, mas nem sempre ocorre a aplicação.
CONCLUSÕES: Neste trabalho verificou-se que alguns professores desenvolvem atividades educativas com características interdisciplinares. Porém, ainda existe uma série de barreiras que dificulta a construção de um trabalho interdisciplinar pelos professores de Química que acaba refletindo em uma formação insatisfatória da grande maioria dos alunos.A maioria dos professores ainda mantém um ensino fragmentado e isolado, revelando uma prática tradicional de ensino pautada na transmissão dos conhecimentos científicos.Portanto, é necessária a realização de práticas de ensino interdisciplinar e contextualizado.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FAZENDA, I. C. A. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1979.
GARRUTTI, É. A.; SANTOS, S. R. A interdisciplinaridade como forma de superar a fragmentação do conhecimento. Revista de Iniciação Científica da FFC, v.4, n.2, 2004.
MIZUKAMI, M. G. N. Aprendizagem da docência: algumas contribuições de L. S. Shulman. Revista do Centro de Educação, v. 29, n. 2, 2004.
_______. Ministério da Educação e Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC, 1999.
_______. Ministério da Educação e Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.
SILVA, J. da; RAMOS, M. M. da S. Prática pedagógica numa perspectiva interdisciplinar. Disponível em: <http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT3/pratca_pedagogica.pdf>. Acesso em 04 janeiro de 2012.
SHULMAN, L. S. Those Who understand: Knowledge growth in teaching. Educational Researcher 15 (2), 1986, p. 4 – 14.
SOMMERMAN, A. Inter ou Transdisciplinaridade? Da fragmentação disciplinar ao novo diálogo entre os saberes. São Paulo: Paulus, 2006.
