ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: QUÍMICA INVESTIGATIVA: CONTEXTUALIZANDO AS FUNÇÕES E REAÇÕES INORGÂNICAS

AUTORES: Freitas, J.C.R. (UFPE) ; Freitas, L.P.S.R. (UFCG) ; Pimentel, P.P.S. (FAMASUL) ; Souza, L.L. (UFRPE) ; Freitas Filho, J.R. (UFRPE)

RESUMO: Este trabalho teve por objetivo propor a utilização da experimentação investigativa como estratégia de ensino, visando contextualizar conceitos químicos, estimular a observação, o pensamento crítico reflexivo e o desenvolvimento de habilidades de manipulação e resolução de problemas numa turma do 1º ano do ensino médio de uma escola pública do município de Quipapá – PE. A partir de uma análise prévia do interesse dessa turma em relação ao estudo da química, optou-se pelas atividades experimentais. Os resultados observados indicaram que essa estratégia de ensino contribuiu significativamente para o ensino-aprendizagem desses conteúdos elencados, uma vez que levou os estudantes a desenvolverem habilidades, tais como o pensamento crítico reflexivo e um espírito investigativo.

PALAVRAS CHAVES: Ensino de Química; Experimentação; Química Investigativa

INTRODUÇÃO: Atualmente, inúmeros trabalhos da literatura relatam uma aprendizagem mais significativa (ABREU, 2006; ARRUDA, 2004; GUEDES, 2008) quando situações do cotidiano dos estudantes são utilizadas na contextualização de conteúdos de química, pois além de promover uma maior interação das relações aluno-professor- conhecimento (CHASSOT, 1996), torna as aulas mais dinâmicas e participativas. Neste aspecto, convém destacar como estratégia didática de ensino a experimentação investigativa. Neste tipo de experimentação, especificamente conhecida como química forense (FERREIRA, HARTWIG e OLIVEIRA, 2010; SUART, MARCONDES e CARMO, 2009; SILVA, MARCONDES e AKAHOSHI, 2010) o estudante assume o papel de pesquisador, onde ele terá de resolver uma situação-problema sem a presença dos “velhos” roteiros propostos pelos professores, levando-os a desenvolverem diversas habilidades tais como a do questionamento e formulação de hipóteses. Partindo desses pressupostos, este trabalho teve por objetivo propor a utilização da experimentação investigativa como estratégia de ensino, visando contextualizar conteúdos de químicas, estimular a observação, o pensamento crítico reflexivo e o desenvolvimento de habilidades de manipulação e resolução de problemas dos estudantes aqui investigados.

MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa foi realizada a partir de uma intervenção numa turma do 1º ano do ensino médio de uma escola pública do município de Quipapá do estado de Pernambuco. Os dados desta pesquisa foram construídos a partir de observações de aulas, filmagem de atividades experimentais e aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas para os alunos sujeitos da amostra. A intervenção desta pesquisa se constituiu dos seguintes momentos: No primeiro momento, realizou-se uma diagnose dos estudantes por meio da aplicação de um questionário prévio, onde, se procurou verificar o desenvolvimento e interesse dos alunos nas aulas de química, assim como, a utilização de atividades experimentais pelo professor. No segundo momento dividiu-se a turma em grupos para a realização de dois experimentos envolvendo os conceitos de ácidos, bases e sais. No terceiro e último momento, foi apresentado à turma o desafio intitulado “CSI QUIPAPÁ: a procura de vestígios”. O título desse desafio foi inspirado numa série americana “CSI New York” que mostra o trabalho de investigação criminal. O desafio fornecido aos estudantes também se tratou de uma investigação criminal, onde os alunos tiveram que desenvolver algumas competências e habilidades em químicas tais como o senso crítico reflexivo e um espírito investigativo, para solucionar o problema proposto pelo desafio. Após a explicação da atividade, os estudantes dividiram-se em grupos e tiveram três horas para descrever uma proposta experimental para resolver o desafio. As informações levantadas pelos alunos com a resolução do problema deveriam levar os peritos ao verdadeiro assassino. Durante as suas investigações os alunos teriam que propor experimentos e teorias que sustentem suas afirmações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com as respostas dos estudantes ao questionário de sondagem, apesar dos professores não terem o costume de utilizarem com frequência aulas práticas, a maioria dos alunos vêm à química como uma disciplina que está associada ao seu cotidiano e de extrema importância para sua formação. Ainda a partir do questionário foram diagnosticadas algumas concepções alternativas dos alunos sobre os conceitos das funções inorgânicas a serem trabalhadas. Essas concepções auxiliaram o docente no planejamento das aulas teóricas e práticas que foram ministradas no segundo momento. Após a explicação dos conceitos das funções inorgânicas, os alunos se mostraram bastantes motivados com a proposta das aulas práticas que se realizaram logo em seguida. Na execução dos dois experimentos propostos pelo professor, os alunos não só puderam aplicar na prática os conhecimentos construídos no momento anterior, como se mostraram preparados para enfrentarem o desafio que seria proposto no momento seguinte. No momento seguinte, iniciou-se a explicação da atividade do desafio “CSI QUIPAPÁ”. Em análise a execução dos experimentos propostos pelos grupos nesta etapa, foi possível constatar que três grupos conseguiram apresentar um roteiro experimental capaz de resolver o desafio com argumentos que melhor se enquadraram com os conceitos científicos trabalhados. Esta etapa da intervenção proporcionou a contextualização dos conteúdos químicos estudados, estimulou no aluno a observação, o pensamento crítico reflexivo e o desenvolvimento de habilidades de manipulação e resolução de problemas aqui investigados.

CONCLUSÕES: A aplicação desta intervenção não só serviu para contextualizar os conceitos trabalhados pelo professor em sala de aula e avaliar a construção dos conhecimentos aprendidos pelos alunos, como também desenvolveu nos estudantes o senso crítico reflexivo e a formação de um espírito investigativo. O entusiasmo pela aula e a construção de uma aprendizagem mais significativa também foram algumas das constatações desta intervenção, uma vez que o interesse dos estudantes em resolver a situação-problema colaborou para promover o resgate dos conteúdos ministrados outrora em sala de aula e no laboratório.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a Secretaria de Educação do estado de Pernambuco e aos órgãos de fomento CAPES e CNPq.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABREU, F. M. et al. Utilizando Objetos de Aprendizagem no Processo de Ensino e Aprendizagem de Química no Ensino Médio: o Caso dos Óxidos e da Poluição Atmosférica. In: XII Workshop de Informática na Educação, XXVI Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, Campo Grande-MG, 2006, p. 336.

ARRUDA, A. M. et al. O Rio Capibaribe: Um Ecossistema Numa Situação de Estudo Interdisciplinar no Ensino Médio. Educação Ambiental em Ação. n. 10, 2004.

CHASSOT, A. I. Uma história da educação química brasileira: sobre seu início discutível apenas a partir dos conquistadores. Epistéme, Porto Alegre, v. 1, n. 2, p. 129-146, 1996.

FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R.; OLIVEIRA, R. C. Ensino Experimental de Química: Uma Abordagem Investigativa Contextualizada. Química Nova na Escola, v. 32, n. 2, p. 101-106, 2010.

GUEDES, J.M. et al. Utilização da Temática Cosméticos na Construção de Conceitos Químicos. Rev. Bras. de Quím., 2, 2008, p. 56.

SUART, R. C.; MARCONDES, M. E. R.; CARMO, M. P. Atividades Experimentais: Utilizando a Energia Envolvida nas Reações Químicas para o Desenvolvimento de Habilidades Cognitivas. VIIEnpec, 2009.

SILVA, D. P.; MARCONDES, M. E. R.; AKAHOSHI, L. H. Atividades experimentais de natureza investigativa no ensino de Química: perspectiva discursiva de um grupo de professores. XV ENEQ, 2010.