ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: A PREOCUPAÇÃO COM A MERENDA SAUDÁVEL E O ENSINO DA QUÍMICA
AUTORES: Barros, T.T. (UFU) ; Sousa, L.C. (UFU) ; Garcês, B.P. (UFU) ; Cunha, R.A. (UFU)
RESUMO: A alimentação escolar é uma das vertentes mais importantes da nutrição infantil. E
através desse tema é possível relacionar a vários assuntos dentro do conteúdo de
química, física e biologia.
PALAVRAS CHAVES: merenda; educação; interdisciplinaridade
INTRODUÇÃO: Baseando-se em experiências próprias e em diversos relatos já vistos, a
alimentação às vezes constitui-se no interesse mais básico que um aluno pode
expressar ao frequentar uma escola.
Até o final da década de 80, a alimentação era regida basicamente segundo os
critérios do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O propósito fora
suprir cerca de 15% da necessidade nutricional de alunos de escolas públicas e
instituições filantrópicas pelo país, através do fornecimento de alimentos
liofilizado e desidratados pelo governo federal. A descentralização completa do
PNAE em 1994, resultando numa administração local auxiliou na diversificação de
cardápios voltados a alimentos e pratos regionais, com maiores índices de
aceitação. A alimentação nas escolas brasileiras assume papel importante no
controle da obesidade e doenças cardiovasculares. Mesmo em atividades de física,
química ou biologia, hoje a abordagem de temas alimentares, mostra-se muito
inexpressiva ou abordada de forma pouco interessante.
Essas e outras dissertações levaram ao seguinte problema de pesquisa: “A merenda
escolar é realmente saudável?” O presente trabalho visa observar se a merenda
escolar distribuída em alguns locais no Brasil está realmente saudável do ponto
de vista nutricional. Em Minas Gerais, onde os autores se localizam, fora
aprovada a Lei 898/07 aprovada em 14/08/2009 e atualmente em vigor, que proíbe o
fornecimento de alimentos de baixo valor nutritivo em escolas da Rede Estadual.
Além disto, aproveitamos a importância do tema para explorar as possibilidades
de sua aplicação em aulas de química, física e biologia, visto ser um assunto de
interesse público, prioritário e atual.
MATERIAL E MÉTODOS: Através de diversas consultas em periódicos e internet fez-se uma análise do tipo
de refeição fornecida nas escolas de diversas localidades do país. Através de uma
análise geral, foi possível a descrição de um padrão médio da alimentação do
estudante brasileiro pertencente ao ensino médio. Estudou-se os vários temas
desenvolvidos atualmente no ensino médio, e observou-se a aplicação do tema
“alimentação saudável na escola” a ser aplicado em diversos tópicos associados o
conteúdo de química.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os cardápios observados nas escolas contrariam em grande parte uma alimentação
nutricionalmente bem distribuída, prevalecendo-se em carboidratos, o que
contribui em grande parte para o favorecimento de obesidade e doenças co-
relatas. Cardápios voltados à excessos de carboidratos além de serem mais
econômicos, são justificados por combaterem a fome mais facilmente e possuírem
boas taxas de aceitabilidade.
As aulas de química e física podem explorar a questão energética mediante os
ensinos de termoquímica, que por sinal é um conteúdo misto, explorado tanto pela
física quanto pela química. A própria unidade caloria, já pode resultar em
debates que visam a construção de conceitos e abertura de possibilidades
baseadas no viver de cada estudante presente.
As aulas de química orgânica, podem também explorar alimentos presentes na
merenda do dia, para a realização de práticas, pois quando se vê o alimento
retirado da própria escola, á uma maior aceitação da correlação
ciência/cotidiano. Por exemplo, a retirada do molho bolonheza feito na própria
cantina para uma aula de quantificação de proteínas com ninidrina. Ao oferecer
bananas, é possível uma análise até mesmo in loco (sem a necessidade de
laboratório ou estruturas de média complexidade) do teor de amido pelo
gotejamento de iodo em bananas mais verdes e em bananas mais maduras. Sabe-se
que muitos alimentos de alto valor nutricional ainda não são bem recebidos pelas
pessoas, isso em grande parte, devido à falta de informação e de ambientação com
esses alimentos desde a infância. Relembrando as palavras de Viuniski, é
trabalhando na educação alimentar que as crianças poderão se transformar em
agentes de mudanças do amanhã.
CONCLUSÕES: As escolas não apresentam merendas realmente saudáveis do ponto de vista
nutricional, em grande parte devido à baixos recursos oferecidos pelo governo, e
devido à falta de treinamento de pessoal. Os barzinhos ainda continuam vendendo
produtos de baixo valor agregado nas escolas o que desestimula em grande parte o
consumo de alimentos naturais. Existem diversas maneiras de se abordar o tema. O
trabalho mostra também que é possível abranger esses temas uma vez que eles fazem
parte da atual base de formação curricular sem se tornar parte de uma mera
preocupação alimentar.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos à FAPEMIG pelo apoio financeiro, e ao Instituto de Química (IQUFU).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Brasil, Ministério da Educação, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Manual do Conselho de Alimentação Escolar
(CAE). Brasília; 1999.
Pipitone MAP, Gandini. RPC. Programa de alimentação escolar: um estudo sobre descentralização, escola e educadores. Saúde
em Rev 2001;33-41.
Viuniski, N. Projeto escola saudável: a ABESO aposta nessa idéia. Revista Abeso, São Paulo, a. 4, n. 16, out. 2003. Disponível
em: <http://www.abeso.org.br/revista/revista16/projeto_escola.htm>. Acesso em: 14 fev. 2010.