ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: ABORDANDO A QUÍMICA DENTRO E FORA DA ESCOLA: UMA METODOLOGIA DESENVOLVIDA PELOS BOLSISTAS DO PIBID/UFCG COMO PROPOSTA PARA O ENSINO DE QUÍMICA
AUTORES: Santos, C.S. (UFCG) ; Santos, J.A.M. (UFCG) ; Araújo, M.L.M. (UFCG) ; Lucena, M.H.N. (UFCG) ; Porto, T.N.V. (EEEFMOVS)
RESUMO: O presente trabalho relata atividades que foram realizadas dentro e fora da escola sobre o tratamento da água para o abastecimento público com o intuito de desenvolver nos alunos habilidades que até então não eram apresentadas pelos mesmos. Para isso foi feito um experimento simples que mostra as principais etapas do tratamento de água e visitas ao açude Boqueirão do cais que abastece a cidade de Cuité-PB e a estação de tratamento municipal. Dessa maneira foi possível instigar o interesse dos alunos e desenvolver uma capacidade cognitiva mais significativa.
PALAVRAS CHAVES: experimentação; tratamento de água; capacidade cognitiva
INTRODUÇÃO: Dos 1.386 quatrilhões de toneladas de água existentes no planeta, apenas 2,5%
são água doce. Dessa já reduzida parcela, tão-somente 0,3% corresponde à água
existente em rios e em lagos (REBOUÇAS, 1999). A água presente nessas e em outras fontes precisam de um tratamento adequado antes de ser fornecida para o abastecimento público para minimizar qualquer tipo de contaminação, evitando a transmissão de doenças.
Para promover o abastecimento de água, faz-se necessária a potabilização das águas naturais. Este processo consiste na adequação da água bruta aos padrões de potabilidade vigentes estabelecidos pela Portaria nº 518 de 25 de Março de 2004. De modo geral, o tratamento de água consiste na remoção de partículas suspensas e coloidais, matéria orgânica, micro-organismos e outras substâncias possivelmente deletérias à saúde humana presentes nas águas. (BOTERO, 2009).
No ensino de química não é suficiente os alunos aprenderem processos químicos, mas que os mesmos possam adquirir habilidades para relacionar o que é estudado com seu mundo real. Desta maneira o que é estudado ganha significado e a aprendizagem se torna mais significativa.
Nesse enfoque o intuito desse trabalho é mostrar que a partir de um experimento simples podemos mostrar a alunos os principais procedimentos que estão envolvidos no tratamento de água para o abastecimento público e ao relacionar esse experimento com atividades realizadas fora da escola possibilita o desenvolvimento de habilidades por parte dos alunos, além de instigar o interesse dos educandos desenvolvendo uma capacidade cognitiva mais significativa.
MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente foi feita uma visita ao açude que fornece água para o abastecimento da cidade (figura 1), onde os alunos coletaram amostras de água com garrafa pet para ser utilizada no experimento. Na escola os alunos iniciaram a montagem do filtro natural, onde foi utilizado cascalho, areia grossa, areia fina e uma garrafa pet. Para tanto, as amostras de areia foram lavadas até que a água usada nesse processo ficasse limpa. Posteriormente fez-se a montagem do filtro, onde os alunos cortaram a garrafa pet ao meio e utilizando a parte que contem o gargalo colocaram primeiro o cascalho, depois a areia grossa e em seguida a areia fina (figura 2).
Após a montagem do filtro foi realizado a coagulação, para isso foi colocado uma pequena quantidade de barro em cerca de 250 ml de água coletada no açude para ficar um pouco mais suja. Foram utilizados cloreto de alumínio (AlCl3) e hidróxido de sódio (NaOH), os quais foram misturados 50 ml desses reagentes na água suja. Logo depois essa mistura foi agitada e colocada em repouso por dez minutos em um béquer, fazendo assim a decantação no qual foi separada a água suja da água mais limpa.
Feito isso, iniciou-se a filtração, na qual a água obtida após a coagulação foi colocada aos poucos no filtro, onde a água filtrada foi sendo coletada em um béquer. Esse processo foi repetido por três vezes com a água filtrada para obtenção de uma água cada vez mais limpa, onde os alunos puderam perceber a diferença entes e depois da filtração.
Por último foi realizada a visita ao sistema de tratamento municipal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O Ensino de Química tem sido uma das grandes preocupações para pesquisadores em educação nas últimas décadas, pois para muitos alunos a química é uma ciência hermética, por conseguinte, sendo muito complicado para professores tornarem-na mais atraente e menos difícil a sua compreensão (LIMA, 2011). Nesse contexto destaca-se o uso de meios alternativos para mostrar ao aluno que a química é uma ciência do cotidiano.
Esse experimento permitiu uma discussão sobre vários conceitos químicos, tais como: ligações químicas; mistura e separação de mistura; as principais propriedades da água, entre outros, além dos alunos tomarem conhecimento de como é feito o tratamento da água que eles utilizam. Permitiu também discussões de temas ambientais e de relevância para a sociedade, entre eles podemos citar: ciclo hidrológico; poluição e escassez das águas, assim como a importância do uso da mesma de forma consciente; condições adequadas para o consumo da água; riscos a saúde ao ingerir uma água inadequada para o consumo, dentre outros.
Ao realizarmos a visita a estação de tratamento os alunos perceberam algumas diferenças, aprenderam que na etapa de coagulação os reagentes químicos usados eram sulfato de alumínio e hidróxido de cálcio, mas produzem o mesmo composto: hidróxido de alumínio, como também foi produzido com os reagentes usados no experimento. Os alunos discutiram que faltavam etapas no tratamento como a fluoretação, exigida pelo ministério da saúde, e alguns equipamentos estavam enferrujado e sem manutenção, explicando assim a má qualidade da água fornecida por essa estação de tratamento. Nesse momento foi observado o desenvolvimento do senso critico dos alunos. Isso foi possível devido os alunos terem adquirido alguns conhecimentos durante o experimento realizado.
Figura 1
Figura 1: Visita ao açude que fornece água para o abastecimento da cidade de Cuité-PB.
Figura 2
Figura 2: Processo de filtração realizado pelos alunos.
CONCLUSÕES: A partir dessa metodologia foi possível mostrar aos alunos que a química nos rodeia e a realização de atividades dentro e fora da escola deixou isso, se certa forma, mais definido. Os alunos puderam entender os conceitos químicos que foram discutidos e relacioná-los a seu mundo real, notando a importância e o significado para o que foi estudado.
Assim a metodologia aqui empregada mostrou-se significativa, tendo em vista que, além dos conteúdos trabalhados, o senso crítico foi uma das habilidades desenvolvida pelos alunos.
AGRADECIMENTOS: A CAPES pela bolsa de Iniciação a docência, no âmbito PIBID/UFCG/CES, vigência 2011 - 2013.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BOTERO, W. G. Caracterização de lodo gerado em estações de tratamento de água: perspectivas de aplicação agrícola. Quim. Nova, Vol. 32, Nº 8, 2018-2022, 2009.
LIMA, S. F. F.; et al. A importância do uso de recursos didáticos alternativos no ensino de química: uma abordagem sobre novas metodologias. Enciclopédia biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, Nº 12; 2011.
REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. (Org.). Águas doces no Brasil. São
Paulo: Escrituras, 1999. 717 p.