ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Extrato de feijão preto como indicador ácido base no contexto do dia a dia

AUTORES: Portes, E.V.S. (IFRS - CAMPUS FELIZ) ; Crizel, L.E. (IFRS - CAMPUS FELIZ)

RESUMO: Este trabalho foi realizado com uma turma do segundo ano do Ensino Médio do IFRS – Câmpus Feliz a fim de proporcionar a aproximação da teoria e prática no Ensino de Química utilizando conhecimentos construídos em sala de aula a partir da contextualização do dia a dia. Foi realizada uma aula prática de ácidos e bases do cotidiano utilizando o extrato de feijão preto como indicador. A partir daí, foi construída uma tabela de coloração do indicador com o respectivo pH. Os alunos participaram não só da execução dos experimentos, mas também da construção da aula escolhendo os materiais utilizados e construindo um medidor de condutividade. A experiência possibilitou a participação do aluno como sujeito do processo ensino aprendizagem inovando na prática didática.

PALAVRAS CHAVES: Ensino de Química; ácidos e bases; contextualização

INTRODUÇÃO: A Química é uma ciência experimental, sendo assim são necessárias atividades práticas para melhor compreendê-la, mas vários são os desafios encontrados nesse caminho, tais como: pouco tempo para trabalhar todo conteúdo, turmas com muitos alunos e falta de laboratório. Outra questão é que se a experimentação não fizer parte de um contexto e for só repetição de um protocolo este aprendizado fica sem significado para o aluno, tornando-se desinteressante e ineficaz, pois não articula a teoria e a prática (De JONG, 1998). A prática facilita a aprendizagem quando é realizada de forma contextualizada (MELLO, 2004). O aluno deve ser parceiro de trabalho do professor, deve aprender reconstruindo para desenvolver a crítica e a criatividade. Desta forma, precisa ser participativo e não apenas repetir receitas prontas (DEMO, 1996). Os indicadores de pH são substâncias que mudam de cor quando estão em meio ácido ou básico. O extrato de feijão preto pode agir como indicador ácido-base. Ele apresenta uma coloração escura de tom azulado e muda de cor dependendo do meio. Esta variação de cor é devida a presença de antocianinas (SOARES et al., 2001; SOARES, 2001). Este trabalho tem como objetivos, enriquecer a aula através da experimentação, propiciar um processo de ensino aprendizagem contextualizado, desenvolver habilidades de organização e raciocínio, possibilitar o trabalho em grupo, fazer com que o aluno participe efetivamente da aula, testar a eficácia do extrato de feijão preto como indicador ácido base, construir uma tabela de cores do indicador de acordo com a variação de pH, conhecer o caráter ácido-base de algumas soluções usadas no cotidiano, testar a condutividade dos ácidos e bases e aproximar o conteúdo ácido base do dia a dia dos alunos.

MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho foi realizado na turma de segundo ano do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, IFRS – Câmpus Feliz. Inicialmente foram ministradas aulas de Ácidos e Bases de Arrhenius, pH e indicadores ácido-base baseadas no livro didático. No segundo momento foi proposta uma atividade para a aula seguinte. Para a realização dessa atividade a turma foi dividida em quatro grupos (ácidos, bases, indicadores e condutividade). Os grupos de ácidos e bases precisavam descobrir alguns ácidos e bases que fazem parte do cotidiano e levar algumas amostras. O grupo de indicadores deveria fazer uma apresentação sobre indicadores naturais e o grupo da condutividade iria produzir um aparelho para medir a condutividade elétrica das soluções. A professora ficou encarregada de levar copos plásticos, caneta de retroprojetor, fita indicadora de papel de pH e o indicador extrato de feijão preto que foi obtido a frio após 5 horas de imersão do feijão em água. A aula iniciou com a apresentação dos indicadores naturais. Em seguida os alunos apresentaram os materiais e fizeram soluções que foram colocadas em copos transparentes e devidamente identificadas. As amostras analisadas foram: vinagre, suco de limão, suco de laranja, suco de tangerina, sabão em pó, detergente, água de torneira, água mineral, refrigerante, sapólio e soda cáustica. Foi solicitado que verificassem a condutividade elétrica e o pH das soluções cotidianas. Foi testado o extrato de feijão preto como indicador ácido base. Após a adição do indicador na solução foi anotada a coloração. Os alunos foram orientados a construir uma tabela relacionando o pH e a coloração do indicador extrato de feijão preto. A atividade foi realizada em sala de aula.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todas as soluções passaram pelo teste de condutividade elétrica com o aparelho produzido pelo grupo e foi verificado que quanto mais forte o ácido e a base testados, maior era a intensidade da luz emitida pela lâmpada. O experimento comprovou que ácidos e bases fortes são bons condutores de eletricidade devido a maior quantidade de íons em solução. Os alunos construíram uma escala de pH para o indicador extrato de feijão preto a partir das soluções do cotidiano.

tabela

Tabela 1 - Resultado da acidez e basicidade de materiais do dia a dia utilizando o indicador extrato de feijão preto.

CONCLUSÕES: A aula prática foi desenvolvida com sucesso evidenciando que é possível realizar experimentos em sala de aula, com um custo baixo e utilizando materiais do cotidiano. O experimento foi eficaz, pois possibilitou a motivação dos alunos que puderam verificar o caráter ácido básico de soluções presentes no seu dia a dia utilizando o extrato de feijão preto como indicador.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: De JONG, Investigátion Didáctica: los experimentos que plantean problemas em las aulas de Química: Dilemas y Soluciones. Enseñanza de las Ciencias v.16, n. 2 p. 305 a 314.

DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996.

GUIMARÃES, C. C. Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e Descaminhos Rumo à Aprendizagem Significativa. Revista Química Nova na Escola.Vol. 31, N° 3, 2009.

MELLO, G. N. de; DALLAN, M. C.; GRELLET, V.. Por uma didática dos sentidos (transposição didática, interdisciplinaridade e contextualização). In: MELLO, G. N. de. Educação escolar brasileira: o que trouxemos do século XX? São Paulo: Artmed, 2004. p. 59-64.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1998.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Ensino Médio/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 2000.

SOARES, M.H.F.B.; CAVALHEIRO, E.T.G. Aplicação de Extratos Brutos de Quaresmeira e Azaléia e da Casca de Feijão Preto em Volumetria Ácido-Base. Um Experimento de Análise Quantitativa. Química Nova, v.24, n.3, p 408-411, 2001.

SOARES, M.H.F.B.; SILVA, M. V.B.; CAVALHEIRO, E.T.G. Aplicação de Corantes Naturais no Ensino Médio. Eclética Química, v.26 São Paulo, 2001.