ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Matéria orgânica e coliformes fecais: Estudo de caso em estação de tratamento de esgoto na cidade de Juazeiro-BA

AUTORES: Amorim, M.C.C. (UNIVASF) ; Souza, T.J.S. (UNIVASF) ; Oliveira, L.C. (UNIVASF) ; Nunes, S.M.N. (UNIVASF) ; Luz, S.N.L. (UNIVASF)

RESUMO: Este trabalho refere-se à estudos de matéria orgânica e coliformes fecais realizados em Estação de Tratamento de Esgoto no município de Juazeiro, BA, objetivando avaliar a eficiência de tratamento de uma lagoa facultativa. Foi observado que o pH das amostras analisadas estiveram dentro dos parâmetros de qualidade permitidos; houve remoção de DBO no primeiro mês da campanha, enquanto que a DQO entre a segunda e terceira campanha tiveram redução de tal parâmetro. A remoção de coliformes mostrou-se eficiente nas diferentes campanhas, apresentando remoção de 85,3% e 82,3% na segunda e terceira campanha respectivamente. A ETE apresentou eficiência na remoção nos parâmetros estudados, principalmente na remoção de microrganismos termotolerantes.

PALAVRAS CHAVES: Matéria orgânica; Lagoas facultativas; Eficiência de Remoção

INTRODUÇÃO: Embora o esgoto doméstico contenha 99,9% de água a fração restante correspondente a 0,1% contém sólidos orgânicos, suspensos e dissolvidos, e ainda microrganismos sendo esta parcela a responsável pela degradação de corpos d’água e do meio ambiente e a que necessita de tratamento. Para Metcalf & Eddy (2003), a matéria orgânica presente nos esgotos é constituída principalmente por proteínas, carbohidratos, gorduras e óleos, uréia, fenóis. Por praticidade são adotados métodos indiretos para determinação da matéria orgânica baseados na medição do consumo de oxigênio, tais como da demanda bioquímica e química de oxigênio (SPERLING, 2005). A diversidade dos patógenos entre os microrganismos dos esgotos é bastante variável estando entre eles bactérias, vírus e protozoários. Sua investigação é realizada através da pesquisa de bactérias do grupo coliforme, especificamente a Escherichia coli, pois é a única que dá garantia de contaminação exclusivamente fecal (SPERLING, 2005). O tratamento de esgoto consiste na modificação das características físico-químicas e microbiológicas, (TAKEUTI & MATSUMOTO, 2004) e, entre as técnicas mais comuns no Brasil, destacam-se as lagoas de estabilização, devido sua simplicidade e eficiência na remoção de matéria orgânica e microrganismos. Faz-se mister garantir que as características dos esgotos atendam aos padrões de lançamento. O monitoramento de parâmetros de qualidade de forma contínua ou periódica é utilizado para acompanhamento do controle da qualidade de esgotos. Assim o presente trabalho foi realizado a partir do monitoramento periódico da Estação de Tratamento de Esgotos, no município de Juazeiro, BA para fins de verificação de atendimento a normas ambientais em termos de matéria orgânica e coliformes fecais.

MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido na cidade de Juazeiro, BA especificamente no bairro Jardim Flórida, município de Juazeiro, no norte do Estado da Bahia, onde se localiza uma Estação de Tratamento de Esgoto do tipo lagoa facultativa. O município tem uma área de 6.500,679 Km2 e uma população de 197.965 habitantes (IBGE, 2011), o bairro Jardim Flórida possui uma população de cerca de 2960 habitantes com base em dados da COELBA e do SAAE em número de ligações de água e de energia. O sistema de tratamento de esgotos é do tipo centralizado de forma que a cidade possui apenas duas estações de tratamento de esgotos, sendo uma localizada no bairro Jardim Flórida e a outra no bairro Tabuleiros. As amostras de esgoto da ETE foram submetidas a análises de parâmetros físico-químicos, microbiológicos e matéria orgânica (M.O) em função das seguintes variáveis de qualidade: potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica (CE), Coliformes Fecais (E. coli), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO) seguindo-se as recomendações metodológicas do Standard Methods for Examination of Water and Wasterwater (APHA, 1995), todos determinados no Laboratório de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Vale do São Francisco. Os pontos de amostragem da ETE foram definidos em função dos esgotos brutos, afluente à lagoa e de esgotos tratados, efluentes. O monitoramento de parâmetros de qualidade foi de forma periódica por três (03) meses consecutivos, em período não chuvoso, compondo três campanhas de coletas, sendo calculadas eficiências de remoção (ER) das cargas poluidoras afluentes à estação de tratamento. As normas ambientais norteadoras da avaliação são a Resolução CONAMA 357/2005 e 430/2011 a nível federal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A tabela 1 apresenta os resultados físico-químicos e matéria orgânica. O pH esteve entre 7,19 e 7,99 nas diferentes campanhas, estando em acordo com CONAMA n° 430/2011, cujos valores de pH devem estar entre 5 e 9. A CE do esgoto afluente manteve-se entre 563 – 784,4 µS/cm e 574,9 – 630,5 µS/cm no efluente. A Resolução 357/2005 e a 430/2011 não preconizam valores de coliformes nos efluentes para lançamento. A remoção de patógenos foi de 85,30% e 82,35%. Mesmo com elevadas remoções, o que indica boas eficiências de tratamento, os valores de coliformes nos efluentes da ETE são superiores ao preconizado pela 357/2005 para corpos receptores não devendo exceder a 1000 coliformes termotolerantes em 100 mL de amostra, fazendo-se necessário a verificação da qualidade do corpo receptor. Na primeira campanha o valor de DBO5 afluente foi 556 mg/L, efluente 111 mg/L, e ER de 80%, indicando boa eficiência de tratamento (Figura 02). Nas demais campanhas a DBO5 afluente apresentou valores menores que a dos efluentes, impossibilitando a avaliação da ER. Segundo a Res 430/2011, para o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas de tratamento de esgotos sanitários deverão ser obedecidas às condições e padrões específicos de no máximo 120 mgDBO5/L, podendo este limite ser ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com ER mínima de 60%, e assim a ETE atendeu ao preconizado pela norma, para a primeira campanha. Quanto à DQO observou-se que os valores da primeira e segunda campanhas foram de 848,72 e 611,31 para o afluente e efluente e de 328,77 e 313,31 respectivamente, com ER 61,23% e 48,75%, fato que mostra ER da M.O. Na terceira campanha houve acréscimo da DQO, com valores de 365,92 mg/L na entrada e 375,78 mg/L na saída da ETE, impossibilitando o cálculo da ER.

Tabela 1

Resultados das análises dos parâmetros físico- químicos e microbiológicos dos esgotos afluente e efluente da ETE.

Figura 2

Resultados de DBO e DQO dos esgotos afluentes e efluentes da ETE Jardim Flórida

CONCLUSÕES: Os parâmetros de qualidade de efluentes das lagoas de estabilização apresentaram valores de pH permitidos pelo Conama 357. As lagoas apresentam eficiência na remoção de coliformes, no entanto esses valores ainda são superiores ao permitido pelo Conama nº 357, onde os limites de lançamento devem está de acordo com o tipo de classe o qual o rio pertence. Com relação à DBO, o mês de agosto apresentou eficiência na remoção de tal parâmetro, quanto a DQO maior degradação nos dois primeiros meses.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a UNIVASF e ao SAAE de Juazeiro pelo apoio ao trabalho realizado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (1995). 19th ed, American Public Health Association/American Water Works Association/Water Environment Federation, Washington DC, USA.

BRASIL. Resolução CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005. Conselho Nacional do Meio Ambiente: CONAMA, Brasília, DF,17 mar 2005.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 430, de 13 de maio de 2011. Conselho Nacional do Meio Ambiente: CONAMA, Brasília, DF, maio de 2011.

SPERLING M. Von Princípios do tratamento biológico de águas residuárias – Volume 1: Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental - UFMG. Belo Horizonte, 240 p., 1995.

TAKEUTI, M.R.S.; MATSUMOTO, T.; AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE DBO, SÓLIDOS TOTAIS E COLIFORMES EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO COM CHICANAS NO TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO. Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental.