ÁREA: Ambiental
TÍTULO: SEPERAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE PRATA EM RESÍDUOS DO LABORATÓRIO DE QUÍMICA ANALÍTICA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DA UFMG
AUTORES: Lacerda, I.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Duarte, F.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Araújo, N.C.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Costa, E.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Freitas, C.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Oliveira, S.B. (UNIVESIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS)
RESUMO: A maioria dos resíduos químicos gerados nos laboratórios do ICA-UFMG não passam por uma gestão adequada, sendo que, muitos desses resíduos, contêm metais pesados que são descartados diretamente na rede de esgoto.
O objetivo desse trabalho é a separação e recuperação da prata dos resíduos gerados no laboratório de Química Analítica, com intuito de evitar o descarte desse poluente, reutilizando nas próximas aulas praticas.
O cátion prata (Ag+) pertence ao grupo I (VOGEL 1981), logo pode ser precipitado como cloreto com a adição de HCl diluído. O corpo de fundo é separado com uma filtração.A amostra sólida foi secada e transformada em óxido de prata, para um melhor armazenamento.
A quantidade final de óxido de prata não é “lucrativa” levando em consideração o processo de recuperação.
PALAVRAS CHAVES: resíduos; recuperação; prata
INTRODUÇÃO: O laboratório de Química Analítica do ICA-UFMG não produz uma quantidade de prata alarmante, mas não se deve ignorar esse resíduo. Separar e recuperar metais pesados é algo que devia ser adotado em todo laboratório de pesquisa ou de ensino. O trabalho promove essa idéia dentro do Instituto de Ciências Agrárias.
A adoção de atividades de gestão de resíduos de laboratório é uma ação conservadora que evita poluir o meio ambiente, evita o desperdício de material e se for incluída como atividade educativa pode dar maior significado às aulas práticas. Dentro desse contexto, diversas Instituições Federais, Estaduais e Particulares no Brasil vêm buscando gerenciar e tratar seus resíduos de forma a diminuir o impacto causado ao meio ambiente, criando também um novo hábito a fazer parte da consciência profissional e do senso crítico dos alunos, funcionários e professores (AFONSO et al., 2003).
Estudos sobre a destinação final de resíduos laboratoriais de instituições de ensino e pesquisa tornaram se alvo de projetos que visam oferecer uma solução para esses problemas, pois as instituições de ensino são grandes formadoras de opiniões internas e externas, propor uma gestão de resíduos focando a questão da preservação do ambiente e a reciclagem/reutilização de compostos químicos dentro destas instituições é um bom começo para formar ideais de reciclagem de resíduos, seja “lixo” químico ou não.
MATERIAL E MÉTODOS: A amostra de resíduo utilizado é proveniente da prática de volumetria de precipitação pelo Método de Mohr (VOGEL et al., 2002). Foram realizados três tipos de Testes, cada tipo de teste foi feito em triplicata.
1. Teste 1
Três alíquotas de 100 ml foram pipetadas cada uma para um béquer. Utilizou-se como reagente precipitante da prata uma solução saturada de NaCl (BENDASSOLLI et al., 2003) com concentração de 3,4 mol L-1, 100 ml em cada amostra.
AgNO3(aq) + NaCl(aq) AgCl(s)
A solução com corpo de fundo foi filtrada para a remoção do cloreto de prata. A amostra sólida foi secada em uma estufa. Ao precipitado foi adicionado 20 ml de solução de NaOH 5 mol L-1.
2AgCl(s) + 2NaOH(aq) Ag2O(s) + 2NaCl(aq) + H2O
A solução foi filtrada e o sólido foi secado a pesagem.
2. Teste 2
Três alíquotas de 100 ml foram pipetadas cada uma em um béquer. Uilizou-se 10 g de NaCl P.A. cristalizado em cada amostra.
AgNO3(aq) + NaCl(s) AgCl(s)
A solução foi filtrada. O sólido foi secado .Ao precipitado foi adicionado 20 ml de solução de NaOH 5 mol L-1 precipitando Ag2O ocorrendo a mesma reação do Teste 1.
O processo de filtração e secagem do sólido foi repetido nesse teste para a pesagem do oxido de prata.
3. Teste 3
Três alíquotas de 100 ml do resíduo foram pipetadas cada uma para um béquer. A metodologia utilizada é da separação de cátions do grupo I. 100 ml de HCl 0,1 mol L-1 foi adicionado em cada alíquota.
AgNO3(aq) + HCl(aq) AgCl(s)
A filtração para separar o cloreto de prata da solução também ocorre nesse procedimento.
Após a filtração, a amostra sólida é secada na estufa. Ao precipitado é adicionado uma solução de 20ml de NaOH 5 mol L-1. A reação ocorrida é a mesma do teste 1 e 2.
A solução é filtrada, a parte sólida é secada para a pesagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foi eficiente a separação da prata do resíduo, nos testes de determinação de prata nos resíduos líquidos após a filtração, foram negativos quanto à presença da prata. O peso de prata obtido em cada amostra foi:
Alíquota 1 do Teste 1: 0,0683 g
Alíquota 2 do Teste 1: 0,0135 g
Alíquota 3 do Teste 1: 0,0115 g
Alíquota 1 do Teste 2: 0,0369 g
Alíquota 2 do Teste 2: 0,0505 g
Alíquota 3 do Teste 2: 0,0414 g
Alíquota 1 do Teste 3: 0,0694 g
Alíquota 2 do Teste 3: 0,0455 g
Alíquota 3 do Teste 3: 0,0371 g
Total: 0,3741 g
O processo pra transformar o cloreto de prata em óxido de prata foi eficiente, porém a quantidade de prata retirada do filtro em cada amostra foi pequena, então para a pesagem utilizou-se todo o oxido de prata obtida, tendo como peso total:
0,0441 g
Na transformação do AgCl em Ag2O, um novo resíduo foi gerado, esse resíduo contem íons de Cl- e Na+, foi feito um teste de determinação de prata nesse resíduo, dando negativo foi possível fazer o seu descarte.
peso das amostras
CONCLUSÕES: Pelos resultados obtidos, conclui-se que recuperar prata no laboratório de Química Analítica no ICA-UFMG ainda é inviável, pelo alto custo de matérias e pela pouca obtenção desse metal. Porém, foi observado que, separar a prata utilizando a metodologia do Teste 3 é vantajoso, pois o cloreto de prata em forma sólida traz mais facilidade de armazenamento e possibilita o descarte do resíduos liquido.
Lembrando que o resíduo utilizado nos testes contém K2CrO4, um resíduo altamente poluente, portanto deve-se separar o íon CrO4-2 do resíduo para se realizar o descarte adequado.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AFONSO, J.; NORONHA, L.; FELIPE, R.; FREIDINGER, N. Gerenciamento de resíduos laboratoriais: recuperação de elementos e preparo para descarte final. Química Nova, v.26, n.4, 2003.
BENDASSOLLI, J.; TAVARES, G.; IGNOTO, R.; ROSSETI, A. Procedimentos para recuperação de Ag de resíduos líquidos e sólidos. Química Nova, v.26, n.4. 2003.
VOGEL, A.; Química Analítica Qualitativa. 5. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1981.
VOGEL, A.; Análise Química Quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC-Livros Técnicos e Científicos, 2002.