ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Avaliação da produção de massa seca na cultura de milheto através de adubação organo-mineral enriquecida com ácido cítrico
AUTORES: Rodrigues, L.A.N. (IFGOIANO - CAMPUS RIO VERDE) ; Vanin, L.G.S. (UNIVERSIDADE DE RIO VERDE) ; Benites, V.M. (EMBRAPA - SOLOS) ; Araújo, A.P. (UFRRJ) ; Braghiroli, R. (IFGOIANO - CAMPUS RIO VERDE)
RESUMO: Os fertilizantes organo-minerais representam uma alternativa bastante promissora para utilização de rejeitos agroindustriais. Estudos recentes demonstram que a adição de ácidos orgânicos de baixo peso molecular à rochas fosfatadas com baixos teores de fósforo lábil pode aumentar a disponibilidade deste nutriente. Neste projeto realizou-se estudo em casa de vegetação para determinar a eficiência de produção de massa seca em cultura de milheto tratada com fertilizante organo-mineral enriquecido com ácidos orgânicos. Observou-se um aumento de 15% na disponibilização de fósforo em fertilizante preparado utilizando como fonte orgânica cama de aviário e fonte mineral monoamôniofosfato (MAP), já a utilização de rochas fosfatadasfosfato natural de Bayóvar não apresentaram resultados significativo
PALAVRAS CHAVES: rochas fosfatadas; ácidos orgânicos; cama de aviário
INTRODUÇÃO: O Brasil é o quarto maior consumidor mundial de nutrientes para a formulação de fertilizantes, representando cerca de 5,7% do consumo mundial (ANDA,2011). O fertilizante organo-mineral comparado ao fertilizante mineral apresenta um custo relativamente inferior, porém, seu potencial químico reativo é menor, mas sua solubilização é gradativa no decorrer do período de desenvolvimento da cultura, quando a eficiência agronômica pode se tornar maior (KIEHL et al.,1985).
A presença de depósitos de fosfato naturais em alguns países, fornece um incentivo para a direta aplicação ou tratamento químico locais a baixo custo para melhorar a solubilidade de rochas fosfatadas (KPOMBLEKOU-A et al,2003).
Jayman et al, (1975) observou que raízes de plantas jovens de chá continham quantidades apreciáveis de ácido málico capazes de solubilizar P, Fe e Al de fertilizantes fosfatados minerais. Quando esse solo era incubado com adição de ácido málico liberava quantidades consideráveis de fósforo, Ferro e Alumínio, constatando que o ácido málico pode revelar-se útil na quelação destes elementos e assim liberar o fosfato para a utilização pelas plantas.
Kpomblekou-A et al, (2003) estudou o efeito da aplicação de diferentes ácidos orgânicos na solubização de fósforo presente em rochas naturais verificando que quanto menor a quantidade de carbonatos mais fósforo era liberado para a planta.
Observou-se também que o enriquecimento de adubos orgânicos com fosfatos naturais pode levar à solubilização de uma fração do P desses fosfatos (MISHRA et al,1986).
Este trabalho objetivou avaliar a quantidade de massa seca de plantas de milheto cultivadas em casa de vegetação e tratadas com fertilizantes organo-minerais enriquecidos com ácidos orgânicos de baixo peso molecular.
MATERIAL E MÉTODOS: Os fertilizantes foram produzidos utilizando-se cama de aviário (60%), fontes comericiais de fósforo (40%) e ácido cítrico nas concentrações de 10 e 50 mmol/Kg de fertilizante. A mistura foi pulverizada e homogeneizada em liquidificador marca Tron, modelo industrial. Após a homegeneização o material foi levado a um granulador de prato com rotação de 60 rpm e inclinação de 45°, e em seguida secos em estufa marca lucadema, modelo luca 82/336 com circulação de ar por 48 horas e 65°C e posteriormente selecionados os grânulos com diâmetro entre 1 e 2 mm.
Os vasos foram montados com cinco repetições contendo solo coletado (Lat.: 17o46’22,00”S e Long. 51o02’17,00” O) e submetido à análise conforme Mapa (2007). Foram pesadas 40 alíquotas de 5,00 kg e colocadas em vasos plásticos já com a acidez corrigida com CaO. Os fertilizantes foram adicionados ao acaso 4 cm abaixo da superfície. Em seguida foram adicionadas semente de milheto marca Sementes Adriana (ADR300) a uma profundidade de 2 cm. Após a germinação foi feito o desbaste e deixadas 3 plantas por vaso. O processo de irrigação foi manual e diário, mantendo-se constante a capacidade de campo e, a partir do oitavo dia de plantio iniciou-se o processo de nutrição utilizando-se de solução nutritiva de Hoagland & Arnon (1950) sem fósforo. Foi adicionado em intervalos de 4 dias 100 ml por vaso totalizando 8 aplicações.
Quarenta e cinco dias após o plantio as plantas foram cortadas e secas e estufa com circulação de ar a 65°C por 72 horas e, pesadas. Este procedimento se repetiu por mais 3 ciclos com intervalos de oito dias onde o solo foi mantido úmido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A amostra de solo apresentou os seguintes resultados: fósforo 1 ppm; pH 5,4 e teor de argila 43%, demonstrando não haver fósforo significativo no solo capaz de interferir no resultado. A acidez indicada resultou em um tratamento com 1,13g de óxido de cálcio para sua correção até pH 6,7. A capacidade de campo, ou seja, a quantidade de água necessária para saturar 1 Kg de solo foi definida como sendo de 420 ml por quilo.
A figura 1 abaixo mostra a variação de matéria seca produzida quando o milheto foi adubado com fertilizante contendo como fonte mineral o fosfato de Bayóvar. Os resultados não demonstraram o efeito esperado, pois houve uma diminuição da matéria seca logo na primeira coleta e ao longo das demais coletas quando comparada com o controle. Esse fato demonstra que, a atividade dos carbonatos presentes nesta fonte de fósforo impediu sua liberação devido à reação inicial ser uma reação ácido-base, neutralizando assim a ação do ácido cítrico.
Já a figura 2 mostra um crescimento de 10 a 15% na produção de massa seca quanto a fonte de fósforo foi uma fonte isenta carbonatos (monoamôniofosfato – MAP), mostrando que o ácido cítrico favorece fixação de fósforo pela planta.
Estudo demonstram que a presença de nitrogênio no fertilizante fosfatado favorece a fixação de fósforo pelo fato de os íons amônio presentes aumentarem o pH ao redor do grânulo. Neste trabalho este fato não foi relevante, apesar de o fertilzante MAP apresentar 10% de nitrogênio, pois o aumento na produção de massa seca foi comparada ao controle que não possuía apenas a presenção do ácido cítrico.
Figura 1
Massa seca de milheto tratado com fertilizante organo-mineral contendo cama de aviário e fosfato natural de Bayóvar enriquecido com ácido cítrico
Figura 2
Massa seca de milheto tratado com fertilizante organo-mineral contendo cama de aviário e monoamôniofosfato (MAP) enriquecido com ácido cítrico
CONCLUSÕES: A adição de ácidos orgânicos de baixo peso molecular em blendas de fertilizante organo-mineral se mostrou efetiva na disponibilização de fósforo quando a fonte mineral não possui carbonatos presentes. A presença de carbonatos resulta em um efeito negativo na produção de massa seca ocasionando consequentemente uma diminuição na produtividade e a perda do fósforo adicionado ao solo pelo processo de mineralização. O aumento da massa seca quando se utilizou o fertilizante contendo monoamôniofosfato sugere também um aumento na produtividade que será avaliado em experimentos futuros.
AGRADECIMENTOS: Programa de Pós Graduação em Fitotecnia - UFRRJ
PIBIC - IFGoiano - Campus Rio Verde
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDA, A. N. P. A. D. D. A. http://www.anda.org.br/estatisticas.aspx. www.anda.org.br, 2011. Disponivel em: <www.anda.org.br>. Acesso em: 11 abril 2011.
JAYMAN, T. C. Z., SIVASUBRAMANIAM, S. Release of bound iron and aluminium from soils by the root exudates of tea (camellia sinensis) plants. Journal of the Science of Food and Agriculture, Talawakele, Sri Lanka, 26, 30 junho 1975. 1895-1898.
KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. 1. ed. Piracicaba: Agronômica CERES, v. I, 1985. 492 p.
KPOMBLEKOU-A, K., TABATATAI, M.A. Effect of low-molecular weight organic acids on phosphorus release and phytoavailability of phosfhorus in phosfphate rocks added to soils. Agriculture, Ecosystems & Environment, Tuskegee, 100, 2003. 275-284.
MISHRA, M.M., BANKAR, K.C. Rock phosphate composting: transformation of phosphorus forms and mechanisms of solubilization. Biological Agriculture & Horticulture, Hissar, 3, 1986. 331-340.