ÁREA: Ambiental
TÍTULO:  Avaliação da capacidade de retenção de íons metálicos em zeólitas sintéticas quimicamente modificadas
AUTORES:  Coelho Queiroz, J. (IF SERTÃO-PE SERTÃO PERNAMBUCANO)  ; Glaucia Freire Rodrigues, M. (UFCG)  ; Souza Martins, S. (SENAI PETROLINA)  ; Henrique V. Martins, S. (SENAI PETROLINA)  ; Pacheco Gomes da Rocha, L. (UNIVASF)
RESUMO:  As zeólitas são empregadas como adsorventes devido à sua grande área superficial 
específica e a presença de cargas negativas. Este trabalho teve como objetivo 
avaliar a capacidade de retenção de íons Cu e Pb na zeólita Y sintética e 
quimicamente modificada, em diferentes tempos de contato. A ativação ácida 
diminuiu a intensidade dos picos característicos da zeólita Y. As isotermas de 
BET indicaram uma modificação na área superficial específica e na porosidade 
após a adsorção dos íons Cu e Pb. Os resultados mostraram que a zeólita Y 
adsorve preferencialmente os íons Pb, com taxa de retenção superior a 99%. A 
diferença no percentual de remoção pode ser atribuída ao tamanho e a carga dos 
cátions metálicos, a natureza química do cátion compensador e a estrutura 
cristalina.
PALAVRAS CHAVES:  metais pesados; zeólita Y; troca iônica
INTRODUÇÃO:  A crescente expansão demográfica e industrial observada nas últimas décadas 
trouxe como consequência o comprometimento dos corpos hídricos. Existem vários 
métodos de tratamento utilizados para alcançar os níveis de descarga de 
poluentes permitidos pela legislação vigente, entretanto, os processos 
convencionais quando não são economicamente viáveis, são ineficientes na 
separação desses contaminantes. Dentro deste contexto, a utilização de zeólitas 
surge como uma alternativa promissora. Além da eficiência, uma outra importante 
característica das zeólitas é que podem ser recuperadas e reutilizadas, tornando 
o processo economicamente viável e ambientalmente correto. As zeólitas são 
aluminossilicatos hidratados com estruturas cristalinas tridimensionais de 
tetraedros de Si e Al, ligados entre si pelos quatro vértices do oxigênio. Nessa 
configuração, as cargas negativas são compensadas por cátions intersticiais e 
formam uma estrutura aberta, com grandes canais, por onde a água e outras 
moléculas podem se alojar e apresentar liberdade de movimento, permitindo a 
troca iônica [1]. A remoção de metais pesados por troca iônica, têm sido 
amplamente utilizados no tratamento de efluentes industriais [2], entre outros. 
A capacidade de troca catiônica é a quantidade de cátions, que este pode 
adsorver e trocar. A afinidade dos materiais trocadores está relacionada com a 
carga, o tamanho dos íons e a configuração/dimensão dos canais da zeólita [3]. 
Muitos autores, através de tratamentos químicos apropriados, convertem a zeólita 
natural para melhorar sua capacidade de troca iônica [4]. O trabalho teve como 
objetivo avaliar o desempenho de zeólitas na remoção dos íons Cu e Pb presentes 
em solução, como alternativa para o tratamento de efluentes industriais.
MATERIAL E MÉTODOS:  Os testes foram conduzidos a temperatura ambiente utilizando as amostras NaY, HY 
e NH4Y como adsorventes. A zeólita NaY foi sintetizada utilizando o método de 
síntese hidrotérmica [5]. A zeólita NaY foi submetida à troca iônica com cloreto 
de amônio, para obter a forma amoniacal. Esta última amostra foi calcinada a 
500ºC, sob fluxo de nitrogênio, para liberação da amônia e obtenção 
da zeólita na forma ácida (HY). As modificações químicas foram realizadas a fim 
de aumentar a eficiência de retenção dos cátion metálicos presentes em solução. 
As amostras foram caracterizadas por DRX, MEV, TG/DTA, medida da área 
superficial específica pelo método de BET e da Capacidade de Troca Catiônica 
(CTC).  O perfil de difração foi obtido em difratômetro da marca Shimadzu, 
modelo XRD-6000, operando com radiação CuKα (λ=1,548 Å), utilizando-se as 
amostras sob a forma de pó, com ângulo 2θ percorrido de 5º a 45º. A análise 
termogravimétrica foi realizada  em uma termobalança da marca Shimadzu, modelo 
TGA/DSC 50, em uma faixa de temperatura de 25ºC a 1000ºC, taxa de aquecimento de 
20ºC/min, sob fluxo de nitrogênio. A análise morfológica dos materiais foi 
obtida por microscopia eletrônica de varredura (MEV) num microscópio da marca 
Shimadzu, modelo SS-550. A área superficial específica foi medida pelo método de 
BET através da adsorção física do nitrogênio a 77 K obtidas em um equipamento 
Micromeritics ASAP 2020. A CTC foi determinada em um destilador de Kjeldahl. A 
troca iônica foi conduzida de forma descontínua utilizando 1g de adsorvente para 
50 mL de solução contendo os metais de interesse.  A suspensão permaneceu sob 
agitação, em intervalos de tempo de 12 e 24 h. O teor do metal foi determinado 
por AAS com fonte contínua modelo Contínua modelo ContrAA 700, marca Analytik 
Jena.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:  Os difratogramas evidenciaram uma pequena diminuição na intensidade dos 
principais picos na amostra HY, indicando que a ativação ácida não provocou 
danos substanciais à estrutura cristalina. As análises por MEV evidenciaram uma 
morfologia homogênea, com partículas aglomeradas com tamanho uniforme. O 
termograma da amostra NaY mostou a perda de massa de 26% na faixa de temperatura 
de 25–300ºC, atribuída à evaporação de água e impurezas no sólido. A CTC para a 
zeólita NaY foi de 375 meq/100g, indicando uma elevada capacidade para 
substituição isomórfica. As isotermas obtidas são do tipo I, típica de sólidos 
microporosos com limitada mesoporosidade [6].  O loop de histerese próximo à 
saturação indica a presença de mesoporos. A adsorção dos metais provocou uma 
diminuição na área superficial específica e na porosidade da zeólita, atribuída 
à obstrução parcial dos poros pelo metal. As amostras NaY e NH4Y 
apresentaram taxa de remoção de íons Pb de 99,63% e 98,60 %, respectivamente. Os 
resultados apontaram o sódio como cátion mais facilmente trocável quando 
comparado aos íons amônio e hidrogênio. A facilidade na substituição ocorre 
devido à fraca interação com a estrutura do sólido, aliada ao raio iônico e aos 
grandes canais da zeólita, que facilita a difusão do cátion. A ativação ácida 
diminuiu a taxa de retenção, que pode ter ocorrido devido a diminuição dos 
sítios de adsorção, por consequência da ativação, ou devido o íon hidrogênio ser 
resistente à substituição. As amostras avaliadas adsorvem preferencialmente o 
chumbo. A afinidade dos materiais trocadores está relacionada com a carga e o 
tamanho dos íons em solução. Para cátions de mesma valência (Cu e Pb) a 
seletividade aumenta com a diminuição do raio iônico hidratado, que é o caso do 
chumbo[7].
Figura 1

Figura 1 - Difratogramas de raios X das zeólitas 
antes dos ensaios de adsorção.
Figura 2

Figura 2 - Dados referentes à taxa de retenção dos 
íons Pb e Cu nas zeólitas, com diferentes tempos de 
contato (12h e 24h).
CONCLUSÕES:  A modificação química da zeólita NaY não provocou alterações significativas na 
taxa de retenção dos íons metálicos pois, entre os cátions utilizados, o sódio 
é o mais facilmente trocável. A facilidade na substituição ocorre devido à fraca 
interação deste íon com a estrutura do sólido. Desta forma, a amostra NaY 
apresentou a maior taxa de retenção (99,63%) de íons Pb, entre as amostras 
estudadas. A adsorção preferencial do chumbo pode ser atribuída ao tamanho do 
raio iônico hidratado e a estrutura da zeólita. Em geral o tempo de contato não 
influenciou no teor de metal removido.
AGRADECIMENTOS:  A FACEPE pelo incentivo financeiro, ao SENAI/PE e LABNOV/UFCG pela colaboração em 
algumas análises, a UNIVASF e IF SERTÃO-PE, pelo apoio a pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:  [1]DANA, J. D. Manual de Mineralogia (Dana-Hurlbut). São Paulo, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 642p, 1981.
[2]DABROWSKI, A. HUNBICKI, Z, POKOSCIELNY, P. ROBENS, E. Selective removal of heavy metal ions from water and industrial wastewater by ion-exchange methods. Chemosphere, 56, 91-106, 2004.
[3]PABALAN, R.T. & BERTETTI, F.P. Cation-exchange properties of natural zeolites. In: D.L Bish; D.W  Ming (ed).Reviews in Mineralogy and Geochemistry. 45: 453-518, 2001.
[4]NAGY, J. B.; BODART, P.; HANNUS, I.; KIRICSI, I. Synthesis, characterization and use of zeolitic microporous materials, DecaGen Ltda Hungary, 1998.
[5]Guillou, F.; Rouleau, L.; Pirngruber, G.; Valtcher, V.; Synthesis of FAU-type zeolite membrane: An original in situ process focusing on the rheological control of gel-like precursor species, Microporous and Mesoporous Materials, 119, 1–8, 2009.
[6]SUKI, M. et al. Zeolites, v. 9, p. 98, 1989.
[7]SHINZATO, M. C. Revista do Instituto Geológico, São Paulo, 27-28 (1/2), 65-78, 2007.
