ÁREA: Ambiental

TÍTULO: ESTUDO DO POTENCIAL ADSORVENTE DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS

AUTORES: Medeiros, T. (UFAL) ; Pinho, I. (UFAL) ; Pinho, A. (CESMAC)

RESUMO: A preocupação das indústrias têxteis com relação aos seus efluentes gerados tem sido crescente, pois neles contêm corantes, os quais precisam de um tratamento para a sua remoção. Neste trabalho, avaliou-se o potencial de resíduos agrícolas como adsorventes de corantes do efluente têxtil. O estudo foi realizado em incubador orbital a partir do contato do efluente com o resíduo, sendo, em tempos definidos, coletadas amostras, filtradas e analisadas cor, pH e absorbância. Não foi possível avaliar o potencial adsorvente dos resíduos agroindustriais no efluente têxtil pois, apesar de alteração da cor, não se observou redução da absorbância na faixa de tempo em estudo, indicando uma alta complexidade do efluente.

PALAVRAS CHAVES: efluente; Adsorção; Resíduos agroindustriais

INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas, os problemas ambientais têm se tornado cada vez mais críticos e frequentes, principalmente devido ao desordenado crescimento populacional e ao aumento da atividade industrial (KUNZ et al., 2002). Na indústria têxtil, os grandes volumes de efluentes, quando não corretamente tratados, podem causar sérios problemas de contaminação ambiental. Os efluentes têxteis são líquidos altamente coloridos, em função da presença de corantes que não se fixam à fibra durante a etapa de tingimento. Caracterizam-se como tóxicos, resistentes à destruição por métodos de tratamento físico-químico e, geralmente, não biodegradáveis, tanto pelo alto conteúdo de corantes (10 a 15% dos corantes não fixados são enviados ao rio) quanto pela presença de surfactantes e aditivos, compostos orgânicos de estruturas complexas(UEDA et al., 2004).O Brasil se destaca na produção de grãos, cana de açúcar, óleos vegetais, madeira, dentre outros. O crescimento, tanto da produção agrícola como industrial, ocasiona o aumento da contaminação ambiental, em especial pelo acúmulo de matérias-primas, insumos e diferentes tipos de resíduos, gerados pela ineficiência de processos de conversão (PEREIRA, 2001). A aplicação de biomassa nos processos de adsorção apresenta baixo custo operacional e eficiência na capacidade de remoção dos poluentes. Trata-se de um material natural, praticamente sem custo, abundante e com capacidades adsortivas por metais e compostos orgânicos (BONIOLO, 2010). Assim, a utilização desses resíduos com potencial ação adsorvente motiva pesquisas na área para ajudar a solucionar alguns problemas no tratamento de remoção de cor do efluente gerado no setor têxtil.

MATERIAL E MÉTODOS: Os resíduos escolhidos para realizar os estudos de adsorção foram o sabugo de milho cozido, casca do coco verde e bagaço de laranja com semente. Os resíduos coletados foram secos em estufa com circulação forçada de ar a 55ºC até peso constante e moídos em moinho de facas tipo Willye, em peneira de 30 mesh, visando a homogeneização das partículas. Em seguida, os resíduos foram armazenados à temperatura ambiente em recipientes plásticos herméticos. O efluente de indústria têxtil utilizado foi oriundo da Fábrica da Pedra S/A, localizada no município de Delmiro Gouveia, no Estado de Alagoas. O efluente foi coletado em garrafa PET previamente higienizada, armazenado em banho de gelo e acondicionado em geladeira, a 4ºC. Realizou-se no efluente análises de varredura em espectrofotômetro UV-visível para determinar o comprimento de onda ideal para a leitura das amostras e de pH. A determinação do pH foi realizada em potenciômetro, devidamente aferido em soluções tampão pH 4,0 e 7,0. Uma curva de calibração foi obtida com diferentes concentrações do efluente no comprimento de onda definido pelo espectro de maior absorção. Os estudos de adsorção foram realizados com 0,2 g de resíduos e 10 mL do efluente industrial. Os ensaios ocorreram em incubador orbital (shaker) a 30ºC e 100 rpm, ao longo de 1,5 hora, coletando-se amostras em intervalos de tempo de 0, 10, 20, 40, 60 e 90 minutos. Em cada intervalo de tempo, uma amostra foi retirada e filtrada, fazendo-se análise visual de cor e medidas de pH e absorbância em comprimento de onda definido pelo espectro de maior absorção realizado a partir de análise de varredura do efluente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Construiu-se a curva com diferentes concentrações (0,1 a 1,0 mg/mL) do efluente no comprimento de onda de maior absorção, definido depois de se realizar a varredura pelo espectrofotômetro, que foi de 669nm. Os tempos foram determinados em 0, 10, 20, 40, 60 e 90 minutos, pois trabalhos na literatura indicam a remoção de cor de alguns corantes em 25 minutos, podendo assim analisar o equilíbrio de adsorção.As análises de adsorção com os resíduos são apresentadas na Figura 1. As concentrações não variaram com o tempo, em nenhum dos resíduos, indicando não haver adsorção, ainda que os espectros de varredura da amostra, de 190 a 1100 nm, fossem observados os picos em 669 nm. O pH se manteve na faixa de 9,0 para as amostras com sabugo de milho e 8,0 para as amostras com bagaço de laranja e semente de casca de coco. Estes resultados indicam não ter havido alterações nas características do efluente após o processo de adsorção. Para avaliar o potencial de adsorção dos resíduos e buscar identificar os problemas com o efluente industrial, foi realizada uma adsorção com o corante azul de metileno 0,1g/mL e a casca de coco verde. Observa-se, visualmente, redução significativa na cor e nas absorbâncias, permitindo a determinação da taxa de remoção e o cálculo da isoterma de Langmuir. A Figura 2 mostra o percentual de remoção do azul de metileno pela casca de coco e a taxa de remoção, que estabelece o equilíbrio em 60 min de contato. Estes dados corroboram a hipótese da complexidade do efluente têxtil e a necessidade de estudos de caracterização para uma melhor definição de seu tipo de tratamento.

Figura 1

Perfil de concentração das amostras adsorvidas no efluente têxtil.

Figura 2

Curva de calibração para o efluente têxtil da Fábrica da Pedra.

CONCLUSÕES: A adsorção do efluente têxtil com os resíduos agroindustriais utilizados não gerou bons resultados, que pode ser devido ao curto tempo de contato, à presença de outros constituintes no efluente, os quais podem dificultar na adsorção ou, ainda, a alta complexidade do mesmo, necessitando de tratamento antes do processo em estudo. Apesar de não adsorver o efluente têxtil, pode-se observar a boa capacidade de adsorção do resíduo agroindustrial frente ao azul de metileno, atingindo em 20 min 65% de remoção.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BONIOLO, M. R.; YAMAURA, M.; MONTEIRO, R. A. Biomassa residual para a remoção de íons uranilo. Química Nova, v. 33, n. 3, p. 547 – 551, 2010.

KUNZ, A.; PERALTA-ZAMORA, P.; MORAES, S. G.; DURAN, N. Novas tendências no tratamento de efluentes têxteis. Química Nova, v.25, n.1, p. 78-82, 2002.

PEREIRA, M. F. R., ÓRFÃO, J. J. M., FIGUEIREDO, J. L. et al. “Remoção da cor em efluentes da indústria têxtil por adsorção em carvões activados modificados. In: Adsorbentes en la solución de algunos problemas ambientales” Ed. CYTED. Madri-Espanha. 2001.

UEDA, A.C., TAKESHITA, E.V., DA SILVA, G.I., DE FREITAS, K.R., ESPOSITO,M., Biotecnologia aplicada à indústria têxtil. Universidade Federal de Santa Catarina, 2004.