ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Estudo do pH no processo de remoção do corante Verde Brilhante sobre Ligno-Celulose em solução aquosa.

AUTORES: Matos, N. (UFPA) ; Rodrigues, H. (UFPA) ; Araújo Jr., E. (UFPI) ; Moura, J. (UFPI) ; Silva Filho, E. (UFPI) ; Cláudio Lima, (UFRGS) ; Alencar, W. (UFPA)

RESUMO: Realizou-se um estudo da variação do pH da solução aquosa do corante Verde Brilhante no processo de adsorção sobre Ligno-Celulose proveniente do talo do cacho do açaí in natura. Verificou-se que o processo de adsorção era favorecido com o aumento do pH da solução. As forças de Coulomb são as mais importantes no processo de adsorção pois a ligno-celulose em pH elevado apresenta caráter aniônico e o corante catiônico. Nesse trabalho, obteve-se resultados de 90% e 99% de remoção do corante em pH igual a 5,0 e 9,0, respectivamente.

PALAVRAS CHAVES: Ligno-celulose; corante; adsorção

INTRODUÇÃO: No século 21, a poluição ambiental tem sido uma das principais ameaças à vida humana. Entre os diferentes tipos de poluição, o fluxo de águas residuais é um dos principais problemas devido a grande quantidade de água utilizada em residências, hospitais, indústrias e outros. Águas residuais contendo corante, oriunda de indústrias têxteis e gráficas, tem sido uma das principais fontes de poluição da água (ROYER et al.,2009). As aplicações de corantes e pigmentos têm aumentado de um modo considerável nos últimos anos (ROYER et al.,2009). Uma serie de indústrias têm sido criadas e com isso tem atenuando a demanda contínua e crescente de corantes e pigmentos. Os corantes são utilizados nas indústrias têxteis, de alimentos, bebidas industriais e processos de impressão (CARDOSO et al., 2011). O consumo total de corante da indústria têxtil em todo o mundo esta em excesso de 107 Kg por ano (CALVETE et al., 2010). No entanto, aproximadamente um milhão de kg por ano de corantes é descarregado em correntes de água pela indústria têxtil (CALVETE et al, 2010). A presença de corantes em águas, provoca sérios problemas ao ecossistema aquático, desde a diminuição de oxigênio como também a variação do pH da água, além de muitos serem agentes carcinogênicos (CARDOSO et al, 2011). Estudos de adsorção de corantes tem sido realizado usando desde carvão ativo e processos eletroquímicos ou de membranas até o uso de resíduos vegetais (ALENCAR et al, 2012). Este último apresenta-se como uma alternativa de baixo custo e eficiente tão quanto aos demais métodos levando em conto a relação custo-benefício. Neste trabalho, é apresentado um estudo da variação do pH da solução aquosa do corante verde brilhante no processo de adsorção sobre ligno-celulose proveniente do talo do açaí

MATERIAL E MÉTODOS: Foi utilizada água deionizada ao longo dos experimentos para preparações de soluções. O corante Verde Brilhante (VB, CI - 42040, CAS - 633-03-4, C27H34N2O4S, 482,64 g/mol). A solução estoque foi preparada pela dissolução do corante em água destilada obtendo uma concentração de 5,0 g/L. As soluções de trabalho foram obtidas pela diluição da solução estoque do corante para as concentrações desejadas (ALENCAR et al, 2012). Neste sentido, para ajustar o pH das soluções, foram utilizadas soluções 0,10 mol/L NaOH e/ou HCl. Para manter estabilizado o pH, foram usadas também soluções tampão. O pH das soluções foram medidos usando um pHmetro fixo SCHOTT Lab-850. O talo do cacho do açaí (biossorvente) foi adquirido em um sítio de Marabá-PA. Os resíduos foram lavados em água em água deionizada. O biossorvente foi seco a 70 °C em uma estufa por 8 horas (ROYER et at, 2010). Após a secagem, o material foi triturado em um moinho de facas e peneirado com rendimento de 95%. Foi usada a porção do biossorvente que apresentou diâmetro de partículas < 250 µm. O estudo de remoção do corante em soluções de pH diferentes foi realizado usando o método de contato direto dos grupos, conforme proposto na literatura (Royer et al, 2009). A concentração final dos corantes remanescentes na solução foi determinada por espectrofotometria visível usando um Espectrofotômetro T90+ UV- VIS fornecido pela PG Instruments (Londres, Ingraterra), equipado com células ópticas (cubetas) de quartzo. As medidas de absorbância foram feitas no comprimento de onda máximo do corante. A quantidade do corante adsorvido e a porcentagem de remoção de corante pelo biossorvente foram calculadas pela aplicação das equações (q = [(Co - Cf)/m].V) e (% Remoção = 100.[(Co - Cf)/Co]).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Um dos fatores mais importantes em estudos de adsorção é o efeito da acidez do meio (ALENCAR et al, 2012). Espécies diferentes podem apresentar faixas divergentes de pH adequado, dependendo do adsorvente que é utilizado. Nesse sentido, foi avaliado dentro da faixa de pH entre 1 a 9, o percentual de remoção do corante VB usando o biossorvente Ligno-Celulose proveniente do talo do cacho do açaí (figura abaixo) a fim de entender a importância do pH no processo de remoção do contaminante VB. O percentual de remoção do corante aumentou notavelmente do pH 1,0 (45%), atingindo 99 % em pH 9,0. Comportamento semelhante na remoção de corantes catiônicos utilizando adsorventes ligno-celulósicos também tem sido observado (ROYER et al, 2010). A variação da percentagem de remoção é mais claramente observada na tabela abaixo. Através da tabela acima, é possível afirmar que o aumento do potencial hidrogeniônico da solução do corante favoreceu grandemente ao processo de adsorção. O corante VB dissolvido em água apresenta cargas positivas, devido seus grupos amino protonados. A adsorção deste corante ocorre quando o biossorvente apresenta uma carga negativa em sua superfície. Em pH 9,0; estes materiais ligno-celulósicos apresentam carga negativa na superfície (ROYER et al, 2010), possibilitando assim a formação de bases de Bronsted ou sítios de Lewis. Este comportamento explica a capacidade de adsorção elevada da ligno-celulose para o corante VB, em solução pH 9,0. Este fato revela a importância de conhecer o pH ideal para a remoção de um corante poluente em águas. Nesse caso, a partir do pH 4,0 é possível uma remoção acima de 90%.



FIGURA. Efeito do pH na remoção do corante VB sobre Ligno-Celulose. Condições:Co = 20,0 mg/L do corante VB em solução: 2,5 g/L; T=298 K, t= 5 h.

TABELA. Comparação dos valores da percentagem de remoção com a variaçã



CONCLUSÕES: O estudo de pH no processo de remoção do corante Verde Brilhante, sobre ligno- celulose oriunda do talo do cacho do açaí, releva que o percentual de remoção é dependente das condições da água, principalmente da concentração de íons H3O+ em solução. O melhor pH para remoção desse contaminante em águas foi o pH 9,0, onde obteve-se um percentual de 99% de remoção. A ligno-celulose proveniente do açaí, demonstrou ser um excelente material alternativo na remoção do corante verde brilhante.

AGRADECIMENTOS: A UFPA pela bolsa concedida pelo projeto PAPIM 2011.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALENCAR, W. S.; LIMA, E. C.; ROYER, B.; SANTOS, B. D.; CALVETE, T.; SILVA, E. A.; ALVES, C. N. Application of aqai stalks as biosorbents for the removal of the dye Procion Blue MX-R from aqueous solution. Separation Science and Technology, v. 47, p. 513-526, 2012.

CALVETE, T.; LIMA, E. C.; CARDOSO, N. F.; DIAS, S. L. P.; RIBEIRO, E. S. Removal of brilliant Green dye from aqueous solutions using home-made activated carbons. Clean: Soil, Air, Water, v. 38, p. 521-532, 2010.

CARDOSO, N. F.; LIMA, E. C.; PINTO, I. S.; AMAVISCA, C. V.; ROYER, B.; PINTO, R. B.; ALENCAR, S. A.; PEREIRA, S. F. P. Application of cupuassu Shell as biosorbente for the removal of textile dyes from aqueous solution, Journal of Environmental Management, v. 92, p. 1237-1247, 2011.

ROYER, B.; CARDOSO, N. F.; LIMA, E. C.; VAGHETTI, J. C. P.; SIMON, N. M.; CALVETE, T.; VESES, R. C. Applications of Brazilian-pine fruit Shell in natural and carbonized forms as adsorbents to removal of methylene blue from aqueous solutions – Kinetic and equilibrium study. Journal of Hazardous Materials, v. 164, p. 1213-1222, 2009.

ROYER, B.; CARDOSO, N. F.; LIMA, E. C.; MACEDO, T. R.; AIROLDI, C. A useful organofunctionalized layered silicate for textile dye removal. Journal of Hazardous Materials, v. 181, p. 366-374, 2010.