ÁREA: Ambiental

TÍTULO: PÓS TRATAMENTO DE LAGOA DE POLIMENTO UTILIZANDO COAGULAÇÃO/PRECIPITAÇÃO

AUTORES: Vanzetto, S. (URI) ; Vanzetto, G. (UTFPR) ; Vidal, C. (UNICENTRO)

RESUMO: O trabalho tem como objetivo avaliar o processo de coagulação/floculação como alternativa de pós-tratamento. Para isso, foram realizados ensaios de jar-test empregando-se três coagulantes diferentes: cloreto férrico, sulfato de alumínio e policloreto de alumínio nas dosagens de 20, 40, 60, 80 e 100 mg.L-¹. O gradiente de mistura rápida usado foi de 500 s-¹ em um tempo de mistura de 30 segundos. O gradiente de mistura lenta foi 50 s-¹ num tempo de 10 minutos, adotando-se duas velocidades de sedimentação 0,4 e 0,2 cm/min. A coagulação com sulfato alumínio foi a que se mostrou mais vantajosa alcançando com 40 mg.L-1 desse coagulante, valores remanescentes de DQO em torno de 20 mg.L-1 , turbidez menor que 4 uT e fósforo total inferior a 0,4 mg/L.

PALAVRAS CHAVES: Coagulação/precipitação; Pós-tratamento de esgoto; Tratamento físico-químico

INTRODUÇÃO: Apesar de apresentar-se como opção tecnológica viável quanto à remoção da matéria orgânica, as lagoas facultativas apresentam baixa eficiência na remoção de nutrientes e sólidos em suspensão, representados pela biomassa bacteriana e algal, o que pode ser crítico caso o corpo receptor seja sensível à eutrofização, como lagos e estuários. Embora o polimento do efluente possa ser realizado por diversas vias, a única que promove a remoção efetiva do fósforo, nutriente limitante do processo de eutrofização, é a via físico-química (OLIVEIRA E GONÇALVES, 1999). Os sistemas de tratamento físico-químico com o uso de sais de metais trivalentes e mesmo polímeros auxiliares, com separação dos flocos por decantação, são geralmente eficientes na remoção de fósforo e de material coloidal e em suspensão do esgoto. Todavia, esses sistemas apresentam eficiência de remoção de matéria orgânica solúvel muito baixa. Para esgoto bruto, a eficiência de tais tratamentos não ultrapassa a faixa de 60 a 65%, em relação à DBO e DQO. Contudo, quando se utiliza o tratamento biológico anaeróbio a montante de unidades de tratamento físico-químico tem-se uma boa redução da matéria orgânica solúvel do esgoto, permitindo que o sistema combinado tenha uma boa eficiência final em relação à matéria orgânica e também em relação ao fósforo (ALÉM SOBRINHO E JORDÃO, 2001) Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o processo de coagulação/floculação/decantação como alternativa de pós-tratamento de efluentes de Lagoa de Polimento.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de efluente utilizadas nos experimentos foram coletadas em uma lagoa de polimento, unidade final da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Rio das Antas, Irati-PR. Os ensaios foram realizados em jar-test utilizando-se três coagulantes diferentes, Cloreto Férrico (FeCl3.6H2O), Sulfato de Alumínio (Al2(SO4)3) e Policloreto de Alumínio (PAC). As concentrações de coagulantes empregadas foram respectivamente 20, 40, 60, 80 e 100 mg.L-1. As condições de mistura rápida e lenta foram mantidas fixas nos experimentos. O gradiente de mistura rápida (coagulação) empregado foi de 500s-1 em um tempo de mistura rápida de 30 segundos. Em seguida ajustou-se o gradiente para uma mistura lenta a 50 s-1 (floculação) num tempo de mistura lenta de 10 minutos. Depois desta etapa os flocos gerados decantaram por um período de 15 min (velocidade de sedimentação 0,4 cm/min), onde foram coletadas as primeiras amostras, após esta coleta os flocos sedimentaram por mais 15 min (velocidade de sedimentação 0,2 cm/min), sendo assim retirada a segunda amostra. Para análise dos resultados obtidos no Jar-test foram caracterizados o efluente da lagoa de polimento (bruto) e os sobrenadantes obtidos nos jarros nas diferentes dosagens empregadas de coagulantes. Para caracterização das amostras de efluente da lagoa de polimento (efluente final da ETE) e dos diferentes sobrenadantes do jart-test foram realizadas as seguintes análises físico-quimicas: temperatura, pH, turbidez, demanda química de oxigênio (DQO) e fósforo total (P total). Todas as análises realizadas seguiram os procedimentos descritos no Standard Methods for Examination of the Water and WasteWater (APHA, 1998).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: No que se refere à redução da matéria orgânica, verifica-se na Figura 1(a) que para os três coagulantes empregados a menor dosagem praticamente não reduziu a concentração desse parâmetro, o coagulante que apresentou melhor desempenho foi o sulfato de alumínio uma vez que com 40 mg.L-¹ ocorreu remoção de cerca de 50% da DQO nas duas velocidades estudadas, resultando em valores absolutos desse parâmetro muito baixos, próximos a 20 mg.L-¹. Para o cloreto férrico, por exemplo, resultado semelhante se deu apenas para dosagem de 60 mg.L-¹ para a velocidade de sedimentação de 0,4 cm/min. Na Figura 1(b) são apresentados os valores absolutos de P total sendo que para os três coagulantes aplicados na menor dosagem (20 mg.l-¹), a remoção de fósforo foi baixa, ocorrendo o mesmo também para a dosagem de 40 mg.L-¹ de (PAC). Pode- se ressaltar que os resultados foram muito bons, com valores residuais do fósforo total inferiores a 0,2 mgP/L. Nota-se nas Figuras 2(a) e 2(b) que em termos proporcionais a coagulação foi mais eficiente para remoção de fósforo do que DQO. A eficiência média de remoção de DQO foi próxima a 50%, sendo que os melhores resultados foram obtidos a partir da dosagem de 40 mg.L-¹ para o coagulante sulfato de alumínio. Com relação à eficiência de remoção de fósforo total, os melhores resultados foram para dosagem de 40 mg.L-¹, na qual a eficiência de remoção chegou a valores próximos a 98% para o coagulante cloreto férrico. Visto que para remoção de DQO o coagulante que apresentou maior eficiência foi o sulfato de alumínio e que o mesmo apresentou ótimo desempenho na remoção de fósforo recomenda-se que este coagulante seja utilizado na coagulação/precipitação de efluentes de lagoa de polimento, para as condições estudadas nesta pesquisa.

Figura 1



Figura 2



CONCLUSÕES: A coagulação com sulfato alumínio foi a que se mostrou mais vantajosa no pós- tratamento de efluente de lagoa de polimento para as condições investigadas nesta pesquisa. O processo de coagulação/precipitação se mostrou alternativa eficaz para o pós-tratamento de efluente de lagoa de polimento, alcançando com 40 mg.L de sulfato de alumínio valores remanescentes de DQO em torno de 20 mg.L-1 e fósforo total inferior a 0,4 mg/L.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. AGUILAR, M.I.; SÁEZ, J.; LLORÉNS, M.; SOLER, A.; ORTUÑO, J. F. (2002). Nutrient removal and sludge production in the coagulation – flocculation process. Water Research.
2. ALÉM SOBRINHO, P.; JORDÃO, E.P. (2001) Pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios – uma análise crítica. In: CHERNICHARO, C.A.L. (Coordenador) Pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios. Rio de Janeiro. ABES.
3. APHA – AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION in Standard Methods for the Examination Of Water And Wastewater, 19º ed., Washington: American Public Health Association, 1998.
9. OLIVEIRA, F. F. e GONÇALVES, R. F. Principais tecnologias empregadas no polimento do efluente de lagoas de estabilização. In: XX CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 1999, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos.