ÁREA: Ambiental

TÍTULO: DEGRADAÇÃO DO FENOL VIA PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

AUTORES: Guimaraes, G. (UFPE) ; Zaidan, L.E.M.C. (UFPE) ; Benachour, M. (UFPE) ; Silva, V.L. (UFPE)

RESUMO: A importância de detectar a presença de substâncias tóxicas e avaliar seus impactos ao meio ambiente é reconhecida globalmente, resultando em uma série de metodologias a serem adotadas. Muitos dos contaminantes são tão tóxicos que podem causar problemas de saúde em seres humanos em níveis residuais.O fenol prejudica nossos ecossistemas, acredita-se ser carcinogênico. Os Processo Oxidativos Avançados (POA) têm-se mostrado eficazes na degradação de compostos orgânicos, pois geram substâncias, capazes de degradar estes compostos. O presente trabalho avalia o percentual de degradação do fenol via POA visando à recuperação das águas produzidas. O sistema aplicado apresentaram resultados bastante satisfatórios, reduzindo em até 61,43% (H2O2/UV), e 60% (foto-Fenton) do poluente analisado.

PALAVRAS CHAVES: Fenol; Efluentes industriais; processos oxidativos

INTRODUÇÃO: A poluição da água é uma das principais ameaças e desafios que a humanidade enfrenta hoje. Todos os dias as atividades humanas introduzem substâncias contaminantes e resíduos em rios, lagos, aqüíferos e oceanos. Esta contaminação modifica a qualidade da água ambiental, produzindo grandes quantidades de água que são impróprios para vários usos, incluindo o consumo humano (MOREIRA DEL RIO, 2011). Dentre todos os poluentes, o fenol e os seus derivados vem se destacando como contaminantes de principal preocupação devido a sua toxicidade aguda no meio ambiente. Estes compostos estão presentes nas águas residuais a partir de muitos processos industriais. Eles têm sido detectadas em resíduos urbanos e agrícolas (AHMED et al., 2010) em todo o mundo. A exposição a fenol está relacionado com doenças graves, tais como leucemia e alguns graves problemas de funcionamento de órgãos humanos. Uma alternativa para o tratamento destas águas consiste na aplicação dos processos oxidativos avançados (POA), os quais apresentam como principal vantagem a capacidade de degradar os compostos orgânicos, levando à redução ou mesmo à total mineralização da carga orgânica tóxica presentes em efluentes aquosos, diminuindo assim a emissão de poluentes no meio ambiente ou mesmo permitindo a recuperação da água para ser utilizada para outros fins (MOTA, 2010). O presente trabalho tem por objetivo avaliar o percentual de degradação do fenol via POA utilizando reator anular de bancada.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a realização deste trabalho foram utilizadas amostras retiradas de uma solução sintética preparada com fenol (C6H5OH) na concentração de 200 mg.L-1. O Planejamento Fatorial Fracionado envolveu-se 4 variáveis (24-1 mais 3 pontos centrais), obtendo-se como resposta a remoção do fenol. As variáveis independentes foram: Ferro, peróxido de hidrogênio, pH e tempo. Análise Cromatográfica A identificação e quantificação do fenol foi realizada utilizando o equipamento de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) da Shimadzu com uma coluna C18 de fase reversa (5µm; 4,6 x 250 mm) e detecção UV (SPD-20A) para comprimentos de onda de 270 nm. A fase móvel consiste em uma solução de água acidificada com ácido fosfórico e metanol numa razão de (90:10) com fluxo de 0,75 mL.min-1 em modo isocrático. A fase estacionária é composta pelo grupo octadesyl. Análise por COT Para a análise quantitativa do processo de mineralização dos compostos aromáticos, empregar-se-á a análise de Carbono Orgânico Total (TOC), utilizando um equipamento de alta sensibilidade (4 μgC.L-1 – 25.000 mgC.L-1), da Shimadzu modelo TOC-VCSH com capacidade de quantificar os índices de COT; subtraindo-se o carbono total (CT) e carbono inorgânico (CI). Reator anular de bancada Reator fotoquímico anular de bancada de fluxo ascendente. A capacidade do sistema é de aproximadamente 2,3L. A lâmpada usada no reator é de vapor de mercúrio de potência 80W (Philips HPLN), a qual a mesma é posicionada ao longo do eixo longitudinal do reator no interno interior de uma camisa constituída de quartzo, onde circula água com a finalidade de resfriar a Lâmpada. O reator é ligado através das mangueiras de silicone onde são conectadas a um tanque de recirculação constituída de uma bomba interna.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O sistema utilizado foi eficiente na remoção do contaminante, obtendo em até 61,43% de degradação do fenol. Os ensaios que apresentaram melhores resultados para a degradação do fenol foram realizados para as seguintes condições (pH entre 2 e 3; adição de 30 mmoL de H2O2 e sem adição de Ferro) e (pH entre 2 e 3; adição de 30 mmoL de H2O2 e 10 mg.L-1 de Ferro). Esses resultados indicam que o tanto o processo UV/H2O2 quanto foto-Fenton mostraram-se eficientes para degradação do fenol apresentando em até 61,43% de remoção do contaminante em 120 minutos e 60,01% em 30 minutos respectivamente, ou seja, ambos experimentos obtiveram remoções significativas bem próximas o que é corroborado por Kušić et al. (2006) que afirmam que ambos processos são eficientes para a degradação do fenol. Conforme Huang et al. (2010), o processo UV/H2O2 não foi eficiente na remoção do fenol, degradando cerca de 25% em 1 hora, não ocorrendo o mesmo neste estudo. A análise estatística foi realizada através do software Statistica 8.0. Esses resultados podem ser melhores visualizados através da análise da Carta de Pareto (Figura1). A Carta de Pareto representada pela Figura 1 indica que todos os efeitos principais foram estatisticamente significativos para 95% de confiança. Como o efeito do pH apresentou valor negativo (-80,6667), tem-se a indicação que do nível menor para o nível maior ocorre uma redução da degradação do fenol; enquanto que os efeitos principais Ferro, H2O2 e Tempo foram positivos, indicando-se que do nível maior para o nível menor ocorre a redução do mesmo.Observa-se ainda efeito de interação de dois fatores para pH e ferro.A análise da Figura 2 indica que uma maior adição de ferro acompanhada do menor nível de controle do pH (2-3) proporciona uma maior degradação do composto fenol

Figura 1 - Carta de Pareto referente à degradação do fenol

A Carta de Pareto representada pela Figura 1 indica que todos os efeitos principais foram estatisticamente significativos para 95% de confiança.

2 - Análise do efeito de interação pH e ferro

Figura 2 indica que uma maior adição de ferro acompanhada do menor nível de controle do pH (2-3) proporciona uma maior degradação do composto fenol.

CONCLUSÕES: As variáveis independentes estudadas no planejamento (Ferro, H2O2, pH e tempo) foram estatisticamente significativos para 95% de confiança, observando-se ainda efeito de interação entre dois fatores para: pH e ferro positivos. Em termos de degradação do foi mostrado que o tratamento da água produzida pelos processos H2O2 e foto-Fenton apresentou resultados bastante satisfatórios, em certas condições experimentais, chegando a reduzir 61,43 e 60%, respectivamente.

AGRADECIMENTOS: Agradecimentos ao PRH-28 pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AHMED, S., RASUL, M.G., MARTENS, W.N., BROWN, R., HASHIB, M.A. Heterogeneous photocatalytic degradation of phenols in wastewater: A review on current status and developments. Desalination 261, 3-18, 2010.

HUANG, Y. ; HUANG. H. T.; CHEN, H. Degradation of phenol using low concentration of ferric ions by the photo-Fenton process. Journal of the Taiwan Institute of Chemical Engineers, 41,699 – 704, 2010.


KUŠIĆ, H.; KOPRIVANAC, N.; BOŽIĆ, A. L.; SELANEC I. Photo-assisted Fenton type processes for the degradation of phenol: A kinetic study. [Journal Hazard. Materials 632–644] Journal of Hazardous Materials, Volume 138, Issue 2, 16 November, Pages 419-420, 2006.

MOREIRA DEL RIO, J. Photocatalytic degradation of phenolic compounds in water: Irradiation and kinetic modeling. Tese de doutorado. The University of Western Ontario. London, Ontario, Canada, 2011.


MOTA, A. L. N. Desenvolvimento de um sistema foto-oxidativo visando aplicação no tratamento de águas produzidas em campos de petróleo. Tese de doutorado, UFRN, Programa de Pós-graduação em Engenharia Química. Natal/RN, Brasil, 2010.