ÁREA: Ambiental

TÍTULO: AVALIAÇÃO SOBRE O DESCARTE DE MEDICAMENTOS E A AUTOMEDICAÇÃO NA CIDADE DE PASSO FUNDO. RS

AUTORES: José Giertyas, C. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO) ; Cervi, M.C. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO) ; Rauber de Freitas, A. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO) ; Anselmini, K. (UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO)

RESUMO: O trabalho realizado objetivou conhecer a forma de uso e descarte de medicamentos pela população de Passo Fundo-RS. Foram realizadas atividades e visitas orientativas à população, visando conscientizar sobre a necessidade de cuidados básicos no uso de medicamentos sem prescrição e o descarte correto dos resíduos medicamentosos. A falta de informação faz com que a população se automedique e descarte os resíduos medicamentosos de forma inadequada, comprometendo o meio ambiente, especialmente o meio aquático, devido sua difícil decomposição. O mapeamento realizado no município evidenciou o uso irracional e descarte incorreto de medicamentos, pela maior parte da população, necessitando uma abordagem educativa mais eficiente.

PALAVRAS CHAVES: Medicamentos; Resíduos; Automedicação

INTRODUÇÃO: A descoberta de novos medicamentos proporcionou um aumento na expectativa de vida da população mundial. Para LEITE,VIEIRA e VEBER(2008), os medicamentos têm- se convertido em elementos de primeira ordem que constituem ferramentas poderosas para mitigar o sofrimento humano, pois prolongam a vida e retardam o surgimento de complicações associadas a doenças. Neste contexto, a automedicação é um dos maiores problemas relacionados a medicamentos, visto que a maioria da população procura resolver de forma inadequada alguns problemas de saúde, desprezando a informação de profissionais da área e desconhecendo os riscos que estes medicamentos oferecem quando administrados de maneira incorreta. Segundo Walter da Silva Jorge João(2011), há várias causas para sobra de medicamentos. Dentre elas, estão a dispensação de medicamentos em quantidade além da necessária para o tratamento, as amostras grátis distribuídas como forma de propaganda, e o gerenciamento inadequado de medicamentos por parte de farmácias e demais estabelecimentos de saúde. No entanto estas sobras de medicamentos são descartadas incorretamente em lixos ou até mesmo no esgoto comum. Estes resíduos possuem componentes de difícil decomposição, que podem contaminar o solo e a água. (UEDA et.al., 2009). Nesta perspectiva, a Universidade de Passo Fundo (UPF) sistematizou e viabilizou o projeto de extensão “Educação Comunitária para Uso Racional e Descarte Correto de Medicamentos” tendo como premissa o desenvolvimento de atividades e visitas orientativas à população de Passo Fundo, pelos acadêmicos dos cursos de Farmácia e Química, visando à conscientização da população sobre a necessidade de cuidados básicos tanto no uso de medicamentos sem prescrição como no descarte dos resíduos medicamentosos.

MATERIAL E MÉTODOS: Estudo quali-quantitativo, realizado através de visitas orientativas com entrevistas às residências do Município de Passo Fundo, RS, no segundo semestre de 2011. O município foi mapeado em setores, de acordo com bairros, para facilitar a visitação. Parte desta atividade foi desenvolvida em locais estratégicos abordando uma quantidade significativa de pessoas. Os dados quantitativos foram compilados utilizando o programa Excel para posteriormente serem submetidos à análise dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com a publicação da RDC nº 306 (BRASIL, 2004), que dispõe do Gerenciamento dos Resíduos de Saúde, muitas medidas foram adotadas pelos locais de saúde. Porém, evidencia-se que os resíduos medicamentosos gerados em residências precisam de uma melhor abordagem, orientação e locais disponíveis ao seu recolhimento. A cidade de Passo Fundo, RS se destaca entre muitas cidades brasileiras por possuir uma Lei Municipal (Lei Municipal 4.462/07) que dispõe sobre a obrigatoriedade das farmácias e drogarias em receber medicamentos vencidos e/ou deteriorados. Porém os dados obtidos nas entrevistas mostram que 96% dos entrevistados desconhecem esta lei, e alegam que algumas farmácias e drogarias ainda não realizam este tipo de coleta. Ao responder a seguinte pergunta: Você costuma se automedicar? Das pessoas entrevistadas, 44,44% afirmaram fazer uso de medicamentos sem prescrição médica, como pode ser observado na Figura 1. Isto mostra que adquirem medicamentos com facilidade em farmácias e drogarias, sendo que após o “tratamento”, os medicamentos acabam vencendo e são descartados. Baseado na automedicação questionou-se: Qual seria o destino mais adequado para os medicamentos que restam após tratamento? E o que você realmente faz? Conforme representado na Figura 2: 58,33% dos entrevistados afirmaram que o destino correto para estes medicamentos seria um aterro, porém na dificuldade na hora do descarte e na falta de informação, 22,22% dos entrevistados descartam no lixo doméstico, 11,11% no vaso sanitário e 8,33% na pia. Os entrevistados alegaram que se a lei municipal fosse cumprida em todos os estabelecimentos do município certamente lá depositariam seus resíduos de medicamentos.

FIGURA 1

Distribuição gráfica da Automedicação

FIGURA 2

Locais citados pela população para o descarte de Medicamentos

CONCLUSÕES: Apesar da cidade de Passo Fundo-RS, possuir a lei municipal, muitos entrevistados afirmaram desconhecer esta lei. A falta de fiscalização e informação são os maiores obstáculos enfrentados na hora do descarte, levando as pessoas a descartarem os resíduos de medicamentos inadequadamente, sem conhecimento prévio dos danos causados ao meio ambiente. No entanto, estão sendo desenvolvidas diversas atividades educativas em escolas e participações em rádios, com intuito de alertar a população sobre os riscos da automedicação e do descarte incorreto destes medicamentos.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: JOÃO, W. S. J. Descarte de medicamentos. Pharmácia Brasileira, Brasília, n.82, p.14-16, jun./ago.2011. Disponível em:<http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/132/014a016
_artigo_dr_walter.pdf>Acessado em: 15 de maio de 2012.

LEITE, S.N; VIEIRA, M; VEBER, A.P. Estudos de utilização de medicamentos: Uma síntese de artigos publicados no Brasil e na América Latina. Ciência e Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.13, p. 793-802, 2008.

UEDA, J.; TAVENARO, R.; MAROSTEGA, V.; PAVAN,W. Impacto Ambiental Do Descarte De Fármacos e Estudo da Conscientização da População a Respeito do Problema. Revista Ciências do Ambiente On-Line. São Paulo, v.5, n.1, p.1-6, jul. 2009. Disponível em: <http://www.ib.
unicamp.br/revista/be310/index.php/be310/article/viewFile/176/129> Acessado em : 15 de maio de 2012.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PASSO FUNDO. Secretaria da Administração. Lei Municipal 4.462 de 28 de dezembro de 2007. Dispõe sobre a obrigatoriedade das farmácias manterem urnas para coleta de medicamentos, insumos farmacêuticos, correlatos, cosméticos deteriorados ou com prazo de validade expirado e dá outras providências. 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 306. Dispõe sobre o regulamento Técnico de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 07. 12. 2004.