ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Utilização da borra de café na adsorção de Cu(II) em solução
AUTORES: Rocha, C.C. (UFV) ; Moreira, G.C. (UFV) ; Reis, C. (UFV)
RESUMO: Foi estudada a capacidade de adsorção da borra de café comercial na remoção de
Cu(II) em solução aquosa. Foram realizados testes adsortivos que avaliaram o pH e
o tempo de adsorção ideais para posteriormente criar isotermas de adsorção. Os
modelos de isotermas de Langmuir e Freundlich foram ajustados aos dados obtidos
determinando parâmetros importantes para a adsorção. A isoterma de Langmuir
apresentou ajuste mais satisfatório e indicou uma alta capacidade de adsorção
máxima do adsorvente utilizado.
PALAVRAS CHAVES: Borra de café; Adsorção; Cobre (II)
INTRODUÇÃO: O processo de produção de café solúvel gera uma quantidade substancial de
resíduos – borra (ADANS; DOUGAN, 1985, apud LAGO). A borra do café contém óleos,
que podem contaminar o solo quando o resíduo é descartado no meio ambiente.
Portanto, faz-se necessário buscar alternativas que façam uso da reutilização do
resíduo produzido pelo café solúvel como alternativa natural para o
desenvolvimento de algumas metodologias. Uma alternativa para reaproveitamento
da biomassa proveniente da borra de café é a sua utilização como material
adsorvente natural na descontaminação de efluentes contendo metais tóxicos. Os
métodos convencionais para descontaminação de efluentes têm se mostrado caros
devido o alto custo de equipamentos e operação, além da complexidade do
processo. Sendo assim, se faz necessário um método eficiente mas que possua
custos reduzidos. A borra de café se encaixa como material natural por ser de
baixo custo, fácil obtenção e encontrada com abundância (TARLEY, 2003). Neste
trabalho será dada ênfase no estudo da remoção de Cu(II) dos meios aquosos. Este
metal foi escolhido por apresentar grande toxicidade e por ser encontrado
frequentemente nos corpos receptores degradados pela ação humana.
MATERIAL E MÉTODOS: Produziu-se borra de café a partir de uma marca comercial da Zona da Mata
mineira e seu tratamento foi através de lavagem e secagem até peso constante. As
soluções do metal utilizadas nos ensaios adsortivos foram preparadas a partir de
solução de 1000 mg/L, solução de NaNO3 e água deionizada, de modo que
a concentração final do eletrólito fosse igual a 0,01mol/L, minimizando as
variações de força iônica. Os ensaios adsortivos foram realizados em duplicata.
Após todos os ensaios, as amostras foram centrifugadas em uma centrífuga Excelsa
II da FANEM, a 3600 rpm por 10 minutos e o sobrenadante foi retirado, diluído e
acidificado. A determinação da concentração do Cu(II) foi realizada através da
espectroscopia de absorção atômica. Nos ensaios de pH, buscou-se obter o valor
de pH que favorecesse a adsorção do metal na borra de café. Foram preparadas
soluções de Cu(II) 10 mg/L que tiveram o pH acertado para valores de 2, 3, 4, 5
e 6. Cada amostra foi preparada com 25 mL de solução do metal e colocada em
contato com aproximadamente 0,500g de adsorvente em mesa agitadora. No ensaio de
adsorção versus tempo, determinou-se o tempo necessário para que ocorresse a
saturação do adsorvente. A solução foi mantida sob agitação magnética e, em
intervalos determinados que variaram de 0 a 300 minutos, foram retiradas
alíquotas de 1,0 mL e filtradas imediatamente. Para as isotermas de adsorção, o
pH do eletrólito e da solução do metal foram ajustados segundo o ensaio de pH e
foram utilizadas amostras com valores de concentração do metal que variavam de 0
a 30 mg/L. Essas amostras foram mantidas sob agitação segundo o ensaio de
adsorção. Os modelos de isotermas de Langmuir e Freundlich foram ajustados aos
dados para verificar qual descreve o sistema satisfatoriamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: No ensaio de pH, foi observado que o comportamento adsortivo do Cu(II) na borra
de café é dependente do pH. Determinou-se o valor ótimo de adsorção do Cu(II)
para pH 5,0, pois em condições mais acentuadas de acidez a protonação dos sítios
adsortivos dificulta a retenção dos íons Cu(II), e em valores mais altos de pH
pode ocorrer precipitação. No ensaio de adsorção versus tempo, determinou-se o
tempo necessário para que a velocidade de sorção/adsorção entrasse em
equilíbrio. Esse valor foi estimado graficamente em 105 minutos. Com os dados
obtidos no ensaio da isoterma de adsorção, foi possível construir um gráfico da
quantidade de Cu(II) adsorvida por grama de adsorvente pela concentração de
equilíbrio. Os modelos de isoterma de Langmuir e Freundlich foram ajustados aos
dados a fim de determinar parâmetros importantes para a adsorção, como a
capacidade máxima de adsorção em Langmuir e a eficiência de adsorção em
Freudlich.
O perfil dos gráficos demonstrados na figuras abaixo se mostra bastante
semelhante aquele citado por Schimmel (2008) como muito favorável para a
adsorção, pois as isotermas de forma côncava são favoráveis, por extrair
quantidades relativamente altas mesmo em baixos níveis de concentração de
adsorvato em solução. Os resultados revelaram que a isoterma de Langmuir
representa bem a adsorção, obtendo um coeficiente de determinação R2
de 0,9711 e uma capacidade máxima de adsorção de 4,5262 mg/g.
Apesar da isoterma de Freundlich não estimar uma capacidade máxima de adsorção,
ela indica que a adsorção do Cu(II) em borra de café é uma adsorção favorável,
com uma eficiência do processo de adsorção com valor 4,3768. Valores para esse
parâmetro entre 2 e 10 indicam adsorção favorável.
Figura 1: Ajuste da isoterma de Langmuir aos dados
de adsorção do Cu (II).
Figura 2: Ajuste da isoterma de Freundlich aos dados
de adsorção do Cu (II).
CONCLUSÕES: A borra de café apresentou-se como uma boa alternativa de adsorvente natural para
ser empregada na adsorção de Cu(II) em efluentes por se tratar de um material de
baixo custo, que possui alta disponibilidade devido o grande consumo do produto
que gera seu resíduo. O sistema borra de café/Cu(II) foi considerado como uma
adsorção favorável devido os bons resultados obtidos na determinação da quantidade
máxima de adsorção por grama de adsorvente, aos parâmetros que indicam a
eficiência da extração e a interação adsorvente/adsorvato do sistema obtidos
através das isotermas de Langmuir e Freundlich
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: • LAGO, R. C. A; FREITAS, S. P. Extração dos óleos de café verde e da borra com etanol comercial. Comunicado Técnico 92. Agosto 2006. Rio de Janeiro, RJ.
• SCHIMMEL, D. Adsorção dos corantes reativos azul 5G e azul turquesa QG em carvão ativado comercial. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Toledo, Paraná. 2008.
• TARLEY, C. R. T; ARRUDA, M. A. Z. Adsorventes naturais: potencialidades e aplicações da esponja natural (Luffa cylindrica) na remoção de chumbo em efluentes de laboratório. Revista Analytica. Nº 04. Maio 2003.