52º CBQ - Investigação da Presença de Contaminantes Emergentes em Mananciais de Abastecimento de Água

ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Investigação da Presença de Contaminantes Emergentes em Mananciais de Abastecimento de Água – Estudo de Caso: Caruaru - PE

AUTORES: Silva, G.L. (UFPE) ; Silva, R.F. (UFPE) ; Santos Jr, H.J. (UFPE) ; Pessoa, P.H. (UFPE) ; Silva, V.L. (UFPE)

RESUMO: O presente artigo visa investigar a presença de contaminantes emergentes em mananciais representativos de água para abastecimento na cidade de Caruaru-PE através de técnicas analíticas avançadas com cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa. Para avaliação dos contaminantes foram investigados os mananciais de Serra dos Cavalos, Guilherme Azevedo e Jaime Nejaim, todos localizados numa área de preservação ambiental em Caruaru. Foram coletadas amostras pontuais de água bruta nos respectivos mananciais, sendo adotada para análise a metodologia preconizada por Ghiselli e Jardim (2007). Os resultados do estudo confirmaram a presença de contaminantes entre eles o 17 beta estradiol e amoxicilina em todas as amostras analisadas.

PALAVRAS CHAVES: Contaminantes emergentes; poluição hídrica; qualidade de água

INTRODUÇÃO: Produtos farmacêuticos e de higiene pessoal, hormônios, derivados do colesterol e alguns subprodutos industriais têm sido considerados contaminantes emergentes. Em águas naturais, estes contaminantes surgem, principalmente, a partir do descarte de efluentes industriais e/ou domésticos e, mesmo sob concentrações baixas (ng L-1 a pg L-1) podem provocar efeitos nocivos em organismos vivos (RODRIGUES, 2009). Pouquíssimos estudos tem abordado a ocorrência de contaminantes emergentes em águas brasileiras (SODRÉ; LOCATELLI; JARDIM; 2010). Segundo Fontenele et. al. (2010) nas últimas décadas, o interesse de pesquisadores vem sendo despertado para os efeitos adversos sobre o sistema endócrino observados em alguns ecossistemas e animais de laboratório expostos a produtos químicos. Ghiselli e Jardim (2007) adicionam que essa preocupação se estendem ao seres humanos devido ao número crescente de publicações que relatam o aumento da incidência de disfunções no sistema endócrino (incluindo infertilidade masculina). Hutzinger (2006) destaca que ao longo dos últimos anos, agências ambientais dos países desenvolvidos vêm tentando estabelecer procedimentos de caracterização e controle de substâncias prejudiciais ao meio ambiente e mais especificamente a saúde humana. Outro aspecto importante é que estes micropoluentes são de difícil detecção, pois requerem técnicas analíticas rigorosas e de alta tecnologia (ZAFRA-GÓMEZ, A. et al., 2008). O presente artigo investigou a presença de contaminantes emergentes em mananciais de abastecimento de água na cidade de Caruaru-PE, utilizando técnicas analíticas avançadas de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas amostras pontuais de água bruta nos mananciais: Serra dos Cavalos, Guilherme Azevedo e Jaime Nejaim, todos localizados numa área de preservação ambiental, o Parque Natural Municipal Professor João de Vasconcelos Sobrinho em Caruaru-PE. Para a realização das coletas foram adotados os procedimentos preconizados no Protocolo: Demanda III. 1 Compostos Emergentes do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas do Laboratório de Química Ambiental (INCTAA) da UNICAMP. Utilizaram-se frascos âmbar que foram lavados com água corrente, detergente, água deionizada e acetona P.A. Após a lavagem, foram mantidos em mufla a 400°C para a eliminação dos possíveis resíduos orgânicos. As vidrarias volumétricas foram deixadas em solução aquosa contendo Extran durante 12 h, conforme recomendado por Teixeira (2009). Para a extração empregou-se bomba peristáltica e cartucho HLB Oasis (Waters) contendo 500 mg de fase estacionária, a bomba foi configurada de forma a obter uma vazão de 10 mL. min-1. A fase estacionária foi condicionada com duas alíquotas de 3 mL de metanol grau pesticida, em seguida, foram adicionadas duas alíquotas de 3 mL de água deionizada. Com o auxílio de uma bomba peristáltica a amostra foi transferida para o cartucho. A amostra obtida após extração e concentração foi submetida à análise no LC-MS-MS/IT-TOF (Shimadzu). As condições cromatográficas estabelecidas foram: coluna Phenomenex Gemini C18, 3 µm, 50 x 2,1 mm, fase móvel (água e metanol grau HPLC), vazão da fase móvel 0,2 mL. min-1 e volume de injeção 5 µL. Em relação ao espectrômetro de massa, a fonte de ionização utilizada foi ESI, fluxo de gás de nebulização N2, os espectros de massa foram adquiridos no modo negativo e positivo com varredura na faixa de 100-500 m/z.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados apresentados confirmaram que a técnica analítica adotada foi eficiente na detecção dos contaminantes emergentes. Além do mais, pode-se constatar através de um screnning realizado com padrões de 11 contaminantes, a presença de 07 micropoluentes (17 beta estradiol, amoxilina, dietilftalato, nonilfenol, progesterona, 17 alfa etinil e diclofenaco) na água bruta analisada. Os contaminantes emergentes identificados são oriundos de produtos de higiene pessoal, fármacos, contraceptivos, plásticos, rejeitos industriais e podem provocar efeitos adversos à saúde, principalmente, no sistema endócrino, pois podem simular as funções hormonais e atuar como pseudo-hormônios (JIN et al., 2010). Os resultados confirmaram a presença de contaminantes emergentes em todas as amostras. Os resultados encontrados são corroborados por trabalhos desenvolvidos por Jardim (2012) apud Silva (2012) o qual identificou a presença de contaminantes em 16 capitais brasileiras, tais estudos têm causado grande repercussão nacional, uma vez que estes micropoluentes estão sendo encontrados em águas de consumo num nível muito baixo de concentração e passível de efeitos adversos à saúde. Tabela 1:Resultados das amostras coletadas Amostra 1 – Água bruta do Açude Guilherme de Azevedo: Dietilftalato, Nonilfenol,17β-estradiol, Amoxicilina, Diclofenaco; Amostra 2 – Água bruta do AçudeSerra dos cavalos: Nonilfenol, 17β-estradiol,Amoxicilina; Amostra 3 – Água bruta do Açude do Prata:Nonilfenol,17β-estradiol,Amoxicilina; Amostra 4 – Água bruta dos açudes Jaime Nejaim: Dietilftalato,Progesterona, 17α-etinilestradiol, 17β-estradiol,Amoxicilina;

Tabela 1. Resultados das amostras coletadas

Tabela com os contaminantes emergentes identificados

CONCLUSÕES: Conclui-se que o 17 beta estradiol, amoxicilina, dietilftalato, nonilfenol, progesterona, 17 alfa etinil e diclofenaco, foram detectados pela técnica utilizada. Vale salientar que todos os contaminantes causam efeitos adversos ao meio ambiente e a saúde humana, podendo causar doenças como câncer, problemas reprodutivos e alteração do funcionamento normal do sistema endócrino. A técnica analítica empregada permitiu realizar o primeiro trabalho de identificação de contaminantes emergentes na cidade de Caruaru-PE.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPQ, INCTAA/UNICAMP e UFPE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FONTENELE, E. G. P.; MARTINS, M. R. A.; QUIDUTE, A. R. P.; MONTENEGRO JÚNIOR, R. M. Contaminantes ambientais e os interferentes endócrinos. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, vol. 54, nº. 1 São Paulo, fev. 2010. Disponível em <http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302010000100003> Acesso em 03/09/2011.
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