ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Influência de íons na qualidade das águas do açude Engenheiro Camacho em Ouricuri - PE

AUTORES: Sena de Freitas Lima, D. (IFSERTÃO PERNAMBUCANO - CAMPUS OURICURI) ; Lopes, M.R. (IFSERTÃO PERNAMBUCANO - CAMPUS OURICURI) ; Portela Vasconcelos, A.K. (IFSERTÃO PERNAMBUCANO - CAMPUS OURICURI) ; Dias de Oliveira, A. (IFSERTÃO PERNAMBUCANO - CAMPUS OURICURI)

RESUMO: A água é vital para a sobrevivência dos seres vivos. Mas a importância deste líquido na vida dos seres não está ligada diretamente a molécula da água, H2O, os responsáveis por tal fato são os sais minerais presentes nas águas. O estudo realizado no açude Engenheiro Camacho, mas conhecido como Tamboril, fez parte do projeto de iniciação científica que objetivava diagnosticar através das análises físico-químicas como o pH, Cloretos e Condutividade Elétrica, a influência que os íons apresentam para a qualidade das águas do açude. Os resultados de pH estavam de acordo com o CONAMA 357/2005, porém, cloretos e condutividade atingiram valores acima do permitido, confirmando através de análises laboratoriais algo perceptível apenas ao visitar o local, que o açude sofre com a poluição.

PALAVRAS CHAVES: Açude; Tamboril; Físico-químicas

INTRODUÇÃO: A qualidade de água fornece produtividade para o meio ambiente, para os subsolos, as plantas, os ecossistemas e os seres humanos, a contaminação da mesma pode gerar problemas infalíveis a todos os seres vivos presentes na atmosfera (ANDRADE, 1999). Existem muitas variáveis que expressão a qualidade das águas. O pH é uma dela, onde verifica-se as atividades dos íons H+ e OH-, expressando se o meio é ácido com pH< 7 ou se alcalino com pH> 7. Ele é expresso unidimensionalmente, ou seja, sem unidade (CPRM, 2007) e pode ser influenciado por fatores antropogênicos, como esgotos domésticos ou industriais, ou por fatores naturais como a fotossíntese (CASALI, 2008). Cloretos é outra variável, e eles estão presentes em pequenas concentrações nas águas brutas e tratadas, podendo ser na forma de cloretos de cálcio, sódio e magnésio. A água com grandes concentrações de cloretos podem ter seu uso restrito devido o sabor e o efeito laxativo que provocam (FUNASA, 2006). A capacidade que as águas possuem em transmitir corrente elétrica é conhecida como condutividade elétrica. Esta se relaciona com a presença de íons dissolvidos na água e quanto maior a quantidade de íons, maior será a condutividade elétrica (LIMA e GARCIA, 2008). Segundo o Ministério da Saúde (2006), "a condutividade elétrica deve ser expressa em unidades de resistência (mho ou S) por unidade de comprimento (geralmente cm ou m)". Há algum tempo, a resistência elétrica da água era expressa em mho (inverso de ohm), porém recentemente está sendo utilizado “S” que significa Siemens. O trabalho em questão tem como objetivo relacionar os íons presentes nas variáveis físico-químicas que foram abordas na pesquisa com a qualidade da água do açude Engenheiro Camacho em Ouricuri - PE.

MATERIAL E MÉTODOS: Segundo Mascarenhas et al (2005), Ouricuri está inserido na unidade geoambiental dos maciços e serras baixas, caracterizada por altitudes entre 300 a 800 metros. A área dessa unidade apresenta distinção climática em função da altitude, ou seja, áreas de clima mais ameno nas cotas mais altas e áreas mais quentes nos sopés e encostas das serras e maciços. Essas áreas, no entanto, apresentam período chuvoso de janeiro a maio e precipitação média anual de 700 a 900 mm. A região estudada encontra-se na zona urbana do município de Ouricuri. Segundo o IBGE (2011), o açude tem capacidade para 27.664.000 m³ de água, ao longo, de estimados, 13,4 Km de extensão. O entorno do açude é habitada por famílias que cultivam e vendem, em geral, hortaliças e frutas, mas que também criam animais de vários portes; há famílias que possuem outra fonte de renda, como restaurantes, bares, mercadinhos, mas há outras que utilizam a área apenas para o lazer familiar. Para a coleta de amostras, os pontos foram selecionados de acordo com os setores apresentados pelo IBGE (2011): 260990705000026 (setor 1); 260990705000078 (setor 2); 260990705000054 (setor 3); 260990705000055 (setor 4). Todos os pontos foram registrados por GPS (MIO DIGI WALKER) e alguns foram chamados de acordo com os nomes que possuíam na região e outros por nomes com referência ao local de coleta. As amostras foram coletadas em recipientes plásticos na margem do açude, a trinta centímetros de profundidade com a abertura voltada para baixo, foram etiquetadas e armazenadas em isopor até o laboratório. Foram realizadas um total de seis coletas no açude Tamboril, no período de Agosto a Novembro/2011 (4 coletas) e nos meses de Março e Abril/2012 (2 coletas) afim de realizar a caracterização físico-química (pH, Cl e CE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As médias das coletas que foram realizadas nos meses de Agosto a Novembro de 2011 e em Março e Abril de 2012 foram analisadas e expostas na Tabela 1. O CONAMA 357/2005 estipula o pH entre 6,0 e 9,0 nas águas para consumo humano. Na coluna que expressa as médias do pH na Tabela 1, o pH mais alcalino foi o do Setor 2/P.3 que apresentou média de 8,51. Todos os resultados do pH foram alcalinos na faixa de 7,1 a 8,5 se enquadrando ao CONAMA 357/2005. Os cloretos e a salinidade são normalmente associados, tendo em vista que na evaporação de um corpo d’ água as duas variáveis apresentam grande concentração de sais (CEBALLOS, 1995). Outra característica dos cloretos é que em grandes níveis podem provocar doenças nos seres humanos e em níveis maiores a 1000 mg/L podem prejudicar o crescimento de vegetações (FREITAS, 2001). A média no S.2/P.4 apresentou a maior variação com média de 308,48 mg/L, apenas o S.1/P.2 apresentou média de 249,18 mg/L abaixo de 250 mg/L que foi estabelecido pelo CONAMA 357/05 e pela portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde como valor máximo permitido para água potável. Todos os outros setores apresentaram médias acima do valor permitido. Com relação a condutividade, segundo o Ministério da Saúde (2006), as águas naturais apresentam CE na faixa de 10 a 100 μS/cm, não ocorrendo o mesmo em ambientes poluídos, por esgotos domésticos ou industriais, em que os valores podem chegar até 1.000 μS/cm. Ainda na Tabela 1, apenas o S.3/P.3 não alcançou os 800 μS/cm. Todos os outros pontos ultrapassaram e o S.2/P.4 apresentou a média de 966 μS/cm, porém outros pontos como o S.1/P.2 e o S.2/P.3 apresentou os resultados, respectivamente, 1029 e 1100 μS/cm nas coletas individuais, ultrapassando o valor de 1.000 μS/cm logo espera-se que as águas estejam poluídas.

Tabela 1

Figura da Tabela 1

CONCLUSÕES: Os estudos realizados no açude através das análises físico-químicas permitiram considerar as águas impróprias para o consumo, pois os cloretos e condutividade foram elevados. A CE alta representa também um alto grau de salinização das águas e o período em que não ocorrem pluviosidades agrava-se ainda mais os teores de salinização, pois não haverá a renovação das águas provocando o aumento e acumulação de sais (CARNEIRO, 2002). A poluição do açude é visível, mas com os dados tabelados poderemos atuar na região com o intuito de melhorar a qualidade das águas a partir da reeducação ambiental.

AGRADECIMENTOS: Ao Deus criador de todo o universo, somente a Ele sejam dadas toda honra e glória.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: (ANDRADE, A. C. Caracterização da qualidade de água do reservatório da Marcela em Itabaiana – SE. Monografia – Curso de Especialização em Manejo do solo e Água em bacias hidrográficas – DEA/UFS. Aracaju, 1999); (BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água. 2ª ed. rev. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006); (BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006); (BRASIL. Portaria nº 518, de 25 de março de 2004: Normas de qualidade da água para consumo humano. Ministério da Saúde, Brasília, 2004); (CARNEIRO, F. M. Análise do Estudo de Impacto Ambiental e da Qualidade da Água – O Caso Açude Atalho – Brejo Santo, Ceará. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, Ceará, 2002); (CASALI, C. A. Qualidade da Água Para Consumo Humano Ofertada em Escolas e Comunidades Rurais da Região Central do Rio Grande do Sul. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, Rs, Brasil, 2008); (CEBALLOS, B.S.O. Utilização de Indicadores Microbiológicos na Tipologia de Ecossistemas Aquáticos do Trópico Semi-árido. Tese de Doutorado - Instituto de Ciências Biomédicas II - USP, SP. São Paulo – SP, 1995); (CONAMA, Resolução CONAMA n° 357/2005 dispõe sobre a classificação dos corpos d´água e diretrizes ambientais para o enquadramento bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências); (CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Manual Medição in loco: Temperatura, pH, Condutividade Elétrica e Oxigênio Dissolvido. Belo Horizonte, 2007); (FREITAS, S. S. de. Eutrofização no reservatório Marcela em Itabaiana-SE e sua Implicações Ambientais. Monografia de Especialização em Gestão de Recursos Hídricos. UFS. São Cristóvão, 2001); (IBGE. Sinopse por Setores. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/> Acesso em: 18 de Jul de 2011); (LIMA, W. S.; GARCIA, C. A. B. Qualidade da Água em Ribeirópolis-SE: O Açude do Cajueiro e a Barragem do João Ferreira. Scientia Plena Vol. 4, Num. 12, 2008); (MASCARENHAS, J. de C.; BELTRÃO, B. A; SOUZA JUNIOR, L. C.; GALVÃO M. J. da T. G.; SIMEONES, N. P.; MIRANDA, J. L. F. de. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea. Diagnóstico do município de Ouricuri, estado de Pernambuco. Recife: CPRM/PRODEEM, 2005).