ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Clorofila-a nos Rios Cuiabá e Vermelho: fornecedores de água para o Pantanal Matogrossense
AUTORES: Slusarky, A.M. (UFMT) ; Azevedo, C.K.S. (UFMT) ; Amarante, H.M. (UFMT) ; Carrijo, B.C. (UFMT) ; Silva, D.A. (IFMT) ; Oliveira, E.F. (UFMT) ; Weber, O.L.S. (UFMT) ; Rosa, A.H. (UNESP)
RESUMO: A concentração de clorofila na água está relacionada diretamente com a quantidade de algas presentes no manancial. O monitoramento do teor de clorofila permite avaliar o nível de crescimento do principal agente causador da eutrofização em corpos d’água. Desta forma, este trabalho objetiva-se quantificar o teor de clorofila, a montante e jusante nos Rios Cuiabá e Vermelho, ambos fornecedores de água para o Pantanal Matogrossense, visando avaliar o grau de impacto de áreas urbanas e agrícolas nesses corpos d’água. As coletas foram realizadas nos meses de setembro e novembro de 2011, em quatro pontos nos Rios Cuiabá e Vermelho em Mato Grosso. A amostragem foi realizada em triplicata, por meio de composição de amostras obtidas no meio e nos lados direito e esquerdo dos rios. Após amostragem,
PALAVRAS CHAVES: Eutrofização; Efluentes; Sub-bacia do Rio Cuiabá
INTRODUÇÃO: O Pantanal, designado pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade, é uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta com uma rica biota aquática e terrestre. Essa região é de “grande significância global, vulnerável e com altíssima prioridade para a conservação em escala regional” (Olson et al., 1998), entretanto, áreas da planície pantaneira e, principalmente, no planalto que o circunda vem sofrendo intensa atividade antrópica.
Dentre essas atividades merecem destaque as que estão associadas à agricultura e aos aglomerados urbanos. O uso intensivo de fertilizantes fosfatados em áreas agrícolas e o lançamento nos rios de efluentes não tratados em áreas urbanas são as principais ações antrópicas que acarreta o grande aporte de nutrientes, que em excesso desencadeia processo de eutrofização nos corpos d'água (Thomann e Mueller, 1987), causado principalmente pelo crescimento elevado de algas. A estimativa do crescimento dessa biomassa pode ser obtida a partir da análise de clorofila em corpos d’água.
Por isso, este trabalho objetiva-se quantificar o teor de clorofila-a nos Rios Cuiabá e Vermelho, sendo esses uns dos principais fornecedores de água para o Pantanal Matogrossense, visando avaliar o grau de impacto de áreas agrícolas e urbanas nos corpos d’água.
MATERIAL E MÉTODOS: As campanhas de amostragem foram realizadas nos meses de setembro e novembro de 2011, a montante e jusante das cidades de Cuiabá e Rondonópolis na sub-bacia do Rio Cuiabá em Mato Grosso. Nos quatro pontos de amostragem, as amostras foram coletadas em triplicata obtidas no meio e nas margens direita e esquerda do rio. No momento da coleta determinaram-se os seguintes parâmetros: pH, condutividade, oxigênio dissolvido e temperatura da água e do ar. Após chegarem ao laboratório, as amostras foram filtradas à vácuo, na ausência de luz, em membrana de celulose com 47 mm de diâmetro e 0,45 um de porosidade. Essas membranas foram acondicionadas em envelope de papel alumínio e guardadas sob temperatura a 10º C até o momento da análise. Para a extração de clorofila, as membranas foram maceradas com o auxílio de bastão de vidro, em ambiente isento de luminosidade, utilizando como solvente 10 mL de acetona 90% P.A. Esse extrato permaneceu por 24 horas na geladeira para garantir a completa extração. Após esse período, as amostras foram centrifugadas a 3000 rpm por dez minutos e, em seguida, determinou-se a clorofila-a em espectrofotômetro de UV-vís em 663 nm e 750 nm (CETESB, 1990).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os pHs, tanto nos mês de seca (setembro) quanto de chuva (novembro), variaram de levemente ácido a alcalino, respectivamente. Nos pontos P1 e P2, os pHs foram, de maneira geral, mais elevados, e isso se deve, provavelmente, a formação geológica dessa região com predominância de calcário calcítico e dolomítico (Tabela 1). Isso também pode ser uma das causas do maior valor de condutividade desses pontos quando comparado aos do Rio Vermelho. Os teores menores de oxigênio dissolvido (OD) a jusante dos rios em estudo refletem a ação antrópica das cidades de Cuiabá e Rondonópolis devido ao lançamento de efluentes domésticos e industrial nesses corpos d’água (Zonta et. al., 2008). O único ponto que apresentou teor de OD abaixo ao estabelecido pelo CONAMA 357/05 foi o P2 no mês de novembro (Tabela 1).
Os teores de clorofila-a foram maiores no mês de setembro como era esperado, porque nesse período é mais crítico a seca. Então, presume-se que essa tendência se deve a maior irradiação solar e, também, uma pré-concentração desse parâmetro nos corpos d’água (Figura 1). O ponto a jusante do Rio Cuiabá (P2) no mês de setembro apresentou teor bem superior ao P1, e levemente superior no mês de novembro, indicando que o lançamento de efluentes domésticos já está impactando esse corpo d’água (Lamparelli, 2004; Zonta et. al., 2008). Fato semelhante observa-se nos pontos P3 e P4 localizados a montante e jusante da cidade de Rondonópolis, sendo esse o terceiro município mais populoso e a segunda maior economia do estado.
TABELA 1
Propriedades físico-químicas a montante e jusante aos Rios Cuiabá (P1 e P2) e Vermelho (P3 e P4) nos meses de setembro e novembro de 2011
FIGURA 1.
Teor de clorofila-a (µg L-1) a montante e jusante dos Rios Cuiabá (P1 e P2) e Vermelho (P3 e P4) nos meses de setembro e novembro de 2011.
CONCLUSÕES: Os efluentes provenientes das cidades que circundam o rio Cuiabá, mais especificamente Cuiabá e Várzea Grande, já estão causando impactos nesse corpo d’água e, consequentemente, no Pantanal matogrossense, pois é um dos maiores fornecedores de água para essa região. Observa-se a mesma tendência no rio Vermelho, entretanto o aporte não se deve somente a efluentes e, sim, ao carreamento superficial de fertilizantes fosfatados de áreas agrícolas.
AGRADECIMENTOS: FAPEMAT – pelo financiamento e a UFMT – Departamento de Química.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA E SANEAMENTO AMBIENTAL. Determinação de Pigmentos Fotossintetizantes, Clorofila-a, b, c e Feofitina-a. Norma Técnica L5.306. São Paulo: CETESB, 1990.
LAMPARELLI, M. C. Graus de trofia em corpos d’água do Estado de São Paulo: avaliação dos métodos de monitoramento. 2004. 235 f. Tese (Doutorado em Ciências), Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
OLSON, D.E.; DINERSTEIN, P.; CANEVARI, I.; DAVIDSON, G.; CASTRO, V.; MORISET, R.; ABELL, E.T.; Freshwater biodiversity of Latin America and the Caribbean: a conservation assessment. Biodiversity Support Program, World Wildlife Fund, Washington, D.C.,1998.
THOMANN, R. V.; MUELLER, J. A. – Principles of Surface Water Quality Modeling and Control. Harper Collins Publishers, 1987.
ZONTA, J. H.; ZONTA, J. B.; RODRIGUES, J. I. S.; REIS, E. F. Qualidade das águas do Rio Alegre, Espírito Santo. Rev. Ciên. Agron., v. 39, n.01, p.155-161, 2008.