ÁREA: Ambiental
TÍTULO: MONITORAMENTO DE ÁGUA RESIDUÁRIA TRATADA COM THYPA DOMINGUENSIS PARA OS PARÂMETROS pH E DQO
AUTORES: Pereira de Vasconcelos Neto, A. (UEG) ; da Silva, M.N. (UEG) ; Xavier dos Santos, S. (UEG)
RESUMO: O tratamento de efluentes gerados antes de lançados aos corpos d'água evita o
agravamento do efeito poluidor sobre o ambiente. O uso de vegetais para a melhoria
das condições físico-químicas do meio aquoso, fitorremediação, é uma técnica muito
utilizada. Este trabalho teve como objetivo monitorar uma estação de tratamento de
água residuária de esgoto doméstico utilizando taboa (Typha dominguensis)para
melhoramento das condições físico-químicas do efluente antes do seu encaminhamento
para corpos d'água, em relação aos parâmetros pH e DQO. Os resultados de pH
mostraram-se satisfatórios de acordo com a Resolução CONAMA 357/05 porém, para o
DQO, esta resolução não preconiza valores aceitáveis para o lançamento de águas
residuárias em corpos d'água, no entanto o DQO teve eficiência de 58,45%.
PALAVRAS CHAVES: taboa; DQO; pH
INTRODUÇÃO: O advento da agricultura permitiu o surgimento vilas, cidades, metrópoles e
junto com essa grande evolução, a eliminação da vegetação natural e,
consequentemente, a poluição teve uma crescente considerável causando grandes
problemas ambientais e os efluentes domésticos são alguns dos principais fatores
poluidores. Para manter os corpos d’água livres de inconvenientes que ameacem a
saúde humana é importante que esses efluentes sejam tratados antes de seu
lançamento em corpos d’água.
O uso de vegetais para a melhoria das condições físico-químicas do meio aquoso
(fitorremediação) é muito conhecido e aplicado no tratamento de efluentes. Esse
é o caso do uso de macrófitas aquáticas que são plantas superiores cujas partes
fotossinteticamente ativas estão o tempo todo ou por alguns meses em cada ano,
submersas em água ou flutuantes em sua superfície (ANDRADE, TAVARES, MAHLER,
2007).
A Typha domingensis é descrita como uma planta herbácea perene, ereta, com caule
cilíndrico, rizomas rasteiros, com folhas de 2 m ou mais de comprimento, com 15
a 25 mm de largura e Nativa da América do Sul (MARTINS, 2003; MARTINS, 1976).
A taboa tem grande importância comercial, servindo de matéria-prima para a
fabricação de celulose e de móveis, além de contribuir para o saneamento
ambiental, sendo indicada como depuradora natural de ambientes aquáticos
(KISSMANN e GRTH, 1997; ANDRADE, TAVARES, MAHLER, 2007).
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) é o local que trata as águas residuais
de origem doméstica e/ou industrial para seu posterior despejo.
Este trabalho teve como objetivo avaliar os parâmetros DQO e pH do tratamento de
efluentes realizada com utilização da taboa e verificar a adequação para esses
parâmetros tendo em vista os padrões estabelecidos por legislações nacionais.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de água foram analisadas fisico-quimicamente quanto aos parâmetros
pH e DQO mediante a metodologia do STANDARD METHODS.
POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (PH) - As medidas foram realizadas utilizando-se um
potenciômetro DMPH-2 Digimed, devidamente calibrado com soluções tampão de pH
4,0 e 7,0.
DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO) - Realizaram-se as análises de DQO pelo método
de refluxo fechado. Para a construção da curva de calibração foram preparados 4
padrões de solução de biftalato de potássio com DQOs equivalentes entre 100 a
500 mg de O2.L-1
Para a preparação da amostra, um volume de 2,5 mL da amostra foi
disposto em tubo de ensaio ao qual se adicionou 1,5 mL da solução digestora.
Adicionou-se 3,5 mL de ácido sulfúrico reagente, a tampa do
tubo foi devidamente apertada e o tubo foi, então, invertido várias vezes, a fim
de homogeneizá-las completamente. Após a digestão por 2 horas a temperatura de
150 °C, os tubos foram novamente invertidos por várias vezes. Após o
resfriamento foi feita a leitura da absorbância a 600 nm, comparando-se com a
curva de calibração e determinou-se a DQO das amostras.
Todos os experimentos foram conduzidos em triplicata e os dados obtidos
correspondem à média aritmética dos três valores obtidos.
Análise do Tratamento de Efluentes com Taboa - Amostras de água residuária
proveniente da Estação de Tratamento de Efluentes nos seguintes pontos:
Ponto 1 – Amostra do efluente bruto, assim que chega à ETE, ou seja, é o
efluente antes de qualquer tratamento;
Ponto 2 – Amostra de água após o tratamento com taboa.
Armazenou-se essas amostras em geladeira a 18°C e posteriormente
realizaram-se as análises de DQO e pH. Os dados obtidos foram comparados, assim
permitindo verificar a eficiência do processo empregado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os valores de pH das amostras 1 e 2 foram determinadas a uma temperatura de
20,0°C. A média aritmética das três medições de pH para a amostra 1 foi de 8,57
e a da amostra 2 foi de 7,50.
Houve uma variação no valor do pH, antes do tratamento verificou-se um valor
básico e após o tratamento aproximou-se do valor neutro, variando na faixa de
7,49 – 8,61, comparando estes valores com os encontrados por Martins (2007), que
obteve uma variação na faixa de 7,8 – 8,3, no seu trabalho sobre a capacidade
da taboa na fitorremediação de tanques de piscicultura, verificou-se que houve
uma equivalência em resultados.
De acordo com a Resolução CONAMA 357/05 o pH permitido para despejo de efluentes
deve estar entre 6 e 9, portanto o pH está dentro do permitido segundo esta
resolução.
Os valores da média aritmética do DQO obtidos nos dois pontos amostrais 1 e 2
foram 473,33 e 196,67 respectivamente.
Observa-se uma queda bastante acentuada no valor de DQO do ponto amostral 1 para
o ponto amostral 2.
A resolução CONAMA 357/05 não preconiza valores aceitáveis de DQO para o despejo
de águas residuárias em corpos d’água, mesmo assim percebe-se uma diminuição
considerável de 58,45% desse parâmetro o que indica uma maior quantidade de
oxigênio para as espécies vivas aquáticas. Diminuições maiores de DQO no
tratamento de água residuária com a utilização da taboa foi encontrada por
Brasil et. al. (2005) e Valentim (2003), que obtiveram eficiência de remoção
entre 81 a 85% e 70%.
Valores de DQO para tratamento com taboa.
Valores de pH para tratamento com taboa.
CONCLUSÕES: O sistema de tratamento com taboa da ETE se mostrou eficiente para os parâmetros
pH e DQO. Após o tratamento os valores de pH tenderam a neutralidade estando
dentro do permitido (CONAMA) e os valores de DQO teve uma queda de 58,45% em
relação ao DQO inicial.
O tratamento com taboa mostrou eficiente na diminuição dos valores de DQO e com
valores de pH dentro do permitido. Este tratamento se torna uma boa sugestão uma
vez que o custo para a sua implementação é baixo, sua obtenção é fácil, possui
grande proliferação (se propaga vegetativamente por meio de rizomas ou através de
suas sementes) e a qualidade da água para despejo fica maior, devido ao seu poder
de rizodegradação, rizofiltração e fitoacumulação, dando prioridade ao meio
ambiente.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standart Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20 ed. Washington, D.C. 1998.
ANDRADE, C. M., TAVARES, S. R. L., MAHLER, C. F. Fitorremediação: O uso de plantas na melhoria da qualidade ambiental. 1 ed. São Paulo, Oficina de Textos, 2007.
BRASIL, M. S.; MATOS, A. T.; SOARES, A. A. Plantio e desempenho fenológico da taboa (Thypha sp.) utilizada no tratamento de esgoto doméstico em sistema alagado construído. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v.12, p.266-272, 2007.
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente): Resolução n° 357. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões d lançamentos de efluentes, e dão outras providências, 15 de Março de 2005.
KISSMANN, K. G.; GROTH, D. Plantas infestantes e nocivas. TOMO III – 2.ed. São Paulo. BASF, 1997.
MARTINS, A. et, al. Biorremediação. III Fórum de Estudos Contábeis, Faculdades Integradas Claretianas, Rio Claro, SP, 2003. Disponível em: <www.ceset.unicamp.br/lte/artigos/3fec2401>. Acesso em: Setembro de 2011.
MARTINS, A. P. L. et al. Capacidade da Typha dominguensis na fitorremediação de efluentes de tanques de psicultura na Bacia do Iraí – Paraná. In: Bianco, S.; Pitelli, R. A.; Pitelli, A. M. C. M. Leaf area estimation in Typha latifolia using leaf blade linear dimensions. Planta Daninha, Viçosa, v.21, n.2, p.257-261, 2007.
MARTINS, A. P. L. et al. Capacidade da Typha dominguensis na fitorremediação de efluentes de tanques de psicultura na Bacia do Iraí – Paraná. In: Lorenzi, H. J. Principias ervas daninhas do Estado do Paraná. Londrina: IAPAR, 204p. Boletim técnico n.2, 1976.
VALENTIM, M. A. A. Desempenho de leitos cultivados ("construted wetland") para tratamento de esgoto: contribuições para concepção e operação. Campinas: UNICAMP/FEAGRI. Tese Doutorado, 2003.