ÁREA: Ambiental

TÍTULO: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO COMPONENTE CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA DA FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA MATA SUL - FAMASUL RECIFE

AUTORES: Mendes da Silva, I. (UFRPE) ; de Freitas Filho, J.R. (UFRPE)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo, analisar de que forma a questão ambiental é tratada nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para ao curso de Química e no Projeto Político Pedagógico do curso de Licenciatura em Química da FAMASUL, bem como, avaliar se a questão ambiental está presente nos conteúdos teóricos das ementas das disciplinas do curso estudado. Na trajetória metodológica foram realizadas análises documentais do Projeto Político Pedagógico e das ementas das disciplinas do Curso de Licenciatura em Química e nos resultados foi possível verificar que as vertentes epistemológicas e metodológicas que fundamentam o PPP do curso em questão, buscam dar condições para a formação de um professor crítico- reflexivo, visando suplantar os velhos paradigmas da formação ambiental.

PALAVRAS CHAVES: Dimensão Ambiental; Ensino de Química; Formação de Professores

INTRODUÇÃO: A Educação Ambiental (EA) tem sido reconhecida em todo o mundo como prática essencial para construção de sociedades sustentáveis, mais especificamente a partir de 1977, na Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada na Geórgia, conhecida como “Conferência de Tbilisi‟. Esta já convocava os Estados-membros a incluírem em suas políticas de educação medidas visando incorporar a dimensão ambiental em seus sistemas, com base em princípios por ela definidos. Entre esses princípios, a conferência preconizava que a EA deve abranger todos níveis da educação escolar, adotando um enfoque global e fundamentado numa ampla base interdisciplinar, a partir da qual se reconhece existir uma profunda interdependência entre fatores ecológicos, sociais, econômicos e culturais.Quinze anos depois, no Rio de Janeiro, as propostas de Tbilisi foram novamente discutidas, e a EA assumiu um papel central na construção de um mundo “socialmente justo e ecologicamente equilibrado”, condição estabelecida como indispensável para a sobrevivência humana e para a manutenção de vida na Terra (CARVALHO, 2004).Em termos de ensino superior, a universidade se sentiu corresponsável nesse processo educacional de procura por um desenvolvimento sustentável através da Declaração de Princípios da Conferência Mundial sobre a Educação Superior (PARIS, 1998), ao afirmar em seu artigo 1º que as missões de educar, formar e realizar pesquisas em Educação Superior têm a obrigação de contribuir para o desenvolvimento sustentável e a melhoria do conjunto da sociedade (GÓMEZ, 2007). No Brasil essa tendência está normatizada na Política Nacional de Educação Ambiental-PNEA (Lei 9.795/99), que determina no seu artigo 9º que a EA deve ser ministrada em todos os níveis escolares do ensino formal.

MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho tem o caráter de uma pesquisa qualitativa, na qual segundo Martins Júnior (2008), esta consiste em buscar a compreensão particular daquilo que se está investigando, não se preocupando com generalizações, princípios e leis. Para a investigação, utilizou-se como método de coleta de dados, a análise documental. Para Lüdke e André (1986), a análise documental busca identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse. Os instrumentos utilizados foram às análises documentais do Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Química da FAMASUL, como também, das Diretrizes Curriculares para o Ensino da Química, assim como, das Ementas que compõe o currículo do curso em questão.Para a identificação da dimensão ambiental do currículo realizou-se a análise de conteúdo das matrizes curriculares (BARDIN, 2004). Esta técnica metodológica caracteriza-se pela “manipulação de mensagens (conteúdos e expressões deste conteúdo) visando evidenciar os indicadores que permitem inferir sobre uma realidade outra que aquela da mensagem” (BARDIN, 2004, p. 51).Para a análise de conteúdo, foi feito um levantamento no currículo para identificar competências, habilidades e bases tecnológicas relacionadas à temática ambiental, ou seja, que continham palavras que identificassem de alguma forma a abordagem de temas ambientais como, por exemplo: “meio ambiente, impactos ambientais, sustentabilidade, recursos naturais, práticas conservacionistas”, entre outros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Desse modo, sem conduzir a uma revisão ampla e profunda dos paradigmas vigentes nos campos científicos e curriculares da Química, a questão ambiental ainda é insuficientemente incorporada nas diretrizes curriculares como uma problemática externa à sociedade que a produz, e cujos efeitos negativos, portanto, podem ser controlados e mesmo corrigidos pelo progresso dos conhecimentos científicos e tecnológicos em marcha. Contudo, ressalta-se que, apesar de seu modelo normativo, uma política curricular nacional não representa um objeto pronto e acabado, nem, tampouco, um conjunto fixo de significados organizados de modo consensual. Como temos argumentado, a produção da política não se conclui com a elaboração do texto político por uma instância governamental, mas engloba um conjunto de processos que se estende à vida das instituições e dos agentes educacionais. Assim, a leitura crítica das limitadas condições e oportunidades de ambientalização curricular sinalizadas nessas diretrizes não encerra a realidade do campo curricular da Química, requerendo que se analisem os demais momentos da produção da política curricular. Esse procedimento no mostra que, de fato, o currículo está imerso em um conjunto vasto de políticas e práticas, as quais obtêm um sentido próprio nos contextos particulares. Pontuamos que a análise realizada do Projeto Político Pedagógico, no geral, revelou que as vertentes epistemológicas e metodológicas que o fundamentam buscam dar condições para a formação de um professor crítico-reflexivo e pesquisador, visando suplantar os velhos paradigmas de formação, entre eles, o da racionalidade instrumental.

CONCLUSÕES: Na análise das disciplinas, das nomenclaturas dos componentes do currículo e ementas, observamos boa relevância com as questões ambientais, desencadeando presença de ações e oportunidades formativas que possibilitam o tratamento educativo da problemática ambiental na formação inicial do professor de Química. Na nossa perspectiva, a complexidade da problemática ambiental exigiria que se empreendessem mais discussões sobre a importância deste tema, como essencial para a formação integral do licenciado, enfatizando que os dados levantados neste trabalho podem contribuir para as mesmas.

AGRADECIMENTOS: A Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul de Pernambuco - FAMASUL

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2004.
BRASIL,Ministério da Educação.Parecer CNE/CES 1.303 de 4 de dezembro de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 de dezembro de 2001. Seção 1, p.25. Em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1303.pdf. Acesso em: 22 de Setembro de 2011.
CARVALHO, Isabel C. de M.(org.). A Invenção do Sujeito Ecológico: identidades e subjetividade na Formação dos educadores ambientais. In: CARVALHO, Isabel C de M.; SATO, Michele. Educação Ambiental: Pesquisa e Desafios. Porto Alegre: Artmed, 2004.
CONFERENCIA MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO SUPERIOR, Paris 1998. Disponível em: www.interlegis.gov.br/processo_legislativo/copy_of_20020319150524/20030620161930
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GÓMEZ, J. A. C. La educación ambiental en las universidades y la enseñanza superior: viejas e nuevas perspectivas para la acción en clave de futuro. „ In: Perspectivas da educação ambiental na região ibero-americana: conferências / V Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental. Rio de Janeiro/BR: Associação projeto Roda Viva, 2007.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. EPU: São Paulo, 1986.
MARTINS J. J. Como escrever trabalhos de conclusão de curso: instruções para planejar e montar, desenvolver, concluir, redigir e apresentar trabalhos monográficos e artigos. 2. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999
Disponível em: www.pga.pgr.mpf.ov.r/.../politica-nacional-de-educação-ambiental/ Acesso em: 19 de outubro de 2011.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM QUÍMICA DA FAMASUL, 2009.