ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Comparação da concentração de metais pesados nas águas do Rio São Francisco nos períodos de chuva e de estiagem
AUTORES: da Silva Reis, E. (IF SERTÃO-PE SERTÃO PERNAMBUCANO) ; Santos Carvalho dos Anjos, D. (IF SERTÃO-PE SERTÃO PERNAMBUCANO) ; Glaucia Freire Rodrigues, M. (UFCG) ; Souza Martins, S. (SENAI PETROLINA) ; Henrique V. Martins, S. (SENAI PETROLINA) ; Pacheco Gomes da Rocha, L. (UNIVASF)
RESUMO: Diante de uma legislação cada vez mais rigorosa, tem-se observado um aumento no
número de trabalhos voltados para o monitoramento da qualidade da água dos rios e
corpos hídricos. O presente trabalho teve por objetivo determinar a concentração
de metais pesados (Cd, Cr, Cu, Pb e Hg) nas águas do Rio são Francisco, em
amostras coletadas no período de chuvas e estiagem, nos municípios de Juazeiro-BA
e Petrolina-PE. Os resultados das análises físico-químicas e microbiológicas estão
dentro do padrão estabelecido pela resolução CONAMA 357. No entanto, a
concentração de metais foi superior ao limite estabelecido pela legislação
vigente. Entre os metais pesados determinados, o Cr e o Pb são aqueles que estão
presente em maior concentração, provocando graves danos ao meio ambiente.
PALAVRAS CHAVES: metais pesados; meio ambiente; poluição dos rios
INTRODUÇÃO: A água é indispensável para atividades humanas, entre estas se destacam, o
abastecimento público e industrial, a irrigação agrícola, a produção de energia
elétrica e as atividades de lazer e recreação. O rio São Francisco tem grande
importância para o país por ter um potencial hídrico passível de aproveitamento
[1]. A região do Sub-Médio São Francisco é limitada pelo município de Remanso
até Paulo Afonso numa extensão de 155.637 km2. Sua população urbana é
de 1.375.230 habitantes, sendo que 1.080.538 habitantes encontram-se na zona
rural. Duas cidades se destacaram no Sub-Médio do São Francisco, Juazeiro (BA) e
Petrolina (PE), por apresentar um evidente dinamismo devido à agricultura
irrigada, transformando-as em pólos de atração de migrantes [2]. No entanto a
crescente expansão demográfica e industrial observada nas últimas décadas trouxe
como consequência o comprometimento das águas do rio. Afetando não só os meios
físicos, como a modificação no uso do solo, alterações na qualidade da água,
eutrofização e processo erosivo das margens, como também, o meio antrópico e
biótico comprometendo a qualidade de todo o ecossistema [3]. Entre os
contaminantes químicos, os metais pesados destacam-se devido sua elevada
toxidade, sua ocorrência na natureza e o meio mais comum é a descarga de
efluentes industriais não devidamente tratados em rios ou lagos. Sendo assim,
este trabalho teve como objetivo determinar a concentração de metais pesados
(Cd, Cr, Cu, Pb e Hg), assim como a caracterização físico-química e
microbiológica, em amostras coletadas nos períodos de chuvas e estiagem nas
margens do Rio São Francisco, nos municípios de Juazeiro-BA e Petrolina-PE.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras foram coletadas em cinco pontos distintos (Figura 1), nos meses de
junho de 2011 e em fevereiro de 2012. As amostras coletadas para as análises
físico-químicas foram acondicionadas em recipientes de polietileno com
capacidade para 1L, onde permaneceram refrigeradas até o momento da análise,
enquanto que, para aos ensaios microbiológicos as mesmas foram
acondicionadas em recipientes com capacidade para 200mL, esterilizados,
preservados com 0,6 mL de EDTA 15%. As amostras foram submetidas a análises
físicas (STD, SS, cor, turbidez, temperatura), químicas (DBO, OD, concentração
dos metais) e microbiológicas (coliformes totais). Os ensaios físico-químicos e
microbiológicas foram realizadas seguindo a metodologia proposta por APHA
(2005)[4]. Essa metodologia foi utilizada porque atende aos padrões
internacionais de qualidade de água. As concentrações dos metais foram
determinadas por AAS de alta resolução com fonte contínua. As medidas em alta
resolução foram realizadas em um espectrômetro de absorção atômica ContrAA 700
(Analytik Jena), operando no modo chama (composta de ar-acetileno). As soluções
estoques contendo os metais foram obtidas a partir de padrão comercial
multielementar, Merck, contendo 1000 mg/L de cada metal a ser analisado. Foram
selecionadas cinco concentrações de padrões de calibração para o equipamento,
sendo estes, utilizados para a confecção da curva analítica durante todo o
procedimento. Para a análise dos resultados obtidos, foi consultada a Resolução
CONAMA N° 357, de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como,
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes [5].
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados dos ensaios físico-químicos e microbiológicos, tanto para o
período de chuvas como na estiagem, estão dentro do padrão estabelecido pela
Resolução CONAMA 357/2005. Por outro lado, os valores de Oxigênio Dissolvido
(OD), em todos os pontos coletados na época de estiagem, estavam acima de 6
mg/L, enquanto que, no período de chuvas os valores obtidos estavam entre 5 e 6
mg/L. Na Resolução o nível aceitável de OD deve estar entre 5-6 mg/L, então, um
nível muito baixo é um indicativo de um ambiente aquático poluído. Apesar dos
valores obtidos estarem acima do permitido, estes não representam grandes
riscos, uma vez que, a abundância de OD pode ser atribuída à baixa quantidade de
microrganismos aeróbicos [6]. Dessa forma, pode-se justificar que a grande
quantidade de OD na água é devido à existência de pouca matéria orgânica no
meio, que foi confirmado nos testes de DBO e mostraram uma quantidade
insignificante de oxigênio consumido. Por outro lado, em todas as amostra foram
detectadas a presença de metais pesados (Cd, Pr, Cr, Cu e Hg) com concentrações
acima do permitido pela mesma legislação. Os níveis detectados atingiram índices
preocupantes, principalmente na época de estiagem, onde 100% dos metais
analisados estavam acima do valor máximo permitido (VMP). Entre os metais
analisados, o Cr e o Pb foram os que estavam presentes em maiores concentrações
e estes foram encontrados em amostras de efluentes provenientes do
beneficiamento de couro e de projetos de irrigação. Em geral, para todas as
amostras coletadas, como a exemplo da Figura 2, observa-se no período de cheia
do rio, a concentração dos metais diminuiu exceto para o chumbo onde os valores
ainda estão acima dos previstos na resolução.
Figura 1
Figura 1-Mapa contendo a localização dos pontos
coletados.
Figura 2
Figura 2:Concentração de metais no período de
estiagem e cheia do rio e seus valores máximos
permitidos (VMP), para efluentes proveniente de
curtume.
CONCLUSÕES: Os resultados dos parâmetros físico-químicos e microbiológicas para as amostras
analisadas, estão dentro dos valores permitidos pela resolução CONAMA 357/2005,
exceto para o nível de oxigênio dissolvido. A concentração de metais em todos os
pontos, está acima do permitido para os padrões de qualidade da água de rio Classe
2. Entre os metais determinados, o Cr e o Pb estão presente em maior concentração,
gerando danos à população que faz o uso direto da água bruta. Estes metais, mesmo
no período de cheia do rio, estavam presente com concentração acima do permitido
pela legislação.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pela bolsa concedida, ao SENAI-PE, LABNOV-UFCG, UNIVASF e IF SERTÃO-PE,
pelo apoio às atividades de pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO (CBHSF)- A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Disponível em: http://www.saofrancisco.cbh.gov.br/baciasf.aspx. Acesso: em 8 março de 2011.
[2] LIMA, POLICARPO.Economia do Nordeste- Tendências das áreas dinâmicas.Análise Econômica,Faculdade de Ciências Econômicas do Rio Grande do Sul.Porto Alegre. v. 12, n. 21 e 22. 55-73, mar/setp 1994.
[3] GUIMARÕES, M.F.R. HOLANDA, F.S.R.ROCHA, I.P DA.FILHO, R.N.DE A.VIERA, T.R.S.Indicadores Ambientais para o Estudo de Erosão Marginal no Rio São Francisco. Caminhos de Geografia. Uberlândia.v.11, n.34 p.75-83. jun/2010.
[4] AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA).Standard Mof Water and Wastewater. 21 ed. Washington, EUA.2005.
[5] BRASIL. Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação de corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 53, 18 de março de 2005. Seção 1, p. 58-63.
[6]FIORUCCI, A. R.; FILHO, E. B. Química Nova na Escola: A importância do Oxigênio Dissolvido em ecossistemas aquáticos, n0 22, 11/2005.