ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE UMIDADE EM SEMENTES DE SOJA ATRAVÉS DE SECAGEM EM ESTUFA

AUTORES: Silveira, E.V. (UTFPR) ; Guilherme, J.C. (UTFPR) ; Cesar, R.A. (UTFPR) ; Pituco, M. (UTFPR) ; Lobo, V.S. (UTFPR) ; Zara, R.F. (UTFPR) ; Nava, D.T. (UTFPR)

RESUMO: Desde a colheita até a comercialização dos cereais, um dos fatores mais importantes é a umidade, podendo determinar e assegurar a boa qualidade dos produtos. Diferentes métodos de determinação de umidade podem gerar resultados distintos. Sendo assim, neste trabalho objetivou-se verificar a variação entre o método 103±2°C por 3 horas e o método de 105±3°C por 24 horas, através da determinação do teor de umidade em sementes intactas de soja. Os dados foram submetidos a análise de variância utilizando o programa estatístico BioEstat. O método de determinação através da estufa à temperatura de 103±2°C por 3 horas foi significativamente diferente, a 5% de significância, do método de estufa a 105±3°C por 24 horas, que demonstrou ser mais eficiente na determinação do teor de umidade.

PALAVRAS CHAVES: Cereais; Estufa; Umidade

INTRODUÇÃO: Desde a colheita até a comercialização dos cereais, um dos fatores mais importantes é a umidade, podendo determinar e assegurar a boa qualidade dos produtos. Normalmente, quanto menores os níveis de água nas sementes e cereais durante o período de armazenamento, menores serão os danos. Cerais armazenados em exposição a altas umidades estão sujeitos a agentes desfavoráveis que, de forma direta ou indireta podem comprometer a viabilidade das sementes e promover sua deterioração (BACHI & ZINK, 1970). Para a soja, a Instrução normativa Nº 11, DE 15 DE MAIO DE 2007, recomenda o percentual máximo de 14% de água para sua comercialização (BRASIL, 2007). De acordo com as Regras para Análise de Sementes do Ministério da Agricultura (BRASIL, 1992), as temperaturas indicadas para análise em estufa (método direto) devem ser de 105±3°C por 24 horas, 130 a 133°C por um período de 2 a 4 horas, e ainda 103±2°C, entretanto, neste último, o tempo de estufa pode ser ajustado à diferentes sementes. Para a ISTA (International Seed Testing Association), a metodologia padrão compreende a exposição das sementes a 103±2ºC (International Seed Testing Association – ISTA, 1996). Diferentes métodos de determinação de umidade podem gerar resultados distintos (HENDERSON, 1991). Sendo assim, neste trabalho objetivou-se verificar a variação entre o método 103±2°C por 3 horas (International Seed Testing Association), e o método de 105±3°C por 24 horas (Regras para Análise de Sementes), através da determinação do teor de umidade em sementes intactas de soja.

MATERIAL E MÉTODOS: O estudo foi realizado no laboratório de Química Geral e Orgânica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Toledo, entre fevereiro e junho de 2011. As sementes foram coletadas em diferentes silos no município de Toledo, totalizando 5 amostras, com 3 repetições, e aproximadamente 3 gramas de sementes intactas de soja para cada método de determinação de umidade. Inicialmente, as vidrarias foram calibradas através do aquecimento a 105±3°C por um período de 30 minutos, e resfriadas em dessecador por 30 minutos. Após a calibragem, as sementes de soja foram transferidas para as vidrarias e distribuídas uniformemente na prateleira central da estufa. As sementes permaneceram na estufa, com ventilação, por um período 3 horas sob temperatura de 103±2°C (International Seed Testing Association - ISTA, 1996), e 24 horas sob temperatura de 105±3°C para o outro método (BRASIL, 1992). Posteriormente, as sementes foram resfriadas em dessecador por 30 minutos. Ao fim do procedimento, as sementes foram novamente pesadas, utilizando uma balança de precisão de 0,0001g, e através da diferença entre a primeira e a segunda pesagem obteve-se o teor de umidade das sementes. Os resultados foram submetidos a análise de variância e a teste de médias utilizando o programa estatístico Bioestat.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na Tabela 1, estão apresentados os teores de umidade determinados através dos métodos testados. Os resultados obtidos do teor de umidade para os dois métodos estão de acordo com a Instrução normativa Nº 11, DE 15 DE MAIO DE 2007 (BRASIL, 2007) que recomenda o percentual máximo de 14% de água para sua comercialização. Para o Programa Estatístico BioEstat não houve diferença significativa entre as amostras para os dois métodos. Já para a comparação entre os métodos houve diferença significativa a 5% de probabilidade, sendo que a média do teor de umidade para o tratamento 105±3°C por 24 horas foi maior. Essa variação concorda com os experimentos realizados por diversos pesquisadores (OXLEY & PIXTON,1960; BACHI & ZINK, 1970; CAMPOS & TILLMANN, 1996) que avaliaram o teor de umidade através de diferentes métodos de estufa e com diferentes alimentos. A partir da compreensão da distribuição de água, bem como as relações intermoleculares, no alimento, os resultados obtidos sugerem que o método que utilizou a secagem por estufa 103±2°C por um período de 3 horas pode não ter fornecido energia suficiente para a retirada da água mais fortemente aderida à semente, fato evidenciado pelos maiores teores de água obtidos pelo método de 105±3°C por 24 horas, cujo fornecimento de energia foi maior (BOBBIO & BOBBIO, 2001). Outra característica que sugere a insuficiência energética no método de estufa 103±2°C por 3 horas, é o maior desvio padrão, maior coeficiente de variação e maior variância (Tabela 2), que indicam menor uniformidade na quantidade de água retirada das amostras. Já para o método de 105±3°C por 24 horas, esses indicadores foram menores, sugerindo um nível de desidratação mais próximo entre as amostras.

Tabela 1

Tabela 1 – Percentual médio de umidade por tratamento com estufa a 103±2°C por 3 horas e 105±3°C por 24 horas, em relação ao desvio padrão.

Tabela 2

Tabela 2 – Estatística descritiva de acordo com o teor de umidade obtido dos grãos de soja

CONCLUSÕES: Tanto o método 103±2°C por 3 horas (International Seed Testing Association), quanto o método de 105±3°C por 24 horas (Regras para Análise de Sementes) determinaram teores de umidade apropriados para comercialização de acordo com a Instrução normativa Nº 11, DE 15 DE MAIO DE 2007 (BRASIL, 2007). O método de determinação do teor de umidade em sementes intactas de soja através da estufa à temperatura de 105±3°C por 24 horas, demostrou ser mais eficaz no fornecimento de energia necessária para retirada de toda a água disponível no cereal, ao nível de 5% de significância.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BACCHI, O.; ZINK, E. Teor de umidade em sementes: comparação de resultados obtidos com o emprego de diferentes métodos. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE SEMENTES, 3., Recife, 1970. Anais. Recife, MA/CONTAP/USAID/ETA, . p.104-105. 1970
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras Para Análise de Sementes. Brasília, SNDA/DNDV/CLAV, p.365. 1992.
BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa nº 11. Brasília. 15 de maio de 2007.
BOBBIO, P. A.; BOBBIO F. O. Química do processamento de alimentos. 2. Ed. São Paulo: Varela. p.148. 1992.
CAMPOS, V. C.; TILLMANN, M. A. A. Comparação entre os métodos oficiais de estufa para determinação do grau de umidade de sementes. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 18, n. 1, p.134-137, 1996.
HENDERSON, S. Sources of varianatin in the determination of moisture contet of cereal grains, and oil seeds by ovendrying methods. Phostharvest News and information, Wallingford, v.2, n.5, p.335-339. 1991.
ISTA. International Rules for Seed Testing. Seed Science and Technology, Zurich, v.24, p 336. 1996.
OXLEY, T.A. & PIXTON, J.L. Determination of moisture content in cereals. lI.
Errors in the determination by oven drying of known changes in moisture content. Journal of the Science of Food and Agriculture, London, v.11, n.6, p.315-320. 1960.