ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: PERFIL DOS ÁCIDOS GRAXOS DO ÓLEO DA SEMENTE DE ANDIROBA (Carapa Guianensis Aublet) DE RORAIMA POR CROMATOGRAFIA GASOSA (CG)
AUTORES: Farias, E.S. (IFRR / UFRR) ; Filho, A.A.M. (UFRR) ; Sousa, R.C.P. (EMBRAPA) ; Castilho, C. (EMBRAPA) ; Silva, S.R. (UFMG)
RESUMO: Entre as espécies florestais madeireiras e não-madeireiras que vem se destacando na região norte do Brasil é a andiroba devido ao uso de sua madeira por ser considerada nobre, fácil de trabalhar e muito procurada no mercado interno e externo para fabricação de móveis e seu óleo extraído das sementes que tem demanda internacional e é utilizado para a iluminação, na confecção de sabão e velas, na indústria de cosméticos e na medicina popular.
A extração do óleo da sementes cabe no conceito de sustentabilidade, pois vem agregar valor a um produto não-madeireiro, daí a importância de conhecer seu ácidos graxos marjoritários por cromatografia gasosa (CG). Diante disto, este trabalho tem como objetivo caracterizar quimicamente o óleo extraído de semente de andiroba no Estado de Roraima.
PALAVRAS CHAVES: óleo andiroba; ácidos graxos; cromatografia gasosa
INTRODUÇÃO: A andiroba (Carapa guianensis Aublet) é uma das espécies com grande potencial de exploração madeireira e principalmente não madeireira na Amazônia por causa de seu óleo que é extraído da semente e segundo Carvalho (2004) é composto basicamente por ácidos graxos: mirístico, palmítico, esteárico, oleico (Ѡ9), linoleico (Ѡ6) e linolênico (Ѡ3), Figura 1, possui propriedades medicinais com potência comercial e se destaca entre os óleos tradicionais no Norte do país. Em Roraima, as áreas com maior ocorrência localizam-se no sul do Estado, de onde foram coletadas as sementes em uma população nativa em época de produção dos frutos. Nesse trabalho avaliam-se o perfil dos ácidos graxos assim como suas concentrações por cromatografia gasosa.
Com o avanço da Cromatografia Gasosa, também se desenvolveram os estudos dos compostos lipídios, permitindo o conhecimento completo de ácidos graxos presentes em uma amostra em um curto espaço de tempo. Entretanto é necessário a volatização da amostra a ser analisada, comumente sendo usada a esterificação na qual os ácidos graxos são convertidos em ésteres metílicos de ácidos graxos, os quais são mais voláteis (MELINSK, 2007).
MATERIAL E MÉTODOS: O óleo foi extraído utilizando-se um extrator tipo Soxhlet, usando hexano como solvente, durante 3 horas em triplicata e metilado dissolvendo-se aproximadamente 10mg do óleo em 100uL de uma solução de etanol (95%)/KOH 1mol/L (5%). Após agitação em vórtex por 10s, o óleo foi hidrolisado em um forno de microondas doméstico (Panasonic Piccolo), à potência de 80W (Potencia 2), durante 5min. Após resfriamento, adicionou-se 400μL de HCl a 20%, uma ponta de espátula de NaCl (~20mg) e 600 μL de acetato de etila. Após agitação em vórtex por 10s e repouso por 5min, uma alíquota de 300μL da camada orgânica foi retirada, colocada em tubos de microcentrífuga e seco por evaporação, obtendo-se assim os ácidos graxos livres. (adaptado de W. W. Christie, Gas Chromatography and Lipids, 1989, Pergamon Press). Os ácidos graxos livres foram metilados com 100μL BF3 / metanol (14%) e aquecidas durante 10min em banho de água a 80oC. Foram em seguida diluídos com 400uL de metanol e analisados por Cromatografia Gasosa.
As análises foram realizadas em um Cromatógrafo a Gás HP5890 equipado com detector por ionização de chamas. Utilizou-se uma coluna SP2380 (Supelco 27) 30m x 0,25mm x 0,20μm com gradiente de temperatura: 150ºC, 0min, 7ºC/min até 240ºC; injetor (split de 1/50) a 250ºC e detector a 250ºC. Hidrogênio como gás de arraste (2 mL/min) e volume de injeção de 1μL. A identificação dos picos foi feita por comparação com padrões de ácidos graxos metilados SUPELCO 27.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Neste trabalho foram obtidos os perfis dos ácidos graxos presentes no óleo de andiroba e realizada a quantificação dos ácidos graxos por Cromatografia Gasosa por meio do cromatograma dos ésteres metílicos do óleo.
Os resultados obtidos na Tabela 1 mostram a composição do óleo de andiroba, o ácido palmítico 28,29%, oleico (Ѡ9) 49,74%, linoleico (Ѡ6) 7,57% e linolênico (Ѡ3) 1,49% observa-se, portanto, que a composição do óleo de andiroba apresentou-se dentro da média obtida por Oliveira (2006), Costa et al. (1995) e valores altos em relação a ANVISA (2010), com exceção do ácido linoléico(Ѡ6) 7,57% que apresentou valor muito inferior ao parâmetro (58,0 – 78,0).
ÁCIDOS GRAXOS DO ÓLEO DE ANDIROBA
Estrutura dos ácidos graxos identificados no óleo da andiroba no Estado de Roriama.
tabela de ácidos graxos
Composição em ácidos graxos em óleos de andiroba comparados à literatura.
CONCLUSÕES: Os resultados das análises encontrados para a composição e concentração dos ácidos graxos do óleo de semente da andiroba, realizada por cromatografia gasosa, não demonstrou diferenças relevantes na composição em relação à literatura, mostrando assim uma similaridade das pesquisas.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq e todos que direta ou indiretamente colaboraram na produção deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CARVALHO, J.C.T. Fitoterápicos Antiflamatório (aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas). 1ª ed. São Paulo: Tecmedd Editora, v.1. 480 p. 2004.
CHRISTIE, W.W. Gas Chromatography and Lipids. Pergamon Press, 1989.
COSTA, G.M.L.; SANTOS, G.R.; VILLARREYES, J.A. Estudo das variáveis operacionais no processo térmico do óleo da andiroba (Carapa guianensis Aubl.) através do projeto fatorial de experimentos, [S.1.], 1995.
FERRAZ, I. D. K.; CAMARGO, J. L. C.; SAMPAIO, P. T. B. Sementes e plântulas de andiroba (Carapa guianensis Aubl. e Carapa procera, D.C): aspectos botânicos, ecológicos e tecnológicos. Acta Amazonica, Manaus v. 32, n. 4, p. 647-661, abr. 2002.
OLIVEIRA, B.R. Desenvolvimento e avaliação de nanoemulsões com óleos de carapa guianensis e copaifera sp. E estudo da ação repelente frente a Aedes aegypti. Dissertação em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, 2008.