ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE MICOTOXINA DON (DEOXINIVALENOL) EM FARINHA DE TRIGO VIA CLAE
AUTORES: Canan, I. (UPF) ; Zoch, A. (UPF) ; Friedrich, M.T. (UPF)
RESUMO: A presença de micotoxinas nos alimentos pode provocar intoxicações graves ou
crônicas, sendo por vezes até letais tanto para o homem quanto para os animais,
especialmente quando a contaminação for por DON (deoxinivalenol). O presente
trabalho teve como objetivo identificar e quantificar DON via CLAE
(Cromatografia Líquida de Alta Eficiência). O método analítico foi desenvolvido
no Laboratório de Cromatografia do CEPA (Centro de Pesquisa em Alimentação) da
Universidade de Passo Fundo. Obteve-se a curva padrão para DON (r2=0,992) e
valores para os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) de 0,003 µg/kg
e 0,010 µg/kg, respectivamente. Na aplicação do método em amostra de farinha de
trigo não comercial, produzida a partir do grão do trigo no Laboratório de
Cereais do Cepa, foi possível identificar a DON em 5,13 µg/kg.
PALAVRAS CHAVES: vomitoxina; alimentos; cromatografia líquida
INTRODUÇÃO: As micotoxinas são metabólitos secundários de baixa massa molecular produzidas
por fungos filamentosos que apresentam efeitos adversos em seres humanos,
animais e plantas resultando em doenças e prejuízos econômicos. Estudos
comprovaram que fungos da mesma espécie são capazes de produzir mais de um tipo
de micotoxinas e muitas vezes mais de uma delas é encontrada em um único
substrato contaminado. Estes metabólitos ocorrem com mais frequência em áreas
com clima quente e úmido, propício para o crescimento destes fungos. A
contaminação de alimentos por micotoxinas é um problema significativo e muito
comum. As micotoxinas podem entrar na cadeia alimentar humana de maneira direta
e indireta. Diretamente através do consumo de cereais, oleaginosas e derivados.
Os animais que se alimentam com rações contaminadas, podem excretar micotoxinas
no leite, carnes, ovos, e consequentemente, contaminar indiretamente os seres
humanos (MAZIERO e BERSOT, 2010). O grão de trigo é um cereal básico de grande
importância, tanto na alimentação humana como na animal, além disto é de alto
consumo, por isto sua utilização para produzir alimentos requer sanidade e
qualidade. A contaminação desse cereal por micotoxinas, em especial, a DON
(deoxinivalenol), significa um risco muito alto para a saúde humana. A
regulamentação que estipula os limites máximos destes contaminantes nos
alimentos visa assegurar seu consumo de forma a proteger os consumidores.
Técnicas que analisam uma variedade de substâncias em alimentos, inclusive
micotoxinas, exigem validação, ou seja, que seja cumprido um roteiro de
procedimentos que demonstrem sua confiabilidade e, desta maneira, a
possibilidade de ser usado como análise para detecção de determinada substância.
MATERIAL E MÉTODOS: O método foi baseado na técnica recomendado por Romer Labs: para o preparo da
amostra: em um erlemeyer com 25 g de amostra moída a temperatura ambiente,
adicionou-se 100 mL de solvente (AcCn:água (84:16v/v), após agitação vigorosa
por 30 min, a amostra foi filtrada com papel filtro e transferiu-se 8 mL do
filtrado para um tubo de Mycosep®227 trecho; removeu-se 4 mL do extrato
purificado para um vial, esperou-se secar sob fluxo de n2(g) e a amostra foi
redissolvida a 400 µL com a fase móvel (MeOH:H2O 40:60 v/v), para ser analisada.
A análise da DON foi realizada por CLAE (Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência) nas condições otimizadas: fluxo 1,5 mL/min, coluna HPLC NUCLEODUR®
100-5 C18, dimensões de 250x4,6 mm, partícula de 5µm, MeOH:H2O (40:60 v/v),
comprimento de onda λ 220 nm, 5 minutos de corrida. Para a construção da curva
analítica foram preparados e injetados em triplicata, no CLAE-UV soluções com as
seguintes concentrações: 1,0; 2,5; 5,0; 7,5; 10,0; 15,0; 20,0 e 25,0 ppm; de
padrão DON.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A DON, nas condições de trabalho, foi detectada em um tempo de retenção de
2,923 Min. Para a curva padrão foi obtido um r2=0,992. Os valores alcançados para
os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) foram de 0,003 µg/kg e
0,010 µg/kg, respectivamente. Na aplicação do método em amostra de farinha de
trigo não comercial, foi possível identificar a DON na quantidade de 5,13 µg/kg.
CONCLUSÕES: A etapa de determinação das condições cromatográficas para a identificação da DON,
bem como os LD e LQ (0,003 µg/kg e 0,010 µg/kg, respectivamente) foram obtidos. A
próxima etapa são os ensaios de recuperação da DON para avaliar a aplicabilidade
do método na quantificação desta micotoxina.
AGRADECIMENTOS: A orientadora Alana Neto Zoch, as professoras Maria Tereza Friedrich e Clovia
Marozzin Mistura e a equipe do CEPA pelo auxílio prestado durante a pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MAZIERO, M.T.; BERSOT, L. S. Micotoxinas em alimentos produzidos no Brasil . Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.12, n.1, p.89-99, 2010.
ROMER LABS DO BRASIL IMP. E EXP. LTDA. Campinas, SP, 2012.