ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Uso da casca de banana na remoção de corantes tóxicos provenientes de indústrias têxteis.

AUTORES: Gonçalves, G.S. (INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Dalfior, B.M. (INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Licínio, M.V.V.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Pereira, E.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Pereira, M.G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA) ; Ribeiro, A.V.F.N. (INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Cosmo, P.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Lima, V.R.F. (INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Oliveira, J.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Ribeiro, J.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO)

RESUMO: Neste trabalho avaliou-se a capacidade máxima adsortiva da casca de banana na remoção de corantes presentes em efluente têxtil. A escolha deste material justifica-se não só pelo seu baixo custo e abundância, mas também pela sua eficiência como adsorvente. Os resultados obtidos demonstraram que este material removeu 90% de corante vermelho congo e cerca de 82% da mistura de corantes presentes no efluente da indústria Blink Jeans. Empregando-se o modelo matemático de Langmuir obteve-se uma capacidade máxima adsortiva da casca de banana em relação ao vermelho congo de 2 mg/g. Tais resultados revelam que a casca de banana é eficiente na remoção de vermelho congo e outros corantes presentes em meio aquoso.

PALAVRAS CHAVES: Corantes; Adsorção; Casca de banana

INTRODUÇÃO: Tem sido cada vez mais freqüente a detecção de poluentes químicos em águas de abastecimento, tais como os fármacos (PEDROSO et al., 2011), pesticidas (RISSATO et al., 2004), hidrocarbonetos (SANTOS et al., 2007) e corantes (LIU e ZHANG, 2007). Em indústrias têxteis a água é essencial nos processos de tingimento dos tecidos. No entanto, o tratamento dos efluentes destas indústrias não é realizado de maneira adequada e grande quantidade de corantes é lançada no ambiente aquático podendo provocar sérios problemas ambientais. Sendo assim, torna-se indispensável o desenvolvimento de tecnologias eficientes para o tratamento destes rejeitos. Dentre as principais técnicas estudadas destaca-se a adsorção (GUARATINI & ZANONI, 2000). A adsorção é uma técnica atraente não só devida a sua eficiência na remoção de vários tipos de poluentes, mas também devido ao seu baixo custo e elevada disponibilidade do material adsortivo, principalmente quando se utiliza adsorventes naturais (FIGUEIREDO et al., 2000). Sendo assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da casca de banana (CB) na adsorção de corante vermelho congo (VC) e de misturas de corantes contidas no efluente da industria Blink Jeans.

MATERIAL E MÉTODOS: Preparo do material adsortivo: As CBs foram secas em estufa por 24h a 50ºC. Em seguida foram trituradas em liquidificador industrial para obtenção de partículas entre 1,19 e 4,76 mm. Posteriormente o material foi acondicionado em frascos hermeticamente fechados. Determinação da capacidade máxima adsortiva de CB em relação a VC (CMAVC) Para determinação da CMAVC foram otimizados os seguintes parâmetros: pH (3, 4, 6, 8 e 10) da solução de VC, massa do adsorvente CB (0,5; 1,0; 2,5; 4,0 e 6,0 g), e concentração de VC (3, 5; 7, 14, 24, 42, 56, 70; 84; 98; 112; 126; 140; 175; 210; 245 e 280 mg/L). Em todas as análises as amostras foram agitadas durante 20 min. a 300 rpm na presença de determinada massa de CB. Após filtragem, os sobrenadantes foram analisados em espectrofotômetro UV/Vis no comprimento de onda de máxima absorbância do VC (500 nm). Com isso, foi possível determinar a CMAVC, utilizando modelo matemático de Langmuir. A CMAVC representa a quantidade de VC que pode ser retido por grama de CB. Tratamento de efluente industrial enriquecido com VC. Por fim, foi avaliada a capacidade de CB em reter VC e a mistura de corantes presentes no efluente pH 6,0 de uma indústria têxtil real. Tal efluente foi cedido pela Empresa Blink Jeans do pólo industrial do município de Vila Velha- ES. Para isso, 50 mL do efluente foi enriquecido com VC 7 mg/L e filtrado em colunas de vidro (75 X 30 cm) contendo 2g de CB e vazão 30 mL/min. Para a quantificação dos corantes retidos, o filtrado foi analisado em espectrofotômetro UV/Vis no comprimento de onda de máxima absorbância do VC (500 nm) e da mistura de corantes (670 nm).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os dados obtidos revelam que o aumento o pH do meio acarreta diminuição na porcentagem de adsorção de VC. Em relação à influência da massa do adsorvente CB verificou-se que um aumento na mesma resulta em elevação na porcentagem de adsorção de VC. Este evento pode ser explicado pelo fato do aumento da massa favorecer maior número de sítios adsortivos do adsorvente (MALL, 2005). Através dos resultados obtidos na otimização da concentração da solução de VC, pôde-se construir a isoterma de adsorção do mesmo pela CB. Linearizando-se a Isoterma de Langmuir (Figura 1) obteve-se a CMAVC (2 mg/g). Sugere-se que este é um resultado satisfatório quando comparados a outros adsorventes (PEREIRA et al., 2009; RAYMUNDO et al., 2010). Em relação ao efluente industrial real contendo mistura de corantes (não especificados pela indústria) e enriquecido com VC, os resultados foram bastante animadores. Verificou-se que houve retenção de 76,34% de VC e 82,16% da mistura de corantes (Figura 2). Para Melo (2005) isso é vantajoso, pois os efluentes do setor têxtil geralmente apresentam mais de um tipo de corante em sua composição.

Figura 1. Isoterma de adsorção de Languimir linearizada do corante ver



Figura 2. Porcentagens de remoção do corante vermelho congo e efluente



CONCLUSÕES: Os resultados revelaram que a casca de banana é capaz de adsorver eficientemente vermelho congo presente em meio aquoso. Além disso, este material é capaz de remover consideravelmente mistura de corantes de efluente real de indústria têxtil como a Blink Jeans. Os dados animadores estimulam a realização de estudos mais aprofundados, inclusive de viabilidade econômica, com o intuito de transformar a CB em mais uma alternativa para tratamento de efluentes têxteis.

AGRADECIMENTOS: Ao Pro-grupos do Instituto Federal do Espírito Santo pelo apoio financeiro. A Indústria Blink Jeans pelo fornecimento do efluente real.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FIGUEIREDO, S. A.; BOAVENTURA, R. A.; LOUREIRO, J. M. Color removal with natural adsorbents: modeling, simulation and experimental. Separation and Purification Technology, n. 20, p. 129-141, 2000.
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