ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA TRATADA PARA DIÁLISE NO ESTADO DE MINAS GERAIS EM 2012
AUTORES: Pereira, F.R. (FUNED) ; Nascimento, A.G.L. (FUNED) ; Cunha, M.R.R. (FUNED)
RESUMO: A Vigilância Sanitária no Brasil vem adotando ações de prevenção e promoção da saúde pública nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal. Atua na tentativa de eliminar, diminuir e prevenir riscos e agravos à saúde da população além de intervir nos problemas sanitários relacionados aos serviços de saúde. Em Minas Gerais, os estabelecimentos de serviço de diálise são monitorados em parceria com as Gerências Regionais de Saúde tendo como referência a Res. RDC ANVISA nº. 154, de 15/06/04. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade físico-química da água tratada para Diálise no Programa de Monitoramento da Vigilância. Das amostras coletadas de maio a julho de 2012, 94,3% apresentaram-se satisfatórias quanto aos parâmetros físico-químicos analisados.
PALAVRAS CHAVES: água; diálise; vigilância sanitária
INTRODUÇÃO: A Fundação Ezequiel Dias - FUNED atua na promoção e proteção da saúde pública do estado de Minas Gerais e constitui o Laboratório Central de Saúde Pública LACEN/MG por meio da Diretoria do Instituto Octávio Magalhães (IOM).
A Gerência de Vigilância Sanitária em Serviços de Saúde – GVSSS da Secretaria de Estado da Saúde SES-MG monitora os estabelecimentos de serviço de diálise em parceria com Gerências Regionais de Saúde - GRS’s. Para isso, são realizadas inspeções regulares e é pactuado juntamente com a FUNED um cronograma para coleta das amostras de água tratada para diálise. As análises são realizadas para determinar a qualidade da água utilizada para o tratamento dialítico quanto aos seus aspectos microbiológicos e físico-químicos.
O Programa de Monitoramento da Água Tratada para Diálise tem como objetivo minimizar e/ou eliminar os riscos sanitários aos quais os pacientes, os profissionais de saúde e a população estão expostos nos serviços de diálise de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2012).
As amostras são coletadas e encaminhadas à FUNED após notificação ao centro de diálise para acompanhar as análises com base na Resolução RDC ANVISA nº. 154, de 15/06/04, que estabelece o Regulamento Técnico para o funcionamento dos Serviços de Diálise. Após a finalização, os laudos são encaminhados para a GVSSS que por sua vez os envia à GRS. Se o resultado for insatisfatório um processo administrativo é instaurado (MINAS GERAIS, 2012).
Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade físico química da água tratada para Diálise em amostras coletadas no Programa de Monitoramento da Vigilância no período de maio a julho de 2012.
MATERIAL E MÉTODOS: Conforme o Programa de Monitoramento da Água Tratada para Diálise estima-se que até outubro de 2012, 84 centros de diálise do estado de Minas Gerais serão inspecionados. No primeiro semestre, 35 amostras de diferentes centros de diálise foram coletadas pela vigilância sanitária e analisadas pela FUNED. O Laboratório de Química Bromatológica e Cromatografia da FUNED analisou as amostras quanto aos parâmetros físico-químicos de: condutividade, fluoreto, nitrato e sulfato.
Os métodos utilizados para os ensaios foram descritos conforme a seguir:
Ensaio: Condutividade a 25 ºC;
Método: Condutimétrico. APHA - Standard Methods for the examination of water and wastewater, 21th., 2005 (2510 B);
Faixa de Medição: 0,7 a 1412 µS/cm.
Ensaio: Fluoreto;
Método: Colorimétrico - Kit Spectroquant Merck® F. APHA - Standard Methods for the examination of water and wastewater, 21th., 2005 (4500-F- E);
Limite de Quantificação do Método (LQM): 0,10 mg F-/L.
Ensaio: Nitrato;
Método: Colorimétrico - Kit Spectroquant Merck® NO3 (como NO3);
Limite de Quantificação do Método (LQM): 0,9 mg NO3-/L.
Ensaio: Sulfato;
Método: Colorimétrico - Kit Spectroquant Merck® SO4 (Fotométrico por ácido tânico);
Limite de Quantificação do Método (LQM): 25 mg SO42-/L.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Resolução RDC ANVISA n°. 154 de 15/06/04 estabelece que a condutividade água tratada utilizada na preparação de solução para diálise deve ser igual ou menor que 10 µS/cm à temperatura de 25 ºC e também, em seu Quadro II, o padrão de qualidade (BRASIL, 2004). Os Valores Máximos Permitidos - VMP para os parâmetros analisados de acordo com a resolução são:
Fluoreto: 0,2 mg F/L
Nitrato: 2 mg NO3/L
Sulfato: 100 mg SO4/L
Nenhuma das amostras analisadas foi considarada insatisfatória quanto aos parâmetros fluoreto, sulfato e condutividade, conforme Tabela de Resultados (figura 1). Dois centros de diálise apresentaram amostras com teores superiores ao permitido para nitrato (2,4 e 4,9 mg/L) totalizando 5,7% de insatisfatório para esse parâmetro.
As faixas de teores encontradas nos amostras foram:
Condutividade: De 0,9 a 10,1 µS/cm
Fluoreto: < LQM (0,10 mg/L)
Sulfato: < LQM (25 mg/L)
Nitrato: Do LQM (0,9 mg/L) a 4,9 mg/L
O percentual de amostras satisfatórias e insatisfatórias pode ser visualizado no gráfico a seguir (figura 2).
Figura 1
Tabela de Resultados
Figura 2
Gráfico - Percentual de resultados satisfatórios e insatisfatórios
CONCLUSÕES: Com os resultados do monitoramento de 2012 ainda em curso, obteve-se um panorama parcial da situação do tratamento da água utilizada nos centros de diálise de Minas Gerais com 94,3% de resultados satisfatórios quanto aos parâmetros físico-químicos analisados. Contudo, os resultados dos teores de sulfato deste monitoramento sugerem uma discussão mais ampla sobre o valor máximo permitido para esse analito tendo em vista que a faixa de teores encontrados se apresentou 4 vezes inferior ao preconizado. A importância do monitoramento deve ser ressaltada devido a relevância do serviço de diálise.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the examination of water and wastewater, 21th., 2005.
BRASIL. Anvisa. Resolução RDC nº. 154, de 15 de Junho de 2004. Estabelece o Regulamento Técnico para o funcionamento dos Serviços de Diálise. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 17 jun. 2004.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Disponível em: <http://www.saude.mg.gov.br/politicas_de_saude/politicas_de_saude_view?b_start:int=20&-C=>. Acesso em: 11/07/12.