ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: DISPONIBILIDADE DE ELEMENTOS MINERAIS EM CAFÉS CULTIVADOS NA REGIÃO DA CHAPADA DIAMANTINA - BA

AUTORES: Chagas, D.S. (UESB) ; Oliveira, V.G. (UESB) ; Soares, F.M.R. (UESB) ; Souza, M.M. (UESB) ; Almeida, R.R. (UESB) ; Cardoso, K.M. (UESB) ; Santos, J.S. (UESB) ; Santos, M.L.P. (UESB)

RESUMO: O café é um dos produtos agrícolas mais importantes no comércio internacional, e de grande importância econômica para o Brasil. Os frutos passam por profundas alterações bioquímicas durante o seu desenvolvimento, onde há variações na concentração e na quantidade dos elementos acumulados. O objetivo deste trabalho é avaliar a disponibilidade e a correlação de elementos nutrientes em grãos de café provenientes do manejo orgânico e convencional, e em relação ao manejo pós- colheita. Foi observado que no manejo orgânico e convencional, assim como nos diferentes manejos pós-colheita a presença de tais elementos, havendo apenas variação de acordo com a correlação dos elementos químicos entre si. As análises foram feitas em espectrometria de absorção atômica por chamas (F AAS).

PALAVRAS CHAVES: Frutos de café; nutrientes; correlação

INTRODUÇÃO: O Brasil é tido como o maior produtor e exportador de café do mundo, tendo grande importância no comércio internacional. Os frutos são estruturas de proteção das sementes e quando atingem seu pleno desenvolvimento, juntamente com sua maturidade fisiológica, passam por profundas alterações bioquímicas, contribuindo para a dispersão da espécie. O cafeeiro fisiologicamente apresenta frutos climatérios e sua maturação é um processo em que alcançam as características de cor, textura, aroma, sabor, entre outros, que os torna aptos para o consumo. Estes processos de transformação física, química e fisiológica são determinantes na qualidade e se iniciam comumente durante as etapas finais da maturação do fruto e estão relacionados ao aumento na produção de etileno e o incremento na atividade respiratória (MARÍN-LOPEZ et al., 2003). Durante a formação do fruto do cafeeiro e nos diversos estágios de desenvolvimento, há variações na concentração e na quantidade dos elementos acumulados, assim como na produção de matéria seca. De acordo com (MORAES & CATANI, 1964), o consumo de nutrientes e o acúmulo de matéria seca são intensificados a partir do quarto mês após a floração. Segundo (MATIELLO et al., 2005), a quantidade de nutrientes exigida na fase de florada e chumbinho é pequena, aumentando significativamente a partir da passagem dos frutos para o estádio verde-aquoso, na granação (verde- sólido), até a maturação dos frutos. Como os diferentes tipos de manejo podem influenciar na qualidade do produto o consumidor está mais atento à procedência dos mesmos. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a disponibilidade e a correlação de elementos nutrientes em grãos de café proveniente do manejo orgânico e convencional, em relação ao manejo pós-colheita.

MATERIAL E MÉTODOS: Para avaliar as diferentes condições de manejo pós-colheita foram conduzidos experimentos em terreiro coberto e em céu aberto. Os ensaios foram instalados seguindo delineamento em blocos casualizados, com cinco repetições, em esquema fatorial 2X2 (café orgânico e convencional), (beneficiados por via seca e via úmida), totalizando 20 parcelas. Cada parcela foi constituída de amostras de quatro kg de café cereja natural e quatro kg de café cereja descascado. Para extração dos metais, pesou-se 1 g da amostra diretamente em uma bomba de teflon, a seguir adicionou-se 6 mL de HNO3 concentrado onde as amostras foram submetidas a um tratamento de extração por irradiação feita em microondas pressurizado. Posteriormente foram filtradas e avolumadas a 25 mL com água ultrapura e analisadas em espectrometria de absorção atômica por chamas (F AAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em função da mobilidade na planta os elementos podem ser classificados em móveis (N, P, K, Mg, S, Cl, Ni), imóveis (B, Ca), e de mobilidade intermediária (Zn, Fe, Mn, Cu, Mo)(EPSTEIN, 1972). Elementos como zinco, manganês e cobre podem ser disponibilizados pelos grãos. A partir do gráfico abaixo é possível verificar que nas amostras de grãos de café oriundos de manejo orgânico os elementos foram detectados em menores quantidades que os do manejo convencional, o que pode ser explicado pela utilização de insumos agrícolas que contém tais nutrientes. Quanto ao beneficiamento os resultados indicam que a variação dos teores de Mn, Zn e Cu, no manejo convencional foram maiores nas amostras beneficiadas em via úmida onde há maior disponibilidade de metais. O que difere no manejo orgânico é que o Mn foi detectado em quantidades menores, e isso se deve possivelmente pelo maior teor de Cu, já que a correlação entre tais elementos é negativa, devido ao potencial eletroquímico de cada metal, o que pode ser observado na tabela abaixo. Na matriz de correlação entre as variáveis Mn, MnP, ZnP, Cu, observou–se que os parâmetros apresentaram correlações significativas,com relação a disponibilidade no grão, que foram Cu-Mn (r= -0,5736), Cu-ZnP (r= -0,4395), Mn-ZnP (r= 0,4534). Foi verificado uma correlação positiva entre o Mn e o ZnP, porém o Cu correlacionou negativamente com o Mn e com o ZnP. Isso pode ser explicado pelo potencial eletroquímico, o que no caso do cobre é maior que o do manganês e do zinco, que por sua vez possuem potencial negativo, expressando assim uma correlação positiva. Em ambos os manejos e no tratamento pós-colheita foram observados a presença de tais elementos, havendo apenas variação de acordo com a correlação entre estes, referentes à suas naturezas químicas.









CONCLUSÕES: Tanto no manejo orgânico como convencional e nos diferentes manejos pós-colheita foram observados a presença dos elementos analisados, havendo apenas variação de acordo com a correlação destes relacionados com a sua natureza química.

AGRADECIMENTOS: À UNIVERSIADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB E AO CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO - CNPQ

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: EPISTEIN, E. Mineral nutrition of plants: principles and perpectives. London, New York: John Wiley & Sons, 1972. 412 p.

HASLETT, B. S.; REID, R. J.; RENGEL, Z. Zinc mobility in wheat: uptake and distribution of zinc applied to leaves or roots. Annals of Botany, v. 87, p. 379-386, 2001.

MARENCO, R. A.; LOPES, N. F.; Fisiologia Vegetal: Fotossíntese, Respiração, Relações Hídricas, Nutrição Mineral. 3ª Ed. UFV, 2009. 486 p.

MARÍN-LÓPEZ, S.M.; ARCILA-PULGARÍN, J.; MONTOYA-RESTREPO, E.C.; OLIVEROS-TASCÓN, C.E. Câmbios físicos y químicos durante la maduración del fruto de café (Coffea arabica L. var. Colômbia). Cenicafé, Chinchiná, v.54, n.3, p.208-225, 2003. Consultado em 27/07/11: http://www2.ucg.br/flash/artigos/070904cafe2.html

MATIELLO, J.B.; SANTIAGO, R.; GARCIA, A.W.R.; ALMEIDA, S.R. & FERNANDES, D.R. Cultura de café no Brasil: Novo manual de recomendações. Rio de Janeiro, MAPA /PROCAFE, 2005. 438p.

MORAES, F.R.P. & CATANI, R.A. A absorção de elementos minerais pelo fruto do cafeeiro durante o seu desenvolvimento. In: REUNIÃO ANUAL DA SBPC. Resumos das comunicações à XVI Reunião Anual da SBPC. Ci.Cult., 16:142, 1964.