ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: ESTUDO DA VIABILIDADE DO ÓLEO DE CATOLÉ PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
AUTORES: Silva, S.P. (UFPE/UFRPE) ; Souza, P.H. (UFRPE-UAST) ; Bezerra, V.V.L. (UFPE) ; Machado Neto, A.S. (UFRPE-UAST) ; Melo, V.N. (UFRPE) ; Silva, A.C.P.F. (UFPE) ; Schuler, A.R.P. (UFPE)
RESUMO: São muitas as matérias primas para produção de biodiesel, óleo de girassol, soja,
algodão entre outras oleaginosas e materiais graxos. O óleo de catolé, proveniente
de palmeira abundante no Nordeste Brasileiro, Syagrus cearensis, é um fruto rico
em gorduras, bastante comercializado para produção de óleos e confecção de
rosários de catolé na região sertaneja. Avaliou-se a viabilidade da utilização do
óleo de catolé para a produção de biodiesel a partir dos ésteres, teor de sódio,
índice de acidez e viscosidade. O biodiesel foi produzido com catalisador metóxido
de sódio à 40ºC, 400rpm e por 45min de reação. A viscosidade foi analisada pelo
método de Ostwald e o percentual em ésteres do biodiesel por cromatografia gasosa.
Portanto, é viável a produção do biodiesel de óleo de catolé.
PALAVRAS CHAVES: Viabilidade; Catolé; Biodiesel
INTRODUÇÃO: As matérias-primas do biodiesel são os óleos vegetais e gorduras
(triglicerídeos). São compostos de três ácidos graxos de cadeia longa ligados na
forma de ésteres a uma molécula de glicerol. Considerando a extensão territorial
do Brasil e a diversidade climática, têm-se uma variedade de oleaginosas com
potenciais para produção de biodiesel (AZEVEDO, 2008).
O catolé (Syagrus cearensis) é um coco proveniente de uma palmeira, da flora
brasileira presente no Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga, rico em gorduras e
com leite rico em macronutrientes e micronutrientes. Seus maiores cultivadores
são do Nordeste, Pernambuco e Bahia, no Brasil. Sua árvore tem cerca de 3 a 5
metros de altura. As flores são pequenas, reunidas em cachos que surgem
predominantemente de maio a agosto, embora floresça e frutifique durante todo o
ano, amadurecendo no período de outubro a dezembro. A produção média anual é de
2.000 kg/ha de frutos, podendo alcançar 4000 kg/ha. Sua amêndoa, rica em óleo
vegetal (35 à 38%), extraída artesanalmente por habitantes da região. O coqueiro
gosta de clima quente e úmido (LORENZI, 1992). São muitos seus usos, chapéus de
palha, vassouras, bolsas (folhas); banquetas de decoração (tronco); ração
animal, na culinária, leite, óleo, (extração das amêndoas), uso terapêutico no
tratamento de problema de estômago, erisipela, diarréia e diurético (ROSA et
al., 2012).
O trabalho busca um maior aproveitamento do produto, valorizando ainda mais o
produto do óleo de coco do catolé para produção de biodiesel, aprofundando-se em
suas características físico-químicas. Caracterizou-se quanto a concentração de
monoésteres, fez-se análise do teor residual de sódio, do índice de acidez e da
densidade e viscosidade.
MATERIAL E MÉTODOS: A área de coleta está localizada no município de São José do Belmonte (PE) a
473km de Recife, numa propriedade rural. Em São José do Belmonte, a uma altitude
de 486m, onde o clima é do tipo tropical semi-árido quente, com chuvas de verão.
O período chuvoso se inicia em novembro com término em abril. A precipitação
média anual é de 431,8mm. A Temperatura média anual 25,2°C.
Os frutos de Syagrus cearensis de cachos ainda presos à planta foram coletados
no mês de outubro de 2011. Foram escolhidos os frutos secos e maduros. Após a
coleta, os frutos ainda maduros foram secos ao sol por cinco dias, embalados em
sacos plásticos e levados ao laboratório. Os frutos recebidos após sete dias da
coleta foram submetidos à quebra do endocarpo in natura extraídos
artesanalmente. Em dois quilos da amêndoa obteve-se 300mL da gordura.
Foram feitas análises de teor de ésteres (cromatografia gasosa), teor residual
de sódio (fotometria de chama), índice de acidez (titulometria) e de viscosidade
(método de Ostwald).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Segundo a norma IN 14103 o biodiesel deve conter um teor mínimo de éster de
96,5% em massa, sendo que de acordo com Knothe (2008) os ésteres que melhor
caracterizam o biodiesel são o Linoléico (18:2), Oléico (18:1) e o Palmítico
(16:0), exclusivamente o éster Linoléico (18:2) que dá a qualidade superior ao
biodiesel, o que foi observado na análise cromatográfica de ésteres do o óleo de
catolé transesterificado, mesmo contendo de C12 à C20 em sua composição, o que
pretende ser melhor investigado e feita completa caracterização.
O aspecto visual do biodiesel permaneceu bem límpido, havendo uma rápida e
visível separação de fases, o que é bastante positivo para purificação do
produto final, como mostrado na Figura 1.
Em relação à viscosidade medida foi de 3,6458 mm2.s-1 em média para o biodiesel
de óleo de catolé e a viscosidade do próprio óleo foi de 37,571 mm2.s-1 , onde
observamos que o limite de viscosidade para o biodiesel estabelecido pela ANP é
dentro de uma faixa de 3,0 a 6,0 mm2/s.
O índice de acidez medido foi de 0,3472 mg NaOH.g-1 em média para o biodiesel de
óleo de catolé e, de 1,2451 mg NaOH.g-1 para o próprio óleo de catolé. Os
valores de índice de acidez para o biodiesel estabelecido pela ANP é de até 0,50
mg NaOH.g-1. Quanto a análise do teor de sódio residual foi de 3,61 mg.kg-1 de
sódio presente no biodiesel em média; composição desejável para uma boa
qualidade de biodiesel, tendo em vista que o limite estabelecido pela ANP é de
até 5 mg kg-1.
Figura 1 – Etapa de Separação da Produção de Biodiesel de Óleo de Cato
CONCLUSÕES: Portanto, podemos sugerir que é viável a produção do biodiesel de catolé,
contribuindo para a sustentabilidade da região, estando suas características tanto
do óleo quanto do biodiesel dentro dos limites estabelecidos pela ANP. Entretanto
é necessário que se realizem as outras análises estabelecidas pela ANP para que se
afirme de fato o seu uso para produção de biodiesel.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos à UAST/UFRPE e a UFPE.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AZEVEDO, C. V. J. C., Atuação do Estado no domínio econômico e seus reflexos na política ambiental: análise da proposta brasileira de fomento à inserção do biodiesel na matriz energética. 131 f. Dissertação (Mestrado em Direito Ambiental). Universidade Católica de Santos, 2008.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Ed. Platarum, 1992. 287 p.
ROSA, J.; JESUS, D.; DUARTE, F.; LIMA, A.; PEREIRA, V. Otimização e validação de estratégias analíticas para avaliação do teor do leite de coco do catolé. Disponível em: < http://connepi.ifal.edu.br/ocs/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewFile/81/124 > Acessado em: 27/02/2012.
KNOTHE G. Designer” Biodiesel: Optimizing Fatty Ester Composition to Improve Fuel Properties. Energy & Fuels, 22, 1358–1364. 2008.