ÁREA: Físico-Química
TÍTULO: ESTUDO COMPARATIVO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DA ÁGUA NO PERÍODO CHUVOSO E SECO DA MICRO-BACIABATE ESTACA – PORTO VELHO – RO.
AUTORES: Bacelar, W.K. (UNIR) ; Spinelli, A. (UNIR) ; Vieira, S. (UNIR)
RESUMO: A diminuição da quantidade e da qualidade da água potável a níveis que
comprometam até mesmo a sobrevivência humana é um problema cada vez mais
próximo. Nesse sentido este trabalho teve como objetivo avaliar as
características físico-químicas e microbiológicas das águas da micro bacia Bate-
Estaca, apresentando um retrato recente do panorama físico químico e
microbiológico de suas águas.Os resultados revelam que as análises
microbiológicas e os valores de pH estão em desacordo com as normas vigentes.Os
resultados evidenciam que a grande contaminação das águas da micro bacia Bate
Estaca pode ser atribuída sobretudo a falta de saneamento da cidade, por não
possuir rede de esgoto, à grande quantidade de fossas sépticas instaladas
próximas ao curso bacia,às infiltrações das águas superficiais.
PALAVRAS CHAVES: microbacia; saneamento; poluição
INTRODUÇÃO: A qualidade da água tratada depende do seu uso e seu modo de tratamento. A
classificação é definida pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), em
sua resolução n. 357, de 17 de março de 2005. Essa resolução busca facilitar o
enquadramento e o planejamento do uso de recursos hídricos, criando instrumentos
para avaliar a evolução da qualidade das águas e preservar a saúde humana. Já a
potabilidade é estabelecida pela Portaria 518, de 25 de março de 2004, do
Ministério da Saúde.
A água imprópria para consumo e o mau saneamento constituem a segunda maior
causa mundial de morte infantil. As doenças provocadas pela água obrigam, todo
ano, a 443 milhões de crianças ficarem um dia sem ir para a aula, o que equivale
a um ano letivo inteiro para todas as crianças de sete anos na Etiópia. Além
disso, as infecções parasitárias transmitidas pela água e pelo mau saneamento
atrasam o potencial de aprendizagem de mais de 150 milhões de crianças (PNUD,
2006).
Este estudo tem como objetivo fornecer um levantamento das características
físico-químicas e microbiológicas apresentando um panorama atual das águas da
Micro Bacia Bate Estaca, realizando um comparativo frente aos padrões
estabelecidos pelo órgão responsável (CONAMA), bem como avaliar possíveis
poluições oriundas de atividades antrópicas ao longo do curso de suas águas e
possíveis riscos a futuros abastecimentos de água à população de Porto Velho.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram realizadas três coletas de água na área de estudo durante os períodos de
seca, entre seca e cheia e outra no período de cheia, (nos dias 27/08,
05/11/2011 e 04/02/2012, respectivamente). As amostras foram coletadas em
superfície e as análises realizadas no Laboratório de Análises Químicas em uma
Indústria de Bebidas instalada próximo ao Igarapé Bate Estaca. Os parâmetros
físicos como pH e Temperatura foram medidos in loco. Os demais parâmetros como:
Alcalinidade utilizou-se o método por titulação manual, Turbidez Total, o método
turbidimétrico, Oxigênio Dissolvido (OD), o método eletrométrico, Ácidos
Orgânicos Voláteis (AOV), o método de titulometria, Química de Oxigênio (DQO), o
método padrão colorimétrico de refluxo fechado, Alumínio Total, o método
aluminon, Ferro Total, Cloretos e Sulfatos, o método Espectrofotômetro, Dureza
Total, o método de titulação com EDTA 0,01 M. Para os parâmetros microbiológicos
foi utilizada a técnica de membrana filtrante por ser um método rápido e preciso
para isolamento e identificação de colônias de bactérias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em relação às médias de pH obtidas dos diferentes pontos de coleta, pode-se
perceber que houve pequenas variações nos valores de pH para os diferentes
períodos amostrais, permanecendo em uma faixa de 5,51 à 6,15, ficando em
desacordo com a Portaria CONAMA o P01 e P02, a qual estabelece que as águas
sejam consideradas impróprias quando no trecho avaliado obtiver pH< 6,0 ou pH >
9,0. Percebe-se que os valores referentes a pH não ultrapassaram a neutralidade,
os demais pontos tiveram sempre valores abaixo de 7,0, considerando o pH desses
pontos levemente ácido.
Maier (1978) afirma que muitos rios percorrem e escorrem por formações
geológicas insolúveis, onde a quantidade de bicarbonato é insuficiente para
tamponar as alterações do pH, devido ao acúmulo de dióxido de carbono. Assim,
pela falta desses agentes tamponados, o pH desses ambientes aquáticos torna-se
abaixo de 7,0.
O pH ácidodas águas do Bate-Estaca, está provavelmente associado à geologia
local ouaos solos predominantemente ácidos da região.
Observou-se que para o parâmetro Turbidez o valor encontrado no P03 encontra-se
acima do valor máximo permitido do CONAMA, o qual estabelece valor máximo de até
100 UNT, este desvio se deve ocorrer por causa do transporte de sedimentos de
erosão ou ocorrência de turbulência no período de amostragem, época em que o
igarapé apresentava elevado nível, e fortes correntezas, porisso o movimento de
peixes ou ocorrência de ventos pode alterar a turbidez.
Especificamente para o parâmetro Ferro Dissolvido, percebeu-se que o teor
encontrado em todos os pontos está acima do permitido pela Resolução CONAMA. Os
demais parâmetros se apresentaram em conformidade com a Portaria 518 do MS e a
Resolução CONAMA 357/2005.Destaca-se as análises microbiológicas em desacordo
com as normas.
Figura 1
Média dos parâmetros físico-químicos das amostras
de água dos pontos 01, 02 e 03, referentes às
coletas realizadas em diferentes períodos
amostrais.
Figura 2
Resultados quantificados para pesquisa de Coliformes
Totais e Escherichia Coli nos diferentes pontos
amostrais.
CONCLUSÕES: Para os parâmetros físico-químicos, ficaram em desacordo com as normas vigentes as
seguintes variáveis: pH para o ponto 01 e 02,Turbidez, obtendo média 112 UNT no
P03 e Ferro Dissolvido. Através dos resultados obtidos para os parâmetros
microbiológicos observou-se que as águas da Bacia Bate Estaca, osresultados de
coliformes fecais e Bactérias Totais, apresentaram níveis altos em todos os pontos
analisados sendo os maiores índices de contaminação fecal no período chuvoso,
>2500 NMP/100mL, portanto, não se enquadram na categoria de satisfatório dos
padrões de balneabilidade da resolução CONAMA.
AGRADECIMENTOS: A UNIR pela oportunidade e a Indústria Brasil Norte Bebidas por ceder laboratório,
equipamentos e reagentes para realização de todas as análises.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Portaria nº 518, de 25 de março de 2004: Normas de qualidade da água para consumo humano. Ministério da Saúde, Brasília, 2004. 15p.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução N° 357, 17 de março de 2005. 23p.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD).Relatório do Desenvolvimento Humano 2006. A água para lá da escassez:poder, pobreza e a crise mundial da água. New York, 10017, USA. 1101p.