ÁREA: Físico-Química
TÍTULO: CONTRIBUIÇÃO DE GRUPOS NO MODELO DE MARTINS E LAMEGO PARA A MODELAGEM DA VISCOSIDADE DE LÍQUIDOS EM ALTAS PRESSÕES
AUTORES: Martins, R.J. (UFF) ; Lamego, L.S.R. (UFF)
RESUMO: Neste trabalho, estudou-se o comportamento viscoso de alguns líquidos em altas
pressões e diversas temperaturas utilizando-se o modelo desenvolvido por Martins e
Lamego. Os líquidos investigados foram n-alcanos (C1 a C18)
e álcoois lineares (C1 a C14). Propõe-se que o enfoque de
contribuição de grupos pode ser utilizado para determinação dos parâmetros
característicos do modelo para estas duas classes de compostos.
PALAVRAS CHAVES: viscosidade; pressão; temperatura
INTRODUÇÃO: Apesar da disponibilidade de modelos para viscosidade de líquidos em pressões
baixas ou moderadas, não existe uma grande oferta de modelos que sejam
aplicáveis ao caso de líquidos em altas pressões e a maioria considera apenas o
efeito da temperatura sobre a viscosidade. Recentemente, desenvolveu-se um
modelo para a viscosidade de líquidos puros em altas pressões (MARTINS et al,
2003) que se baseia na equação de Eyring para o fluxo viscoso (HIRSCHFELDER et
al, 1967). Segundo Eyring, a viscosidade de líquidos newtonianos é dada por: η=
(hN/V)exp(ΔG*/RT),onde η é a viscosidade dinâmica, h é a constante de Planck, V
é o volume molar, ΔG* é a energia livre de ativação de fluxo molar, R é a
constante dos gases, T é a temperatura absoluta e N é o número de Avogadro. Para
investigar a dependência da viscosidade de líquidos com a pressão, Martins e
colaboradores (MARTINS et al, 2003) introduziram modificações no modelo original
de Eyring resultando na equação: η = η0
(1+Bp+Cp2)exp(A/RT), onde B e C são parâmetros característicos do
modelo, dependentes da temperatura e independentes da pressão, A é a energia de
Helmholtz residual molar, η0é a viscosidade do fluido num estado de
referência, obtida através da teoria de Chapman e Enskog (HIRSCHFELDER et al,
1967).Observou-se que os parâmetros característicos do modelo, B e C, apresentam
a seguinte dependência com a temperatura (MARTINS e LAMEGO,
2008):B=B0exp(B1/RT) e
C=C0exp(C1/RT) onde B0, B1,
C0, e C1 são parâmetros ajustáveis, independentes da
temperatura e da pressão e dependentes da natureza do composto.
MATERIAL E MÉTODOS: Dados experimentais de viscosidade de metano, etano, propano, n-butano, n-
pentano, n-hexano, n-heptano, n-octano, n-nonano, n-decano, n-undecano, n-
dodecano, n-tridecano, n-tetradecano, n-pentadecano, n-hexadecano, n-octadecano,
metanol, etanol, 1-propanol, 1-butanol, 1-pentanol, 1-hexanol, 1-heptanol, 1-
octanol, 1-nonanol, 1-decanol, 1-dodecanol e 1-tetradecanol, disponíveis na
literatura, foram correlacionados através do modelo citado (MARTINS e LAMEGO,
2008), produzindo como resultado os parâmetros característicos do modelo.
Observou-se uma relação linear entre os parâmetros característicos (B1 e C1) do
modelo e número de carbonos do composto, para cada uma das séries homólogas
investigadas, e no caso dos parâmetros Bo e Co um decaimento exponencial.
Propõe-se, então, que o enfoque de contribuição de grupos (POLING et al., 2001)
pode ser utilizado para a estimativa dos valores desses parâmetros. Calculou-se
a contribuição do grupo CH3 ao valor dos parâmetros com o auxílio das
equações de reta obtidas, considerando-se que os parâmetros do etano resultam da
contribuição de dois grupos CH3. A contribuição do grupo
CH2 foi obtida pela subtração da contribuição de dois grupos
CH3 dos valores dos parâmetros do propano, calculados com o auxílio
das equações de reta. A contribuição do grupo OH foi obtida pela subtração da
contribuição de um grupo CH3 e dois grupos CH2, calculados
com a série de hidrocarbonetos, dos valores dos parâmetros para o propanol
calculados com as equações de reta para os álcoois.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Figura 1 mostra a dependência linear dos parâmetros B1 com o número de carbonos,
para hidrocarbonetos lineares e álcoois. Observa-se claramente que as retas são
paralelas, portanto, com a mesma inclinação. Na Figura 2, o comportamento
característico do parâmetro B0 é representado. O mesmo perfil foi observado para
C0. As contribuições dos grupos CH3, CH2 e OH, para os quatro parâmetros do modelo
de Martins e Lamego (MARTINS e LAMEGO, 2008) foram calculados com base nas retas
obtidas. Os valores obtidos para o grupo CH3 são: - 94,5; 1135; - 30,2
e 1156 para ln(B0), B1, ln(C0) e C1, respectivamente. Para o CH2: -
0,54; 611; - 0,54; 648. E para o OH, 30,1; 5105; - 14,4 e 5131.
Figura 1
Dependência dos parâmetros B1 com o tamanho da
cadeia carbônica.
Figura 2
Dependência do parâmetro B0 com o tamanho da cadeia
carbônica para hidrocarbonetos.
CONCLUSÕES: A metodologia de contribuição de grupos pode ser utilizada para calcular os
parâmetros característicos do modelo de Martins e Lamego. Os resultados obtidos
para hidrocarbonetos e álcoois lineares foram muito bons, mostrando que existe um
padrão de comportamento associado à natureza do composto investigado.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem à FAPERJ e a PROPPI/UFF pelo apoio financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: HIRSCHFELDER, J. O.; CURTISS, C. F.; BIRD, R. B. 1967. Molecular Theory of Gases and Liquids. John Wiley & Sons, Inc.: New York.
MARTINS, R. J.; CARDOSO, M. J. E. de M.; BARCIA, O. E. 2003.A New Model for Calculating the Viscosity of Pure Liquids at High Pressures. Ind. Eng. Chem. Res., 42: 3824-3830.
MARTINS, R. J.; LAMEGO, L. S. R.; 2008. Temperature dependence of the viscosity of liquids at high pressures. 20th International Conference on Chemical Thermodynamics, Varsóvia; Livro de Resumos: 424.
POLING, B. E.; PRAUSNITZ, J. M.; O’CONNELL, J. P. 2001. The Properties of Gases and Liquids. 5th ed. McGraw-Hill Book Company, Inc.: New York.