ÁREA: Química Inorgânica

TÍTULO: Novas Redes de coordenação aplicadas ao controle de efluentes derivados de hidrocarbonetos em água

AUTORES: Lima, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO) ; Belian, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO) ; Silva, W. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO)

RESUMO: Rede de coordenação (do inglês metal-organic frameworks) é uma nova classe de materiais porosos formados por um íon metálico e um ligante de natureza orgânica. Visando à qualidade do meio ambiente, este trabalho tem como objetivo a síntese de uma rede de coordenação que tenha a finalidade de adsorver efluentes derivados de hidrocarbonetos em meio aquoso. Foram sintetizados novas redes de coordenação utilizando os íons Cu(II) e como ligante um diácido carboxílico. As sínteses foram caracterizadas por análise elementar, Infravermelho e Análise Termogravimétrica e realizadas via evaporação lenta, forno programável, forno micro-ondas e ultrassom. A análise térmica corroborou para sugerir que os efluentes estavam adsorvidos na superfície da MOF.

PALAVRAS CHAVES: Redes de coordenação; hidrocarbonetos; controle de efluentes

INTRODUÇÃO: A água é o recurso natural mais utilizado em todo o mundo e de fundamental importância para a existência e manutenção da vida. Atualmente, existe uma grande preocupação em relação às questões ambientais, principalmente com os problemas relacionados à falta e quantidade de água potável no planeta. O desperdício de lixo em locais inadequados e os acidentes ambientais em mares agravam ainda mais situação. O derramamento de petróleo, através de acidentes com os navios transportadores, tem chamado a atenção dos ambientalistas devido às inúmeras mortes da fauna aquática, além da agravante poluição dos mares, por isso, as empresas de petróleo já procuram reduzir ao máximo este impacto ao meio ambiente (SANTOS et al.,2006).Devido a essa preocupação com o meio ambiente, pesquisadores de todo o mundo tentam desenvolver materiais que possam eliminar estes resíduos. No presente projeto, o principal objetivo é desenvolver um material capaz de adsorver resíduos oriundos do petróleo, onde os testes serão realizados frente a sistemas contendo hidrocarbonetos. Dentre estes materiais adsorventes, destacam-se as redes de coordenação, traduzindo-se para o inglês é chamada de metal-organic frameworks(MOF's) devido a sua capacidade absortiva, alta porosidade e área superficial(KIM et al.,2011). De um modo geral, essas redes são constituídas por íons metálicos, geralmente metais de transição, e ligantes orgânicos. Para a síntese de novas MOF’s vários métodos têm sido aprimorados na literatura, principalmente com a utilização de forno micro-ondas devido ao baixo tempo reacional e eficiência energética (YAGHI et al.,2004). Porém, novas rotas como forno programável, ultrassom e evaporação lenta estão sendo exploradas por pesquisadores, demonstrando eficiência e vão ser exploradas neste trabalho.

MATERIAL E MÉTODOS: Na síntese dos sais derivado do ligante e suas respectivas redes de coordenação foram utilizados os seguintes reagentes e solventes: diácidos carboxílicos, Nitrato de Cobre (II) P.A, Sódio metálico, Ciclohexano PA, Etanol PA. Ressaltando que todos os reagentes foram de grau analítico. Para a síntese de uma rede de coordenação é necessário que haja a hidrólise dos ligantes, seguida de desidratação posterior. Para retirar o hidrogênio (-COOH) do diácido, que neste caso está sendo usado como ligante, faz-se uma reação com algum metal que seja reativo, nesse caso foi utilizado o sódio metálico, formando como produto final um sal derivado do ligante. Em um balão de fundo redondo, adiciona 2 mmol de sódio metálico e 10 ml de etanol até completa formação do alcóxido. Adiciona-se 1 mmol do ácido carboxílico, previamente pesado, à mistura e deixa-se o sistema sob agitação por 30 minutos. Em seguida retira-se o sobrenadante e o sólido é secado no dessecador à vácuo. .A estequiometria utilizada é 1:2 (ligante-metal). A síntese das redes de coordenação é caracterizada como hidrotermal. Foram utilizadas 4 rotas: evaporação lenta, forno programável, micro-ondas e ultrassom e proporção estequiométrica específica 1:1 (metal-ligante). Foram pesados 1 mmol do sal do diácido e 2 mmol do sal de Nitrato de Cobre e postos em recipientes específicos para reagir. Para as rotas forno programável e forno micro-ondas utilizam-se de reatores revestidos por uma camada de teflon. Adiciona-se 3 ml de água e após a reação ser completada, retira-se o sobrenadante e acondiciona o precipitado em dessecador à vácuo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os complexos foram obtidos na forma de um sólido de coloração verde e apresentaram baixa higroscopicidade. Os produtos finais foram caracterizados via análise elementar, Espectroscopia na região do IV e Análise Termogravimétrica. A partir dos espectros de infravermelho (Figura 1) é possível observar a presença de uma banda com forte intensidade na região de 1687 cm-1, característico do grupo carbonila presente no ligante livre (em preto). Verificando-se agora o composto sintetizado (MOF, em vermelho), percebe-se que houve deslocamento da banda de estiramento da carbonila para 1572 cm-1. Esse deslocamento para menores freqüências, ocorre porque ligação entre o metal e o ligante diminui a constante de força da ligação carbonila, deslocando a banda de absorção. Sugere, então, que houve coordenação ao íon central (Cu2+) pelo grupamento carboxila (υ COOH). Os resultados teóricos da análise elementar para carbono, nitrogênio e hidrogênio apresentaram boa concordância com os valores experimentais, com erro de aproximadamente 2 %. Foi possível prever fórmulas mínimas a partir desses dados. A Figura 2 mostra a curva TG da MOF antes (em azul) e após o teste (em vermelho) de adsorção com hexano. A mesma amostra foi aquecida até 400ºC, sob uma atmosfera de argônio e com razão de aquecimento de 10ºC/min. A temperatura de início de perda de massa (Tonset) é a mesma nas duas amostras. O ponto de ebulição do hexano é 68,7ºC e nesta faixa de temperatura não é visível a saída de nenhum componente da amostra, característico de um evento térmico de perda de massa, logo, sugere-se que o hexano encontra-se adsorvido na rede metalorgânica. A MOF antes perde 93% de sua massa, e após o teste perde apenas 29,4%, o que sugere desta forma que há algum composto diferente do inicial presente na MOF.

Figura 1. Espectros de infravermelho do diácido livre (em preto) e da



Figura 2. Curvas de TG antes (em preto) e após (em vermelho) a adsorçã



CONCLUSÕES: A análise detalhada dos espectros de infravermelho mostrou que para todos os compostos houve possível coordenação com o íon central Cu(II). Análise termogravimétrica auxiliou na caracterização qualitativa das redes de coordenação e indicou que o material possui características de um excelente adsorvente para o fim desejado. Na fase inicial dos testes pôde-se perceber uma nítida diferença da natureza do composto antes e após o teste com o n-hexano, o que sugere que este material está intrinsecamente ligado a MOF.

AGRADECIMENTOS: FACEPE, CNPq, UFRPE e LAQIS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: O.M. YAGHI , J.L.C. ROWSELL,. Metal–organic frameworks: a new class of porous materials. Science direct, Vol. 73, p. 3–14, 2004.
SANTOS, ELBA et al. Desempenho de Biomassas na adsorção de hidrocarbonetos leves em efluentes aquosos. UFCG, 2006.
D.O. KIM et al. Synthesis of MOF having functional side group. Inorganica Chimica Acta, vol. 360, p. 76–81, 2011.