ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: ESTUDO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA EM BLENDS DE BIODIESEL DE PRACAXI/SOJA

AUTORES: Bastos, R.R.C. (IC/UFPA) ; Cavalcante, M.S. (PPGG/UFPA) ; Lima, E.T.L. (IC/UFPA) ; Silva, S.M.F. (IC/UFPA) ; Conceição, L.R.V. (PPGQ/UFPA) ; Rocha Filho, G.N. (FQ/UFPA) ; Zamian, J.R. (FQ/UFPA)

RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi estudar a estabilidade oxidativa em blends de biodiesel de pracaxi em soja, visando avaliar qual proporção para misturas levam essa propriedade a valores dentro do regulamentado pela ANP. As blends foram preparadas em concentrações de 10% a 50% de pracaxi em soja (P/S), com agitação de uma hora. A estabilidade oxidativa apresentou-se aceitável, a partir das blends 40%_P/S com período de indução de 6,29 h; Concluindo que, as blendas de pracaxi/soja atendem as especificações estabelecidas pela ANP, de acordo com as limitações expostas anteriormente, em relação às propriedades físico-químicas analisadas.

PALAVRAS CHAVES: Biocombustíveis; Blendas de biodiesel; Estabilidade oxidativa

INTRODUÇÃO: Desde a revolução industrial no século XIX, a matriz energética mundial tem tido como base os combustíveis fósseis, porém com a relativa escassez desses combustíveis, aliada a elevada emissão de poluentes gerada pela sua combustão, ao alto custo e à instabilidade das principais regiões produtoras, tem tornado as pesquisas sobre energia renováveis cada vez mais atrativas. Nos últimos 15 anos, ésteres metílicos e etílicos de ácidos graxos têm assumido grande importância nas pesquisas sobre a utilização de óleos vegetais e gorduras animais, atuando como combustível substituto ou aditivo ao diesel de petróleo, com de¬sempenho muito próximo ao diesel não exigindo modificações nos motores de diesel. Dentre estes, destaca-se o biodiesel, nome dado a ésteres alquílicos de ácidos graxos desde que atendam certos parâmetros de qualidade que no Brasil é regulamentada pela Resolução 7 da ANP. Dentre as análises realizadas para o controle da qualidade do biodiesel, a estabilidade oxidativa é de fundamental importância, pois o biodiesel quando comparado ao diesel, possui maior susceptibilidade a oxidação quando estocado por um longo período (RESOLUÇÃO ANP Nº 7, 2008). A estabilidade oxidativa é a resistência à oxidação sob determinadas condições (RESOLUÇÃO ANP Nº 7, 2008); ela é expressa como o período de tempo requerido para alcançar o ponto em que o grau de oxidação aumenta abruptamente. Este tempo chamado de período de indução, normalmente expresso em horas, pode ser determinado por um método padrão utilizando equipamentos automáticos, sendo os mais conhecidos o Rancimat e o OSI. O trabalho teve como estudo principal, avaliar a mistura de biodiesel de pracaxi e soja, de acordo com a propriedade físico-química já mencionada, comparando-a com as especificações da ANP.

MATERIAL E MÉTODOS: O biodiesel de soja foram obtidos a partir da reação de transesterificação através da rota metílica com razão molar de 6:1 álcool/óleo e catálise homogênea básica (hidróxido de potássio) 1% em relação a massa do óleo. O biodiesel de pracaxi foi obtido por duas reações consecutivas: esterificação e transesterificação. Essa rota de síntese foi escolhida devido a relativa alta acidez do óleo de pracaxi, 4,1 mgKOH/g. A esterificação foi realizada através da rota metílica na razão molar 6:1 e ácido sulfúrico 1% (m/m). A transesterificação foi realizada utilizando-se o produto da esterificação do óleo de pracaxi, metanol na razão molar 6:1 e hidróxido de potássio (KOH) 1% (m/m). As caracterizações físico-químicas das amostras de biodiesel foram realizadas pelos métodos especificados pela ANP: Ponto de Fulgor (ASTM D93); Massa Específica (ASTM D4052); Viscosidade Cinemática (ASTM D445), Índice de Acidez (EN 14104). As blendas foram preparadas em concentrações de 10% a 50% de pracaxi em soja, as maiores proporções das misturas não foram analisadas devido ao seu aspecto não- homogêneo, em decorrência do estado físico sólido do B100 de pracaxi a temperatura ambiente, com agitação de uma hora. A estabilidade Oxidativa foi determinada utilizando-se um Rancimat, modelo 743 da marca Metrohm, de acordo com a norma EN 14112.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Tabela 1 apresenta os resultados das análises físico-químicas para caracterização do biodiesel metílico de pracaxi e soja. Observa-se que os biodieseis estão de acordo com as especificações estabelecidas pela ANP (RESOLUÇÃO 7/2008). Os resultados das análises de estabilidade oxidativa (período de indução; P.I) dos B100 de soja e pracaxi e suas misturas estão expostos na Tabela 2. A influência na estabilidade oxidativa com o aumento da concentração de biodiesel de pracaxi no biodiesel de soja é ilustrado na Figura 1. O aumento da porcentagem do B100 de pracaxi em B100 de soja aumenta claramente a estabilidade oxidativa das blendas. O óleo de pracaxi apresenta uma quantidade significativa de ácidos graxos saturados que são menos suscetíveis a oxidação. O óleo de soja possui mais de 70% de ácidos graxos insaturados, majoritariamente, ácido oléico C18:1 e ácido linoléico C18:2, em sua composição (SOUSA, 2010). O período de indução do biodiesel metílico de soja (4,74h) não atende as especificações da ANP que é de no mínimo 6 horas. De acordo com a tabela 2, a estabilidade oxidativa apresenta-se aceitável segundo as especificações da ANP a partir da blenda 40%_(P/S) com período de indução de 6,29 h. Assim, as blendas que atendem as especificações estabelecidas pela ANP em relação à estabilidade oxidativa são as blendas de 40% e 50% para pracaxi/soja.

Tabela 1. Propriedades físico-químicas do biodiesel metílico de pracax



Figura 1. Período de indução das blendas e B100 de pracaxi e soja



CONCLUSÕES: Os resultados mostram que é possível melhorar o parâmetro físico-químico estudado, produzindo-se misturas de biodieseis, e neste caso diminuindo a necessidade de antioxidantes sintéticos e expondo uma alternativa para o melhoramento e eficácia da conservação da estabilidade oxidativa do biodiesel no seu armazenamento.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: RESOLUÇÃO ANP Nº 7. 2008; Biodiesel Standard, Diário Oficial da União, Brasil.

SOUSA, M. M. F. 2010; Estudo da estabilidade oxidativa em blends de biodiesel.