ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: Água mineral: solução ou problema?
AUTORES: Calado, S.C.S. (UFPE (PQ)) ; Costa, R.S. (UFPE (PQ)) ; Pavão, D.C. (UFPE (IC)) ; Martins, G.L. (UFPE (IC))
RESUMO: O trabalho proposto é baseado na determinação de alguns parâmetros físico-
químico(pH,cloretos,dureza
Cálcio e Magnésio,alcalinidade,condutividade elétrica,
sulfato,nitrato,turbidez,STD,Sódio e Potássio)de
quatro amostras de água mineral comercializadas na cidade do Recife-PE.Os
resultados obtidos foram
comparados com a legislação com o intuito de classificar as amostras e
identificar alguma possível não
conformidade.A amostra mais indicada para o consumo humano foi a “A”,sendo a “D”
a menos
indicada.Observou-se que todas as amostras estiveram dentro da
especificação,porém ocorreu uma
discrepância entre os dados rotulados com os obtidos, principalmente na amostra
“C”.Estes resultados
visam alertar às autoridades e população de que a água mineral possui ação
medicamentosa e não
alimentar.
PALAVRAS CHAVES: Água mineral; Água potável; Ação medicamentosa
INTRODUÇÃO: Devido à falta de confiabilidade da qualidade da água potável,busca-se na água
mineral uma maior
segurança.“Segundo informações da NIELSEN, a categoria cresceu no país em média
15,3%,no período
de 12/2010 a 11/2011”(SILVESTRINI, 2012).Segundo o Código das Águas
Minerais(Decreto-Lei n
°7.841/45)esta é “...oriunda de fontes naturais ou artificiais que possui
composição química ou
propriedades físicas ou físico-químicas distintas de águas comuns,com
características que lhe confiram
uma ação medicamentosa...”.Já a água potável é a que “atende ao padrão de
potabilidade
estabelecido na Portaria Nº2.914/11 e que não ofereça riscos à saúde”(MINISTÉRIO
DA SAÚDE,2011)e
atender ao Decreto n°5.440/05.A água envasada, além dos atos regulamentadores
citados,deve seguir
a RDC n°274/05 que especifica seus padrões mínimos de qualidade.A água
mineral,em relação à
composição química,pode ser classificada como
oligominerais,radíferas,alcalinas,sulfatadas,sulfurosas,nitratadas,cloretadas,fe
rruginosas,radioativas,tor
iativas,carbogasosas ou com elemento predominante(Decreto-Lei n°7.841/45).
O uso da ação medicamentosa na ingestão de águas minerais é definido como
Crenoterapia.Com o
surgimento da indústria houve distorção do tradicional enfoque do uso da água
mineral, o consumo
terapêutico.Este foi sendo substituído gradualmente pela comercialização em
larga
escala(SENINHA,2009).
Diante da importância da água mineral no mercado,o trabalho proposto é baseado
na determinação
de alguns parâmetros físico-químicos de quatro amostras de águas minerais
comercializadas no
Recife.O objetivo do trabalho é classificá-las com os padrões estabelecidos pela
legislação regente e
identificar alguma possível não conformidade.
MATERIAL E MÉTODOS: Amostragem:Realizou-se uma pesquisa em estabelecimentos comerciais no Recife
para verificação
das marcas de águas mineral à venda em garrafões de 10L.Quatro marcas de fácil
aquisição no
mercado foram escolhidas e nomeadas como amostras A,B,C e D.Estas foram mantidas
sob
refrigeração até o momento da análise.Métodos:Cada amostra foi analisada em
triplicata e com os
resultados obtidos foi feita uma média aritmética e o desvio
padrão;Temperatura:determinação com
termômetro de mercúrio; pH, condutividade e turbidez:utilizou-se o pHmetro
DIGIMED(DM20) e para
a condutividade o condutivímetro HACH(HQ30d).Na análise da turbidez o
equipamento usado foi
DIGIMED(DM/TU);Metais:Foi empregado o espectrofotômetro de absorção atômica
SHIMADZU(AA6300).O equipamento realiza três leituras e então é fornecida uma
média.Os
resultados(média e desvio padrão)foram obtidos a partir da análise de
3(três)amostras para cada
marca;Volumetria:Determinação da Alcalinidade, Dureza Total, Dureza de Magnésio,
Dureza de Cálcio
e Cloretos foram realizadas nas quatro amostras por
volumetria(COSTA,2011);Sulfato:foi estabelecida
uma curva de calibração, fazendo a leitura do branco(água destilada)e soluções
padrões de Sulfato de
Sódio(Na2SO4)no espectrofotômetro PROCYON(SC90)para determinação da
concentração,a leitura
da absorbância foi por espectrofotometria,e assim calculada a
concentração(COSTA,2011).Sólidos
Totais Dissolvidos:Usou-se a relação onde se define STD como 2/3(dois terços)da
condutividade
elétrica da água em estudo (COSTA,2011).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A temperatura foi determinada nas amostras de água minerais e encontraram-se
dentro da faixa
estabelecida pelo Código de Águas Minerais. Pela Tabela 1 verificou-se que as
amostras são
classificadas como Oligominerais.Neste trabalho,de acordo com as Figuras 1,2,3 e
4,as amostras
apresentaram-se em conformidade com a maioria dos valores encontrados
comparando-se com a
legislação e o rótulo.Porém,houve discrepâncias encontradas nos teores de
cloretos,alcalinidade e
condutividade elétrica comparando-se com o rótulo,estando dentro da
legislação.Vale salientar que para
o pH apenas a amostra “A” esteve dentro do recomendado,como as amostras
apresentaram pH inferior
a 6,0,pode-se concluir que o pH encontra-se na faixa ácida fora do
recomendado.Observa-se que pH
ácido as doenças estomacais são mais ocorrentes na saúde humana,sendo
preocupante para o
problema de saúde pública,uma vez que a água potável tem pH mais básico.Além
disso,os componentes
químicos contidos na água potável estão presentes em maior quantidade,os quais
nutrem o seu
humano.A ingestão contínua de águas com alto teor destes sais de Mg e Ca parece
estar ligada com a
maior e menor ocorrência de doenças renais e cardiovasculares(COSTA,2009).O STD
altera as
propriedades físico-químicas da água.A condutividade elétrica é uma expressão
numérica da capacidade
da água conduzir corrente elétrica e depende da concentração e da natureza das
espécies iônicas em
solução.Os cloretos são responsáveis pelo sabor salgado na água.A Turbidez é
definida como o grau de
redução de intensidade que um feixe luz sofre ao atravessá-la.Os nitratos são
tóxicos se consumidos em
longo prazo(CETESB,2009).Potássio é indicado na prevenção de problemas
estomacais e combate a
fadiga.O sulfato contribui na diluição de cálculos
Tabela 1
Dados obtidos das análises para cada parâmetro (média e desvio
padrão)
Gráficos
CONCLUSÕES: Amostras de água mineral estudadas a mais indicada para o consumo humano foi a
amostraA,sendo a D a
menos indicada.Os parâmetros que influenciaram na conclusão foram o pH e o
nitrato,pois na amostraA o
pH esteve dentro da especificação e a concentração de nitrato foi a menor entre as
amostras,o oposto
ocorreu com a amostraD.Observou-se que ocorreu uma discrepância em relação aos
dados rotulados com
os obtidos,principalmente da condutividade elétrica e cloretos na amostra C.Os
resultados visam alertar às
autoridades e população de que a água mineral possui ação medicamentosa e não
alimentar.
AGRADECIMENTOS: À Profª Silvana Calado pela instrução,aos técnicos Romário
Costa,Ana Ribeiro e Lilian
Maria pela ajuda na obtenção dos resultados e a UFPE.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução RDC n°12 – 1978.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução RDC n°274 – 22
de setembro de 2005. Fixa a identidade e as características mínimas de qualidade a que devem obedecer a Água Mineral Natural, a Água Natural, a Água Adicionada de Sais envasadas e o Gelo para consumo humano.
BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM. Código Nacional de Águas Minerais, Decreto Lei Nº 7.841 - 8 de agosto de 1945.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 2.914 – 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 5.440 - 4 de maio de 2005. Estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano.
CETESB. Qualidade das águas interiores no estado de São Paulo. Apêndice A: Significado ambiental e sanitário das variáveis de qualidade das águas e dos sedimentos e metodologias analíticas e de amostragem. 2009. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/agua/aguas-superficiais/variaveis.pdf>. Acesso em 17 de junho de 2012.
COSTA, José. Dureza Total da Água de Abastecimento para Consumo Humano. Viana do Castelo, 2009. Disponível em: <http://portal.smsbvc.pt/informacoes-uteis/noticias/58-dureza-total-da-agua-de-abastecimento-para-consumo-humano>. Acesso em 18 de junho de 2012.
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SENINHA, Nelson. Crenoterapia: Águas minerais, um mercado estratégico em expansão. CUIABA-MT. 2009. Disponível em: <http://nelsonseninha.webnode.com.br/agua-alcalina/cura-pela-agua/> Acesso em06 de julho de 2012.
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