ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: A HISTÓRIA DA QUÍMICA É EVIDENCIADA NAS PROVAS DO ENEM?

AUTORES: Mota, T.C. (UNIVASF) ; Mota, G.C. (UNIVASF) ; Cleophas, M.G. (UNIVASF) ; Alencar da Mata, V. (UNIVASF) ; Sousa Oliveira, J. (UNIVASF) ; Sousa Oliveira, J. (UNIVASF)

RESUMO: Atualmente, vem sendo ampliada a discussão sobre a inserção da História da Ciência na Educação Básica. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) preconizam a inserção da História da Química perante seu ensino, mas não citam métodos de como os professores devem proceder para inseri-la dentro do seu contexto escolar. Esta pesquisa teve foco na análise realizada sobre as provas do ENEM, do período de 1998 a 2011, objetivando constatar, quantitativamente, se as provas do ENEM abordaram a História da Química perante suas questões.A ideia é verificar se existe, mediante estas provas, uma harmonia entre as orientações sugeridas pelos PCNS e os elaboradores das questões presentes no exame.Espera-se encontrar indícios da inserção da História da Química nestas provas, mediante sua importância.

PALAVRAS CHAVES: PESQUISA EM ENSINO DE QUÍ; HISTÓRIA DA QUÍMICA; ENEM

INTRODUÇÃO: O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado pelo MEC em 1998 e consiste num conjunto de provas que são utilizadas para avaliar a qualidade do ensinono país e seu resultado serve como via de acesso ao ensino superior em diversas Instituições PúblicasBrasileiras, através do SISU (Sistema de Seleção Unificada). Diante deste contexto, sabe-se que na sociedade contemporânea, as provas realizadas, visam averiguar a qualidade do aluno que emerge do ensino médio e que, não obstante, tornaram-se um “termômetro” avaliativo entre os professores da Educação Básica, pois, sua aplicação é capaz de revelar lacunas dentro do trabalho docente. Os PCN’s sugerem aos professores de Química, a inserção da História da Química em sala de aula: A História da Química, como parte do conhecimento socialmente produzido, deve permear todo o ensino de Química, possibilitando ao aluno a compreensão do processo de elaboração desse conhecimento, com seus avanços, erros e conflitos (BRASIL, 2002). Para MATTHEWS (2002) a inclusão da História da ciência depende de certas posturas pedagógicas que não podem ser negligenciadas. Portanto, o objetivo deste trabalho é verificar, se as provas do ENEM seguem a rigor, as orientações sugeridas pelos PCN’s no que se refere à inserção da História da Química no ensino.

MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa tem foco crítico e investigativo, visando analisar as Provas do ENEM, desde a sua criação até a sua última edição (1998-2011), quanto à incidência da inserção da História da Química em suas questões. A metodologia usada foi analítica-crítica sobre o teor das questões presentes nestas provas. Inicialmente foi feita uma leitura minuciosa sobre todas as questões presentes nas provas já realizadas pelo ENEM. A varredura realizada buscou identificar todas as questões que estavam ligadas a área de conhecimento da Química e quais delas realmente possuíam a História da Química em seu contexto.Ao final da análise será possível traçar um gráfico evidenciando a presença da História Química diante da contextualização destas provas. A partir destes dados obtidos será possível ponderara respeito da “preocupação” dos elaboradores destas provas, quanto ao fato de inserir o conhecimento Histórico, respectivamente de Química, nas questões do ENEM, pois é fundamental que o aluno tenha este conhecimento, para que a partir daí, ele possa desenvolver seu pensamento crítico sobre determinado tema e não ter visões simplistas sobre a própria História da Ciência. Segundo SALOMON et al. (1992) o conhecimento histórico aponta benefícios relevantes, tais como, uma melhor aprendizagem dos conceitos da ciência, aumento do interesse e da motivação do aluno e compreensão da relevância social da ciência, logo, percebe-se a fundamental importância dessa abordagem perante o exame. Portanto, através da metodologia aplicada será possível verificar o entrosamento diantedos elaboradores das questões, da área de conhecimento da Química, e a aceitabilidade dos mesmos em acatar as orientações dadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram analisadas provas do Enem do período de 1998a 2011 (FIGURA 1), totalizando 17 provas, incluindo a edição fraudada em 2009,e por este motivo, foram realizadas duas edições neste mesmo ano. Com a análise executada, de caráter investigativo sobre as provas do ENEM, atualmente considerado o maior exame do Brasil, visto que conta com mais de 4,5 milhões de inscritos anualmente. Foi observado que 100% das provas aplicadas, não apresentamnenhum teor histórico no que tange a História da Química perante as questões que abordaram esta área de conhecimento (FIGURA 2).Este fato é bastante preocupante, tendo em vista que atualmentesão discutidos vários aspectos que devam favorecer a inserção da História da Química no ambiente educacional. Apesar, dos livros de Química da Educação Básica apresentarem, de modo ainda, incipiente, fatos históricos da Química, percebe-se claramente, que leituras sobre estes apanhados históricos não são estimulados pelos professores doensino médio, a ideia que se tem, é que serve apenas de incremento, inutilizado por todos diante de sua importância dada. Logo, percebe-seque as questões de Química deveriam conter, mesmo que esporadicamente, abordagens sobre sua História, estimulando assim, o hábito da leitura e da necessidade de aprofundamento destes temas.É importante denotar que as provas do ENEM são amplamente contextualizadas com temas cotidianos, atuais, políticos e ambientais e que sua meta é manter uma linha interdisciplinar, que visa colocar o aluno em situações difíceis e provocá-lo quanto a sua capacidade crítica em relação a estas situações. Portanto, fica evidenciado em suas questões que o ENEM não mede a capacidade do aluno de assimilar e acumular informações, e sim o incentiva a aprender a pensar, a refletir e a "saber como fazer".

CONCLUSÕES: A partir da análise das provas realizadas pelo ENEM, foi possível evidenciar a não concordância entre os PCN’s e o ENEM, ou seja, já que é sugerida pelos PCN’s a inserção da História da Química, por que a mesma não é encontrada nas provas do ENEM? Portanto, com o desenvolvimento deste trabalho, conclui-se que as orientações curriculares dadas pelos PCN’s não são levadas em consideração pelos idealizadores das questões referentes a Química e que fato como este, deve ser repensado por toda comunidade docente que se diz preocupada com os rumos da qualidade do ensino de Química, neste país.

AGRADECIMENTOS: Ao grupo de Pesquisa POPEHQUIM/UNIVASF (Popularizando o ensino e a História da Química, coordenado pela Profª Graça Porto. E-mail: popehquim@gmail.com.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnologia, Ministério da Educação. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. In: Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília, 2002.
MATTHEWS, M. O tempo e o ensino de ciências: como o ensino da história e filosofia do movimento pendular pode contribuir para a alfabetização científica. p. 31-48, in: SILVA FILHO, Waldomiro José da. (org.). Epistemologia e ensino de ciências. Salvador: Arcádia, 2002.

SALOMON, J.; DUVEEN J.; SCOT, L.; McCARTHY, S. Teaching about the nature of science through history: actions research in the classroom. Journal of Research in Science Teaching, v. 29, p. 409-421, 1992.