ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: INATIVAÇÃO FOTODINÂMICA DE Saccharomyces cerevisiae UTILIZANDO AZUL DE METILENO E DOIS SISTEMAS DE IRRADIÇÃO

AUTORES: Costa, N.J.S. (UFU) ; Melo, G.F. (UFU) ; Hilario, M.A.S. (UFU) ; Garcês, B.P. (UFU) ; Oliveira, C.A. (UFU)

RESUMO: A Terapia Fotodinâmica é uma técnica alternativa de tratamento de tumores e inativação de microrganismos. Esse método é constituído pela injeção de um fotossensibilizador que quando exposto à luz, com um comprimento de onda adequado, é ativado, transferindo energia para o oxigênio molecular que se transforma em oxigênio singlete e outros radicais livres. Essas espécies desencadeiam reações químicas que inativam a célula. Neste trabalho comparou-se a fototoxicidade do azul de metileno irradiado no aparelho WE-IV, que fotossensibiliza a droga em todo espectro visível, no LED600, com comprimento de onda de 650 nm, e na ausência de luz. O equipamento LED600 se mostrou mais eficiente na inativação fotodinâmica devido ao seu comprimento de onda de emissão ser muito próximo ao comprimento máximo.

PALAVRAS CHAVES: terapia fotodinâmica; azul de metileno; Saccharomyces cerevisiae

INTRODUÇÃO: A Terapia Fotodinâmica (do inglês Photodynamic Therapy ou PDT) tem sido utilizada para o tratamento de vários tipos de câncer e doenças não-oncológicas. Essa modalidade terapêutica tem sido utilizada sobre os outros tratamentos convencionais pela baixa toxicidade sistêmica, além de ser minimamente invasiva. A PDT combina um fotossensibilizador, que tenha seletividade e alta afinidade por células malignas, com luz visível em comprimento de onda adequado. Quando o fotossensibilizador acumula no tecido anormal, a luz ativa o mesmo, que transfere energia para o oxigênio molecular produzindo um estado excitado, o oxigênio singlete, que é altamente reativo. Essa transferência de energia ocorre diretamente ao oxigênio ou por meio de espécies de radicais. A alta reatividade do oxigênio singlete é responsável pela citotoxidade das células anormais. A levedura Saccharomyces cerevisiae foi usada nesse trabalho devido à facilidade de obtenção e manuseio e principalmente pela semelhança entre seu metabolismo com o de células humanas com características cancerígenas. O fotossensibilizador utilizado foi o azul de metileno, devido a sua metabolização rápida, fotossensibilidade não prolongada e por ser um corante catiônico, facilitando a entrega das drogas às células-alvo. Os sistemas de irradiação utilizados na inativação da S. cerevisiae foi o LED600, um aparelho com 600 diodos de emissores de luz que irradia em um comprimento de onda de 650 nm, e o WE-IV, que consiste em um arranjo de 4 lâmpadas fluorescente de 20 W cada, ambos construídos no próprio laboratório.

MATERIAL E MÉTODOS: Neste trabalho foi utilizado o método de microdiluição para avaliar a fotoinativação de Saccharomyces cerevisiae utilizando azul de metileno. Nesse método é utilizado uma placa de microdiluição de 96 poços onde a droga com concentração inicial de 0,5 mM é diluída em 100µL de água estéril, até atingir concentração de 0,015 mM. A suspensão de leveduras (100µL) é colocada logo em seguida em sua concentração original e em diluições de 1/10, 1/100 e 1/1000. Esse procedimento foi feito em 3 placas diferentes, sendo deixadas incubando durante 20 minutos, para que a droga possa interagir com a levedura. Para determinar a atividade citotóxica e fototóxica do azul de metileno sobre Saccharomyces cerevisiae, uma das placas foi irradiada no LED600 em um comprimento de onda de 650 nm e a outra na WE-IV, que apresenta luz branca, onde o fotossensibilizador é excitado em toda região visível, durante 30 minutos, sendo que a última placa não foi irradiada para fins de comparação. O caldo utilizado como meio líquido nutritivo foi o BHI (Brain Heart Infusion) tendo como constituintes a peptona, fonte de nitrogênio, carbono, enxofre e vitaminas, e a dextrose, que é um carboidrato que os microrganismos utilizam para fermentação. Desse caldo foi colocado 100µL em cada poço. As três placas foram deixadas na estufa durante 48 horas em uma temperatura constante de 37 °C. A resazurina que é um corante utilizado como um indicador de oxidação-redução foi injetado (10µL) em cada poço no intuito de revelar se houve inibição ou não da S. cerevisiae. As placas foram colocadas na estufa novamente por um período de 2 horas. Essa inibição é vista através da mudança de cor, sendo que rosa indica crescimento da levedura e azul, morte.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A placa irradiada no LED600 apresentou bons resultados, tendo como concentração inibitória mínima da fotoinativação de Saccharomyces cerevisiae utilizando azul de metileno de 0,06125 mM, sendo utilizado o comprimento de onda de 650 nm, indicando que nessas condições o azul de metileno é fototóxico. Na ausência de luz e na irradiação no WE-IV a morte celular ocorreu apenas para concentrações superiores a 0,5mM. Foi observada a mesma mortalidade celular para todas as concentrações do inóculo, pois o corante resazurina é bastante sensível, havendo mudança de coloração mesmo com pouca população de células. Uma avaliação pelo método das unidades formadoras de colônia seria necessária para determinar quantitativamente a mortalidade celular.

CONCLUSÕES: O azul de metileno se mostrou eficiente como fotossensibilizador para a inativação fotodinâmica do fungo exposto a irradiação do LED600, indicando que é um composto fototóxico. Porém, não é citotóxico na ausência de luz e na irradiação de luz branca. Sendo assim, a inativação fotodinâmica da Saccharomyces cerevisiae utilizando azul de metileno é mais eficiente quando o fotossensibilizador é irradiado com uma luz na região do vermelho do espectro visível, sendo o comprimento de onda maior ou igual a 600 nm.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos à CNPq, FAPEMIG, CAPES e IQUFU.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DIAZ-RUIZ, R. et al.; Biochimica et Biophysica Acta, 19807 (2001) 568-576.
ORTEL, B.; SHEA, C. R.; CALZAVARA, P. P. Molecular mechanisms of photodynamic therapy, v. 14, p. 4157-4172, 2009.