ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO DE ELETROLISE NO LIQUIDO DA CASCA DA CASTANHA DE CAJU (LCC).
AUTORES: Santos, T.C. (UFPI) ; Santos, R. (IFPI) ; Eiras, C. (UFPI) ; Rosas, W. (IFPI) ; Leite S.a., J.R. (UFPI) ; Santos Júnior, J.R. (UFPI) ; Cardoso dos Santos, R. (UFPI)
RESUMO: Neste trabalho propomos uma técnica para identificar o liquido da casca de
castanha de caju (LCC) eletrolisado do LCC CRU. Em uma parceria existente entre a
Indústria Anidro Extrações do Brasil S/A e o Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade
e Biotecnologia, BIOTEC, ambos situados na cidade de Parnaíba, o LCC vem sendo
estudado como antioxidante para biocombustível, dentro deste contexto o LCC será
monitorado através da técnica de espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE).
O LCC foi analisado antes e após passar pelo processo de eletrólise. A análise foi
feita em duas faixas de frequência, o que demonstra uma grande diferença entre o
LCC eletrolisado e LCC CRU, indicando a mudança na composição do material que vem
sendo produzido.
PALAVRAS CHAVES: LCC; Impedância Eletroquímica; Biocombustível
INTRODUÇÃO: Um dos maiores problemas ambientais é a emissão de gases poluentes ocasionados
pelo excesso de gás carbônico,e outros,na atmosfera.Os principais causadores
deste problema ambiental são produtos de origem petrolífera,que são utilizados
para geração de energia.Eles possuem em sua composição química uma longa cadeia
de hidrocarbonetos (Zilo et al., 2002).
No contexto de energia renovável,o biocombustível,surge como uma boa
alternativa,pois emite menor quantidade de gases poluentes,comparado aos
combustíveis fósseis (ANP,2011).Constituído por ésteres de ácidos graxos (Dantas
et al.,2006),o seu grande problema é o processo de oxidação que ocorre de
maneira mais acelerada do que no diesel de petróleo. Essas reações de degradação
geram polímeros indesejáveis,levando ao surgimento de borras e bactérias
(Agência Estado,2010).
Estudos recentes revelam que o líquido da casca da castanha do caju(LCC),possui
um grande potencial para ser utilizado como antioxidante a ser adicionado a
combustíveis e lubrificantes (Mazzetto et al.,2009).Os antioxidantes,que atuam
agregando ou eliminando características físicas e químicas a um determinado
material (Carreteiro e Moura,1998),são utilizados em produtos que passam por
longos períodos de armazenamento ou produtos que tenham uma oxidação acelerada
devido a estresses mecânicos ou ambientais.Os antioxidantes para biocombustíveis
capturaram os radicais livres à medida que são formados,interrompendo a reação
em cadeia favorecendo assim a estabilidade do biocombustível (Silva et
al.,2007).
Neste trabalho verificamos,pela técnica de espectroscopia de impedância
eletroquímica,que alterações eletrolíticas no LCC garantiram uma modificação de
sua característica de impedância na faixa de frequência analisada e melhores
propriedades antioxidantes.
MATERIAL E MÉTODOS: O LCC analisado foi cedido pela Anidro Extrações do Brasil S/A, e para sua
caracterização foi desenvolvida e utilizada uma célula capacitiva robusta, capaz
de assegurar a repetibilidade dos ensaios. No gráfico da figura 1 é possível
observar que a célula pode ser caracterizada e que sua impedância não apresenta
nenhuma característica a de resposta ôhmica, o que é característica
imprescindível para a não haver contaminação dos resultados da analise em
resposta em frequência. Com a célula validada, o LCC pode ser analisado antes e
após as etapas, do processo de eletrolise, no qual o produto passa por uma cuba
eletrolítica. Este processo é um método usado para obter reações de óxido-
redução no LCC utilizando corrente elétrica contínua.
No circuito de analise da célula capacitiva imersa em LCC foi construído um
circuito série com uma fonte de alimentação de frequência variável no tempo,
para ser analisado por espectroscopia de impedância eletroquímica paralelamente
a célula foi acoplado um sistema para visualização da variação da impedância do
sistema sob a excitação senoidal variável no tempo.
O LCC foi colocado em um Becker de 250 ml, nele foi imerso a célula capacitiva
com o circuito em série, e foram feitos semi rotações das placas da célula
capacitiva, manualmente, para que o LCC aderisse melhor as placas. A análise foi
feita utilizando o aparelho Potencioestato PGSTAT 128N Metrohm, no modo
espectroscopia de impedância eletroquímica duas faixas de frequência sendo de
1Hz a 10kHz e de 10kHz a 100kHz.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As análises dos primeiro ensaios demonstraram que o LCC era adulterado pelas
empresas de fabricação de castanha de caju torrada com solventes e lubrificantes
inorgânicos impactando negativamente nos resultados. Após conseguir amostras de
qualidades junto aos fornecedores, foi possível chegar aos seguintes resultados:
• Em analise com capacimetro, o LCC eletrolisado apresenta uma
capacitância de até 20.000 vezes superior que o ar e faixa de operação até
próximo dos 10KHz;
• Existe um valor divergente em toda a faixa de frequência para o LCC
eletrolisado em relação ao LCC CRU, isto é facilmente e visualmente verificado
no gráficos abaixo onde os lotes LOTE_20122011, LOTE_29032012 e LOTE_15032012
correspondem ao LCC CRU e os lotes LOTE_1205, LOTE_1206, LOTE_1201, LOTE_1204 e
LOTE_122011 correspondem ao LCC ELETROLISADO;
Curvas características de Impedância do LCC CRU e LCC Eletrolisado
Gráfico comparativo dos valores divergentes em toda
a faixa de frequência para o LCC eletrolisado em
relação ao LCC CRU.
CONCLUSÕES: Os estudos indicaram que é possível diferenciar o LCC CRU do LCC Eletrolisado,
tanto em métodos complexos como eletroscopia de impedância como até mesmo com um
capacimetro de mão. Sendo assim notamos que há realmente modificação do material
através da eletrolise. Estudos posteriores serão desenvolvidos para conseguir a
modelagem matemática do LCC CRU e Eletrolisado, avaliar a qualidade do que está
sendo gerado e propor um processo de controle para a produção em escala
industrial.
AGRADECIMENTOS: BIOTEC/UFPI; Anidro Extrações do Brasil S/A, empresa do grupo Centroflora;
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí,IFPI.
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