ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: Título: DETERMINAÇÃO DE NAPROXENO EM FÁRMACOS UTILIZANDO SISTEMA DE ANÁLISE POR INJEÇÃO EM BATELADA (BIA) COM DETECÇÃO AMPEROMÉTRICA PULSADA
AUTORES: Lima, A.P. (UFU) ; Stefano, J.S. (UFU) ; Montes, R.H.O. (UFU) ; Munoz, R.A.A. (UFU)
RESUMO: O presente trabalho envolve a determinação de naproxeno em fármacos através do
sistema BIA (batch injection analysis) ou análise por injeção em batelada com
detecção amperométrica pulsada. Para isso, utilizou-se um eletrodo de carbono
vítreo como eletrodo de trabalho e solução de tampão fosfato (pH = 6) 0,05 mol/L
como eletrólito suporte. O método amperométrico envolve a aplicação de
duas sequências de potenciais pulsados, o primeiro pulso em potencial de 1,5 V
por 200 ms para detectar a oxidação eletroquímica do naproxeno e o segundo pulso
em potencial de 1,0 V por 100 ms para a limpeza do eletrodo. Tal método
apresenta alta frequência analítica (90/h), precisão satisfatória quando
comparada com o método espectrofluorimétrico e baixo limite de detecção (0.3
µmol/L).
PALAVRAS CHAVES: naproxeno ; BIA; amperometria pulsada
INTRODUÇÃO: Naproxeno [ácido (+)6-metoxi-α-metil-2-naftalenoacético] é um anti-inflamatório
não-esteroidal indicado para o tratamento de artrite reumatoide, osteoartrite e
artrite juvenil, bem como espondilite aquilosante (SUN et al., 2009). Este
medicamento é muito útil para alívio de dor leve a moderada. Sua administração
excessiva apresenta manifestações tóxicas geralmente características de drogas
anti-inflamatórias, tais como erosão gastrointestinal, sangramento e alterações
patológicas no córtex renal, túbulos e papilas (DAMIANI et al., 2002). Vários
métodos analíticos foram relatados na literatura científica para a determinação
de naproxeno em fármacos, incluindo: espectrofotometria UV, cromatografia
líquida de alto desempenho (HPLC), espectrofluorimetria e quimiluminescência,
no entanto, estes métodos requerem reagentes e aparelhos caros, são demorados,
trabalhosos e necessitam frequentemente de pré e pós-coluna (SUYANARAYANAN et
al., 2005). Nesta perspectiva, destacam-se algumas técnicas eletroanalíticas
devido à alta seletividade, sensibilidade e baixo custo. O sistema de análise
por injeção em batelada (BIA) quando associado à detecção amperométrica oferece
vantagens adicionais como rapidez, precisão e portabilidade.
O sistema BIA com detecção amperométrica requer a utilização de uma
micropipeta eletrônica que injeta a amostra diretamente na superfície do
eletrodo de trabalho que se encontra posicionado numa configuração “wall-jet”. O
eletrodo de trabalho, bem como os eletrodos de referência e contra eletrodo
encontram-se imersos em solução de tampão fosfato. O presente trabalho visa
determinar naproxeno em fármacos utilizando eletrodo de carbono vítreo acoplado
ao sistema BIA por amperometria pulsada.
MATERIAL E MÉTODOS: A determinação do naproxeno foi realizada utilizando o sistema BIA com três
eletrodos: um de carbono vítreo (Ø = 1.5 mm, CH instrument, Austin, TX, USA)
como eletrodo de trabalho, um fio de platina como contra eletrodo, e um eletrodo
miniaturizado de Ag/AgCl/saturado por KCl como eletrodo de referência. A limpeza
do eletrodo de carbono vítreo foi realizada sobre uma superfície de feltro de
polimento, utilizando uma suspensão de pó de alumina (0,3 µm).
A célula BIA consiste em um cilindro de vidro de 180 mL (diâmetro interno = 7cm)
e duas capas de polietileno que foram firmemente dispostas no topo e no fundo do
cilindro. A tampa superior de polietileno contém 3 orifícios para encaixe do
eletrodo de referência, contra eletrodo e para a ponta da micropipeta (diâmetro
externo = 6,6 mm), esta foi ajustada a uma distância de aproximadamente 2 mm do
centro do eletrodo de trabalho, este encontra-se encaixado em um furo na tampa
de polietileno inferior. A técnica de amperometria de múltiplos pulsos foi
selecionada para realizar as medições amperométricas. Uma solução 0,05 mol/L de
tampão fosfato (pH = 6) foi utilizada como eletrólito suporte. As amostras foram
preparadas a partir de dois fármacos: naproxeno 500 mg; naproxeno sódico 550 mg.
Para isto, foram macerados 5 comprimidos de cada fármaco e dissolvidos em água.
Os experimentos eletroquímicos foram realizados empregando um potenciostato µ-
Autolab III (Eco Chemie) e o software GPES 4.9.007 para a aquisição dos dados.
As determinações espectrofluorimétricas de naproxeno foram realizadas utilizando
um aparelho de Hitachi F4500, sendo as soluções padrão e amostras preparadas tal
como na análise eletroquímica. Os comprimentos de onda de excitação e emissão de
fluorescência foram mantidos em 271 e 353 nm, respectivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Adotou-se um volume de injeção de 200 µL e velocidade de dispensa da amostra de
160 µL/s, pois valores maiores não causam um aumento significativo na corrente
dos picos. A escolha dos potenciais se deram em 1,5 V (200 ms), potencial de
oxidação do naproxeno, e 1,0 V (100 ms), potencial de limpeza do eletrodo de
trabalho, este foi necessário, pois verificou-se queda de sinal analítico para
injeções sucessivas quando trabalhou-se com amperometria convencional (1 único
potencial), provavelmente devido ao envenamento do eletrodo de trabalho. A
frequência analítica estimada é superior a 90 injeções/h como é observado na
Figura 1.
A Figura 1 apresenta as respostas amperométricas das soluções em diferentes
concentrações de naproxeno e suas respectivas curvas de calibração crescente e
decrescente. A curva segue um comportamento linear com bom coeficiente de
correlação (R> 0,99). Observaram-se valores de inclinação semelhantes para ambas
as curvas (0,357 e 0,336 µA L/µmol).
A Figura 2 apresenta as respostas amperométricas para uma nova curva de
calibração (a-f) e para a injeção de duas amostras (A e B) preparadas e
injetadas em triplicata.
Para comparação, as amostras de naproxeno foram analisadas por
espectrofluorimetria, os resultados obtidos neste método estão de acordo com os
obtidos pelo método BIA: fármaco A (500 mg): BIA = 484±33, espectrofluorimetria
= 507±16; fármaco B (550 mg), BIA 557±3, espectrofluorimetria = 570±13. Segundo
o teste t de Student, observou-se que não existem diferenças significativas
entre os resultados de ambos os métodos, assim, o método proposto apresenta
exatidão adequada para a determinação rápida de naproxeno em formulações
farmacêuticas. Os limites de detecção e quantificação foram estimados em 0,30 e
1,00 µmol/L respectivamente.
CONCLUSÕES: O método proposto para a determinação de naproxeno em fármacos utilizando sistema
BIA com detecção amperométrica pulsada é altamente preciso em comparação com o
método de fluorescência. Apresenta boa repetitividade (desvio padrão = 3%, n =
10), sensibilidade (limite de detecção = 0,30 µmol/L) e rapidez (frequência de 90
injeções/h). Deste modo, este método pode ser aplicado para análises de rotina com
uma frequência analítica elevada.
AGRADECIMENTOS: FAPEMIG, CNPQ e IQ-UFU.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: SUN, Y.; ZHANG, Z.; SHI, Z. 2009; Determination of naproxen in human urine by high-performance liquid chromatography with direct electrogenerated chemiluminescence detection, Talanta, 79:676-680.
DAMIANI, P.; BEARZOTTI, M.; CABEZON, M. A. 2002. Spectrofluorometric determination of naproxen in tablets. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, 29: 229-238.
SUYANARAYANAN, V.; ZHANG, Y.; YOSHIHARA, S.; SHIRAKASHI, T. 2005. Voltammetric Assay of Naproxen in Pharmaceutical Formulations Using Boron-Doped Diamond Electrode. Electroanalysis, 17: 925-932.