ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÓLEO PRESENTE NO MURICI (BYRSONIMA CRASSIFOLIA (L.), VISANDO À PRODUÇÃO DE BIODIESEL
AUTORES: Vendruscolo, T.P.S. (IFMT - CÁCERES) ; Santos, M.C. (IFMT - CÁCERES) ; Pinto, R.A. (UNESP - ARARAQUARA) ; Pinto, J.M. (IFMT - CÁCERES) ; Nascimento, J.C. (IFMT - CÁCERES)
RESUMO: Devido ao esgotamento das reservas de petróleo em curto prazo, o Brasil, face às
suas potencialidades, tem procurado, através de políticas públicas, incentivarem o
estudo de formas alternativas de energia. Em muitas regiões do Brasil, diversas
plantas oleaginosas podem ser potencialmente exploradas para esta finalidade, cujo
potencial tem sido pouco estudado. O objetivo deste trabalho foi fazer o estudo da
espécie oleaginosa murici (Byrsonimacrassifólia (L.) Kunth, visando à produção de
biodiesel. Verificou-se que esta espécie apresenta boas quantidades de lipídios
como fonte de óleo. Os resultados demonstraram que as amostras submetidas ao
processo de secagem antes da extração do óleo, apresentaram grande vantagem quanto
ao teor de óleo extraído.
PALAVRAS CHAVES: lipídios; quantificação; potencial energético.
INTRODUÇÃO: O interesse industrial pelas frutas nativas do cerrado foi identificado
após os anos 40. A mangaba, por exemplo, foi intensivamente explorada durante a
Segunda Guerra Mundial, para exploração do látex. Já as palmeiras como o babaçu
e a macaúba foram bastante estudadas na década de 70, em decorrência da crise do
petróleo, isso devido ao seu grande potencial energético. Atualmente com a
grande preocupação ambiental, novas propostas têm surgido com o intuito de
substituir os combustíveis fósseis por fontes alternativas para assim diminuir
os impactos ambientais. Nesse contexto, o interesse por frutas que possuem
caráter energético vêm atingindo diversos segmentos da sociedade, como os
agricultores, comerciantes, instituições de pesquisa, universidades, entre
outros. Sendo assim, se torna de vital importância realizar pesquisas voltadas
nessa área para estudar o potencial energético das frutas do Cerrado.
O murici é uma das plantas mais importantes do Cerrado brasileiro e, apesar da
carência de estudos envolvendo essa fruta, algumas pesquisas já demonstraram que
esta possui alto teor de óleo que pode ser equivalente aos óleos de semente de
linho e de milho e superior aos óleos de girassol (CASTRO, LEITE, 2007). O fruto
do murici é pequeno com cerca de 2 cm e quando maduro possui a casca e a polpa
de um amarelo intenso, tendo sabor e cheiro característico, é muito rico em
vitamina ‘‘C’’. Fruto carnoso de sabor forte, o murici é agridoce e oleoso, seu
cultivo e colheita ainda são bastante rudimentar, feita com a mão de obra
familiar.
Este trabalho teve por objetivo estudar o potencial energético do óleo presente
na casca, polpa e semente do murici da região de Cáceres-MT, visando à produção
de biodiesel.
MATERIAL E MÉTODOS: Os frutos foram coletados no mês de janeiro de 2010 no município de Cáceres - MT
em estágio maduro no qual estão adequados para o consumo in natura e colocados
em freezer para posterior análise.
Após a coleta os frutos do murici foram lavados e separados manualmente a polpa
da semente. Em seguida a polpa foi passada por uma peneira para fazer a retirada
da casca.
Para realizar a análise do teor lipídico da castanha do murici, foi necessário
quebrar a crosta que a protege, a fim de fazer a retirada da mesma. Esse
procedimento foi realizado manualmente com o auxílio de um martelo, até a
obtenção de 20 g da castanha do murici.
A realização da extração dos óleos presentes na casca, polpa e castanha do
murici foi realizado no Laboratório de Bromatologia do IFMT – campus Cáceres,
para isso utilizou-se o método de extração com solvente a quente, baseado em
três etapas: extração do óleo da amostra com solvente, eliminação do solvente
por evaporação e quantificação dos lipídios por pesagem. Para isto, foi
utilizado o aparelho do tipo Soxhlet tendo como solvente o éter de petróleo. Os
procedimentos foram realizados da seguinte forma: em primeiro momento fez-se a
preparação de 2 g das amostras casca e polpa do murici em seu estado úmido e
seco (para se obter as amostras em estado seco foi necessário colocá-las em
estufa durante 24hs). Em seguida os procedimentos foram repetidos utilizando 10
g de amostra da castanha do murici seca e úmida. Posteriormente todas as
amostras foram colocadas em extrator Soxhlet utilizando 200 ml do solvente éter
de petróleo durante 2:30 hs e colocadas em estufa durante 1:00 h e em dessecador
de 15 a 20 minutos, sendo pesadas posteriormente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na tabela1. São encontrados os resultados do teor de lipídios presentes nas
amostras casca seca (CS), polpa seca (PS), casca úmida (CU), polpa úmida (PU),
castanha seca (AS) e castanha úmida (AU).
Observa-se que os maiores teores de óleos foram obtidos nas amostras em seu
estado seco, isso em decorrência da ausência de água presentes nessas amostras,
o qual aumenta o poder de extração de solventes apolares. Além disso, a secagem
promove o rompimento da estrutura celular do tecido liberando com maior
facilidade os compostos intracelulares (LEWICKI, PAWLAK, 2003).
Para garantir que todos os lipídios foram removidos é recomendável que se
utilize de uma amostra que já tenha sido utilizada na determinação de umidade,
pois com a amostra seca há uma melhor penetração do solvente (EARSON, 1977).
Portanto pode-se inferir que a secagem constitui uma etapa muito importante no
processo de extração de lipídios, podendo ser objeto de estudo a ser empregada
na otimização da técnica de extração de óleo de diferentes oleaginosas para
produção de biodiesel, já que a água é um importante parâmetro de qualidade,
pois pode causar efeitos adversos sobre a qualidade do óleo.
De acordo com os resultados da Tabela 1. Pode-se inferir que a polpa e castanha
seca do murici apresentaram os maiores valores de lipídios, valores estes
superiores aos encontrados no óleo de soja (20%), matéria-prima atual mais
utilizada para produção de biodiesel.
Tabela 1
Tabela 1. Teor de óleo presente na casca, polpa e
semente do murici em seus estados secos e úmidos.
CONCLUSÕES: Com base nos resultados obtidos e considerando-se as condições experimentais
empregadas, concluem-se:
Após as extrações de óleos de diferentes partes do murici, sendo estes em seu
estado úmido e seco, observou-se que o teor de óleo da polpa, casca e castanha se
deu em maior quantidade quando os mesmos foram submetidos ao processo de secagem
antes da extração, sendo que os valores encontrados foram maiores que o dobro
comparando-se com as amostras úmidas. Além disso, foi possível observar que a
castanha do murici foi a mais rica em lipídios, se comparadas com as outras partes
do fruto murici.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia,
campus Cáceres.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CASTRO, R. A. O., LEITE, J. J. G.. Propriedade antioxidante e caracterização dos ácidos graxos do extrato hexânico do murici (Bryrsonima crassifolia L. Rich). Fortaleza, UECE, 2007.
LEWICKI, P. P.; PAWLAK, G. Effect of drying on microstructure of plant tissue. Drying Technology, v. 21, n. 4, p. 657-683, 2003.
EARSON, David; The Chemical Analisys of Foods, 1977.