ÁREA: Materiais

TÍTULO: ASSOCIAÇÃO DE GLUCANA, QUITOSANA E ALOE VERA COM POTENCIAL APLICAÇÃO NO TRATAMENTO DE QUEIMADOS.

AUTORES: Leorne Silva, D. (UECE) ; Fádia Valentim de Amorim, A. (UECE) ; de Oliveira Abreu da Silva, A. (UECE) ; Gislaine Mota de Castro, C. (UECE)

RESUMO: Polissacarídeos são estudados pelo alto poder de aplicação, especialmente em alimentos, fármacos e cosméticos. A quitosana é um, e exibe ações antimicrobiana e hemostática. Glucana é um polissacarídeo comum em fungos sendo imunomodulador, antivirótico, antioxidante e antitumoral. A maior barreira para sua utilização é a baixa solubilidade aquosa. Aloe vera é uma planta muito utilizada pela ação penetrante na pele. O gel extraído possui ação cicatrizante, antibacteriana, antifúngica e antivirótica. Fez-se uma associação de glucana, quitosana e Aloe vera com potencial aplicação no cuidado de queimaduras. Utilizou-se surfactantes para estabilizar a emulsão, e exibiu pH 4,5 compatível com a pele, foi feito o teste de toxidade frente Artemia salina não expondo toxidade, favorecendo uso cutâneo.

PALAVRAS CHAVES: Quitosana; Glucana; Aloe Vera

INTRODUÇÃO: Os avanços no tratamento de queimados tem enfoque na reconstituição da epiderme para obter uma melhor qualidade estética e funcional das cicatrizações, portanto estudos têm sido realizados para reduzir os fatores que dificultam a cicatrização. A quitosana em solução ácida é um polímero hidrofílico que possui atividade antimicrobiana e hemostática, capacidade de formar filmes, membranas, géis e hidrogéis. É biodegradável e biocompatível e aumenta a velocidade de cicatrização em camundongos (GARCIA et al., 2008). A glucana possui atividade antitumoral, estimulante do sistema imunológico atuando como antiviral e antioxidante. Devido a sua ação imunomoduladora, possui efeito benéfico contra infecções, tumores e outras doenças. Como obstáculo tem sua baixa solubilidade em água limitando a eficiência farmacológica (FERRACINI-SANTOS E SATO 2009; JUNIOR et al., 2002; AKRAMIENE et al., 2007). A Aloe vera vem sido muito utilizada pela sua capacidade de penetração nos tecidos. Popularmente conhecida como babosa, possui um gel de aparência incolor que possui alguns tipos de glicoproteínas e polissacarídeos, dando ao mesmo grande capacidade de regenerar tecidos lesados, ação cicatrizante, antibacteriana, antifúngica e antivirótica. Sendo popularmente utilizada para curar queimaduras, cicatrizar feridas e como hidratante. (MCKOWN, 1987; KUZUYA et al., 2001; STEINERT et al., 1996; GRINDLAY, 1986; MADIS LABORATORIES, 1983; REYNOLDS & DWECK, 1999). Neste trabalho, desenvolveu-se uma emulsão a base de quitosana, glucana e Aloe vera com promissoras propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias para o tratamento de queimaduras.

MATERIAL E MÉTODOS: Preparou-se 100mL de solução de quitosana 2% e ác. glicólico 2%. A solução permaneceu agitando por 5 horas. Diluiu-se 0,0500g de BHT em 3mL de 2-propanol. Após, essa solução foi adicionada à primeira sob agitação. Por fim, colocou-se cinco gotas de surfactante ao mesmo sistema, que foi agitado por 24 horas. Após esse período, preparou-se a solução de glucana de tal modo: 2,5g de glucana adicionados a 20mL de água, o sistema foi brevemente agitado. Após, agitando, adicionou-se 10mL de um segundo surfactante, e então agitou-se até a homogeneidade e acrescentada à solução de quitosana e ác. glicólico. Finalmente 3,0mL de Aloe vera foram acrescidos à solução de quitosana, ác. glicólico, BHT, 2-propanol, surfactante 1, glucana, água e surfactante 2 enquanto esta era agitada. Em seguida, foi adicionado 0,3mL de Hidantoína à solução de quitosana. A solução final, com quitosana, ácido glicólico, BHT, 2-propanol, surfactante 1, glucana, água, surfactante 2, Aloe Vera e Hidantoína foi agitada por 12 horas. O sistema ficou em repouso por 30 dias, à temperatura ambiente. Os ovos de Artemia salina foram eclodidos em um mini aquário sob luz fluorescente, contendo solução salina, adaptado para que os microcrustáceos fiquem isolados em um dos lados do aquário garantindo a homogeneidade das condições físicas dos organismos. O lado contendo os cistos de Artemia salina foi coberto com um vidro opaco para que os organismos, ao nascerem fossem atraídos pela luz do outro lado do sistema, forçando-os a atravessar à divisória. A incubação foi feita por um período de 48 horas. Foram feitos testes nas concentrações de 10.000, 1.000, 100 e 10ppm em triplicata. Após 24 horas, realizou-se a contagem do número de organismos vivos, e calculou-se o LC50 (MEYER et al., 1982; em NASCIMENTO et al., 1999)

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A emulsão de quitosana, glucana e Aloe vera resultante apresentou estabilidade quando deixada em repouso por um período de 30 dias. O pH resultante foi de 4,5, portanto este está de acordo com o pH da pele. Essa pequena acidez na pele, proporciona uma proteção para que não ocorra o desenvolvimento de bactérias e fungos na superfície. Soluções que possuem um baixo pH não permitem o crescimento de cepas gram-positivas e gram-negativas e promove uma barreira viscosa que impede a invasão de micro-organismos bem como a perda de fluídos através das lesões contribuindo assim para que a zona lesada permaneça hidratada. Não foi observada nenhuma atividade da amostra frente aos microcrustáceos de Artemia Salina, mesmo em altas concentrações, tendo em vista que todos os animais permaneceram vivos até o término dos procedimentos experimentais. A baixa toxicidade pode ser uma característica interessante para a utilização da amostra utilizada para fins cosmecêuticos e farmacológicos.

CONCLUSÕES: O êxito obtido na preparação da emulsão por meio da associação quitosana, glucana e Aloe vera, indica que essas emulsões de recobrimento podem ser de grande importância no tratamento de queimados, confirmando o grande potencial dos polissacarídeos. A aplicação pode ser feita de modo indolor e de modo a diminuir o contato com a lesão, diminuindo o contato entre paciente e enfermeiro, aplicando-a sob a forma de spray, pois a viscosidade obtida permite a aplicação sob esta forma. No teste de Artemia salina, todos os organismos sobreviveram, podendo-se afirmar que a emulsão não possui toxicidade.

AGRADECIMENTOS: Funcap, CNPq, PADETEC e HEBRON

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FERRACINI-SANTOS, L.; SATO, H. H. Isolamento de polímeros da parede celular de Saccharomyces cerevisiae e avaliação da atividade antioxidante da manana-proteína isolada. Química Nova. v. 32, n. 2, 2009. 322-326p.
GARCIA, R. B.; DA SILVA, L. P.; COSTA, M.; RAFFIN, F. N.; RUIZ, N. M. S. Avaliação de géis obtidos a partir da acetilação da quitosana em meio heterogêneo. Química Nova. v. 31, n. 3, 2008. 486-492p.
GRINDLAY, D.; REYNOLDS, T. The Aloe vera Phenomenon: A review of properties and modern uses of the leaf parenchyma gel. Journal of Ethnopharmacology. Lausanne. v. 16, 1986. 117-151p.
KUZUYA, H.; TAMAI, I.; BEPPU, H.; SHIMPO, K. & CHIHARA, T. Determination of aloenin, barbaloin and isobarbaloin in Aloe species by micellar electrokinetic chromatography. Journal of Chromatography. v. 752, 2001. 91-97p.
MCKEOWN, E. Aloe vera. Cosmetics & Toiletries. v. 102, 1987. 64-65p.
MEYER, B.N.; FERRINI, N.R.; PUTNAM, J.E.; JACOBSEN, L.B.; NICHOLS, D.E.; MCLAUGHLIN, J.L. Brine Shrimp: A Covenient General Bioassay for Active Plant Constituents. Journal of Medicinal Plant Research. v. 45, 1982. 31-34p.

NASCIMENTO, I.A.; ARAÚJO, M.M.S. Testes Ecotoxicológicos Marinhos: Análise de Sensibilidade. Ecotoxicology and Eviromental Restoration. 2(1): 1999. 41-47p.
REYNOLDS, T.; DWECK, A. C. Aloe vera leaf gel: a review update. Journal of Ethnopharmacology. Lausanne. v. 68, 1999. 3-37p.
STEINERT, J.; KHALAJ, S. & RIMPLER, M. High-performance liquid chromatographic separation of some naturally occurring naphthoquinones and anthraquinones. Journal of Chromatograhy A. v. 723, 1996. 206-209p.