ÁREA: Materiais
TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DE CORANTE EXTRAÍDO A PARTIR DA TORTA DO BABAÇU (Orbignya speciosa).
AUTORES: Santos, A.M... (UFPI) ; Almeida., F.S. (UFPI) ; Passos, I.N.G. (UFPI) ; Hidalgo, A.A. (UFPI) ; Figueiredo, F. (UFPI) ; Santos, J.A.V. (UFPI) ; Júnior, J.R.S. (UFPI)
RESUMO: Esta proposta tem o foco no corante presente na torta do babaçu que é obtida após
a extração do óleo da amêndoa. Assim, visa-se valor econômico ao resíduo através
da extração do corante presente na mesma. Foram realizadas medidas de
espectroscopia de UV-Vis onde se obteve espectros com absorbância apenas na região
do ultravioleta na região de 275 nm. Além disso, espectros de fluorescência foram
obtidos ilustrando absorbâncias na região do vermelho por volta de 600 nm. Os
espectros de FTIR apresentaram bandas de absorção diferentes da amostra após
tratada para extração do corante daquela da torta não tratada. Além disso, foram
obtidas medidas de DSC verificando perda de massa com picos endotérmicos e
exotérmicos nas amostras.
PALAVRAS CHAVES: corante; torta; babaçu
INTRODUÇÃO: Os corantes naturais foram amplamente utilizados de forma artesanal até antes do
surgimento dos corantes sintéticos. O estudo e uso dos corantes naturais
voltaram a ter importância nestes últimos anos devido aos questionamentos dos
organismos internacionais da saúde e dos consumidores pelo uso indiscriminado
dos corantes sintéticos, ligados ao desenvolvimento de doenças degenerativas e
ao impacto ambiental (GAMARRA, et al., 2009).
A planta do babaçu, como é popularmente chamada, tem como nome científico
Orbignya speciosa (TEXEIRA, 2008). A amêndoa encontrada no coco babaçu é muito
utilizada atualmente para extração de óleo, o qual tem como fins principais seu
uso na alimentação e também a produção de biodiesel (MACHADO, et al., 2006).
Após a extração de óleo, obtém-se um resíduo chamado de torta, o qual é
descartado ou, em alguns casos, usado como ração ou adubo.
O objetivo desse trabalho é agregar valor biotecnológico ao resíduo (torta),
tendo em vista a presença de pigmentos que poderão ser usados como corantes.
MATERIAL E MÉTODOS: A torta de babaçu foi obtida de uma usina da região e dela extraiu-se o óleo
através do Sistema Soxhlet, Logo após foi utilizado outro processo de tratamento
da torta, o sistema de refluxo por 48 horas para a retirada completa do óleo e
tratamento da amostra da torta. Em seguida a torta foi tratada com água ultrapura
sob agitação constante por 3 horas e posteriormente em ultrassom por 1 hora. A
amostra foi filtrada e seca. Foram feitas caracterizações por espectroscopia UV-
Vis, espectroscopia infravermelho, fluorescência e DSC.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os espectros de UV-Vis da amostra obtida usando água como solvente apresentaram
uma banda de absorção na região do ultravioleta em aproximadamente 275 nm. Os
espectros de fluorescência foram obtidos a partir da solução do corante extraído
com água e apresentou fortes bandas de absorção nas regiões de 350 nm e entre
600 e 700 nm quando se excitou a amostra em 275 nm, fator que indica uma
fosforescência na região do vermelho. Espectros de infravermelho foram obtidos
das amostras de torta não tratada com solvente de extração, bem como da amostra
tratada para extração do corante. Tais espectros ilustram a presença de
estiramentos OH presente na estrutura entre 3200 e 3500 cm-1, além de
estiramentos C-H entre 2950 e 2800 cm-1. Pode-se observar uma diferença no
espectro de FTIR do corante, tendo em vista que nota-se um deslocamento do
estiramento C=C, que ocorre em aproximadamente 1650 cm 1 para menores
frequências intensificando o sinal. Isso pode estar relacionado a uma
purificação da amostra quando esta é tratada com o solvente para extração do
corante. Com relação às curvas de DSC da torta tratada bem como da não tratada
observa-se degradação através de um pico exotérmico por volta de 65 ºC
relacionada à perda de água na amostra. Ainda observam-se na torta do babaçu
picos exotérmicos em 200, 295 e 360 º C e na torta tratada os picos exotérmicos
aparecem em 210 e 355 ºC (SANTOS et al. 2011). Além disso, aparecem os picos de
perdas de massa endotérmicos.
CONCLUSÕES: O corante extraído da torta do babaçu tratado com água ultrapura mostra-se
promissor tendo em vista que as propriedades espectroscópicas mostram-se
favoráveis a seu potencial uso em detectores tendo em vista a forte absorção no UV
e possível fosforescência no vermelho (~ 650nm). Além disso, como esta torta é um
material de descarte aplicações simples como tingimento de tecidos, papeis e
outros materiais serão mostram-se promissores para este novo produto.
AGRADECIMENTOS: CNPq, Capes, LBM, FAPEPI, Laboratório de bioeletroquímica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GAMARRA, F. M. LEME, G.C. TEMBOURGI, E.B.; BITTENCOURT, E. Extração de corantes de milho (Zea mays L.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 29, 1, 62-69, Campinas, 2009.
SANTOS, M. L., LIMA, O. J., NASSAR, E. J., CIUFFI, K. J., CALEFI, P. S. Estudo das condições de estocagem do bagaço de cana-de-açúcar por análise térmica. Quim. Nova, v. 34, 3, 507-511, 2011.
MACHADO, G. C., CHAVES, J. B. P., ANTONIASSE, R.. Composição em ácidos graxos e caracterização física e química de óleos hidrogenados de coco babaçu. Revista Ceres 53, 308, p. 463-470, 2006;
TEIXEIRA, M. A. Babassu - A new approach for an ancient Brazilian biomass. Biom. and bioen. V. 32, p. 857 – 864, 2008.